Vivam a experiência de serem ninjas num jogo competente, mas com alguns problemas de jogabilidade.
O novo jogo da Ametist Studio, que nos trouxe recentemente Unshaded, sofre de um enorme Efeito Mandela. Quando vemos o jogo 2D em movimento, sentimos que já o vimos antes, algures no passado. Se calhar, num primeiro momento nem conseguimos apontar o dedo ao que o torna tão semelhante a outros, mas a impressão fica connosco enquanto jogamos e nos aventuramos pelos níveis expansivos e utilizamos os ataques furtivos para fugir aos inimigos implacáveis. Quando eliminamos o primeiro boss, apercebemo-nos finalmente do que se passa em Within the Blade: é um jogo de marca branca.
E como qualquer produto de marca branca, não há nada que o torne único. Podemos contra-argumentar que alguns produtos de marca branca até são melhores que o catálogo de marcas mais populares, o que é verdade, mas Within the Blade não é um desses exemplos raros. Antes pelo contrário, é o tipo de jogo que quase se destaca no meio de cópias idênticas, mas que tropeça constantemente nas suas próprias homenagens e ambições sempre que tenta ser consistente.
Existe um foco que considero desnecessário na estória, mas talvez apreciem a luta pela sobrevivência do clã Black Lotus. Como um dos seus guerreiros, a nossa missão é a de eliminar o Mamoru Imai, o Daimyo possuído do clã Steel Claw e ajudar a aldeia de ninjas a florescer contra a crescente adversidade. Para tal, o nosso ninja consegue atacar, utilizar armas secundárias – como bombas, minas e até um gancho, que nos permite balançar entre plataformas –, atacar nas sombras e até assassinar os inimigos insuspeitos. Fora dos níveis, que são maioritariamente lineares, mas com vários caminhos superiores e inferiores que afetam a dificuldade do jogo, o nosso ninja pode até construir novos itens e armas sempre que regressa à aldeia. E no final de cada conjunto de níveis, como podem antever, encontramos um boss.
O problema de Within the Blade não são as suas mecânicas, mas sim a forma como são utilizadas e a falta de polimento na jogabilidade. Não há nada que funcione perfeitamente no jogo, há sempre uma rigidez nos controlos: os saltos têm um arco estranho, o ataque não tem impacto e o sistema de visibilidade parece funcionar de acordo com a vontade do jogo. A navegação torna-se cansativa porque os controlos não nos acompanham, mantendo-se inconsistentes e com sistemas que poluem uma experiência que deveria ser simples e direta.
Within the Blade não é um jogo de ação puro e duro, e a presença de elementos furtivos trazem alguma sensação de estratégia ao jogo, mas são também um dos alicerces que transformam a campanha num processo aborrecido e moroso. Em combate, os problemas mantêm-se, com os inimigos a serem muito mais implacáveis e determinados que o nosso ninja. Podemos, no entanto, melhorar as suas habilidades através de uma árvore de habilidades bastante completa e profunda. É possível aumentar os atributos da personagem, como os seus pontos de vida, e desbloquear novos poderes, como a opção de assassinar inimigos, e a maioria faz a diferença em combate – se ao menos a jogabilidade estivesse mais apurada.
Se são fãs de Ninja Gaiden e de outros jogos de ação 2D, Within the Blade talvez seja uma distração eficaz durante umas horas. Os conteúdos estão lá e a campanha não é tão pequena como parece, mas a experiência nunca é satisfatória. Se só têm dinheiro para o produto de marca branca, então apostem no novo jogo da Ametist Studio, mas se tiverem algum dinheiro poupado e quiserem jogar algo que envolva ninjas, então relembro que Ninja Gaiden: Master Collection já se encontra disponível no PC e consolas. A decisão é vossa.
Disponível para: PC, Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e Nintendo Switch
Jogado na PlayStation 4
Cópia para análise cedida pela PR Hound.