Cala Mijas, festival “gémeo” espanhol do MEO Kalorama, foi cancelado

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Apesar de a promotora ser a mesma, não é de crer que o cartaz venha a sofrer alterações.

Foi em novembro de 2021 que conhecemos pela primeira vez o MEO Kalorama. O festival, então promovido pela House of Fun (somente ajudou a produzir a primeira edição) e pela Last Tour, passava a acontecer no Parque da Bela Vista, até então a casa do Rock in Rio Lisboa. Já tivemos a edição de 2022, a de 2023… e aguardamos pela de 2024.

Ora, quando este festival surgiu, os mais atentos perceberam desde logo que este evento surgia ao mesmo tempo que uma versão espanhola, com o nome Cala Mijas. O ponto comum? A promotora Last Tour, empresa ibérica responsável por trazer para estes lados nomes como Taylor Swift, Cigarettes After Sex, Marc Anthony, Nick Cave and The Bad Seeds, entre outros.

De facto, o que acontece é que muitos festivais portugueses somente existem porque partilham nomes com outros grandes festivais internacionais ou espanhóis. Afinal de contas, muitas vezes contratam-se concertos “em pacotes”, isto é, para muitos artistas ou bandas virem a Portugal, passam sempre por Espanha. Há, portanto, um diálogo ibérico… que sofreu agora um resvés.

É que o festival espanhol Cala Mijas, considerado o “irmão gémeo” do MEO Kalorama, foi cancelado este ano. Ou seja, não é em 2024 que a terceira edição irá acontecer.

“A LAST TOUR decidiu hoje rescindir e anular o contrato de patrocínio que a ligava ao Ayuntamiento de Mijas desde 15 de dezembro de 2021 relativamente ao festival “Cala Mijas”, tendo igualmente decidido não promover a celebração do festival “Cala Mijas” na sua edição de 2024. Esta decisão deve-se aos repetidos e graves incumprimentos da Câmara Municipal para com a LAST TOUR, sendo o mais relevante o não pagamento das importantes quantias devidas a título de patrocínio relativamente à edição de 2023 do festival, incumprimento que persistiu apesar dos contínuos pedidos de pagamento efetuados. A isto acrescem outros incumprimentos não menos graves, como a falta de acondicionamento e de disponibilização de instalações no recinto. É óbvio que o desrespeito injustificado pela Câmara Municipal dos seus compromissos contratuais impede a continuação da colaboração acordada, porque, entre outras coisas, priva a LAST TOUR de uma receita essencial para a promoção do festival na sua edição deste e dos anos seguintes e, o que é ainda mais lamentável, demonstra o desinteresse do órgão municipal na boa organização do festival. Perante esta situação, a LAST TOUR viu-se obrigada a tomar a decisão de rescindir o patrocínio e de cessar a organização do festival”, lê-se num comunicado partilhado nas redes sociais.

“A LAST TOUR repudia a ação da Câmara Municipal e lamenta, acima de tudo, ser obrigada a cessar a organização e realização das próximas edições do festival “Cala Mijas”, tendo em conta o sucesso das edições anteriores do festival em 2022 e 2023″, lê-se ainda no mesmo comunicado, o que indica que o Cala Mijas pode mesmo ter chegado ao fim em definitivo.

Já do lado do Município de Mijas, diz o jornal espanhol El Diario que não só os responsáveis queriam conhecer o cartaz da edição de 2024 no final da edição de 2023, como o município rejeitou a isenção das taxas de ocupação do recinto, alegando que este a população deixou de poder usufruir o mesmo.

Ora, estas justificações são ridículas, no mínimo. Primeiro que tudo, é impossível apresentar um cartaz da edição do ano seguinte quando a presente edição está a chegar ao fim. Isto porque há muitos contratos ainda por assinar e poucos nomes fechados, logo nunca seria viável atender a esta “necessidade” do Município de Mijas.

Em segundo lugar, não se consegue perceber como é que a população deixa de poder usufruir do recinto quando o festival em si somente acontece ao longo de três dias num ano – não estamos a contar com trabalhos de montagem e desmontagem de estruturas, claro.

MEO Kalorama em risco? Não.

Em junho do ano passado, a Câmara de Lisboa aprovou um apoio não financeiro de 843.302€ para a realização da segunda edição do MEO Kalorama, dos quais 416.342€ em isenção de taxas municipais. “Face à relevância do festival para a promoção cultural e divulgação do nome e da imagem da cidade de Lisboa e de Portugal, que em 2022 teve um impacto nos meios de comunicação no valor de 12,2 milhões de euros e com um alcance atingido nos media de 1.080 milhões de euros, é do interesse da Câmara Municipal de Lisboa garantir a realização da segunda edição do evento nos dias 31 de agosto, 01 e 02 setembro de 2023, no Parque da Bela Vista”, lia-se num documento onde surgia a proposta n.º 334/2023. Portanto, tudo parece normal na relação entre MEO Kalorama e Câmara de Lisboa, ainda que, este ano, ainda não tinha sido apresentada a proposta de protocolo a celebrar entre as duas entidades para a realização da 3ª edição do evento. Em todo o caso, estima-se que não venham a surgir problemas de maior.

Mas quanto ao cancelamento do Cala Mijas, nada indica alterações no cartaz do MEO Kalorama. No entanto, não se sabe ao certo o que acontecerá em próximas edições, até porque a Last Tour pode mesmo necessitar de um festival espanhol para justificar a vinda de vários nomes a Portugal. E aí, a única hipótese passa por criar um novo festival no país irmão.

De resto, também não sabemos se o MEO Kalorama irá manter-se no Parque da Bela Vista. Recorde-se que, no último dia do MEO Kalorama 2022, o vereador da Câmara de Lisboa, Ângelo Pereira, adiantou à SIC que o local da edição de 2024 ainda iria ser definido. “Poderá ser no Parque da Bela Vista ou noutro espaço da cidade, como por exemplo o Parque Tejo”, revelou na altura, sendo que o festival acabou por manter-se no Parque da Bela Vista.

A verdade é que Lisboa ganhou um novo parque para a realização de grandes eventos, pelo que é difícil acreditar que esse recinto somente venha a ser usado pelo Rock in Rio Lisboa. Quem sabe a The Last Tour não olha para esta primeira edição do RiR Lisboa no Parque Tejo como um evento teste para decidir o que fazer em 2025…

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