Análise – Ninja Gaiden: Master Collection (PlayStation 4)

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Ninja Gaiden: Master Collection é uma coleção imperdível para os fãs que merecia mais fanfarra e conteúdos adicionais.

A estória de Ninja Gaiden é uma tragédia grega. Apesar da sua imensa popularidade, a série da Koei Tecmo, anteriormente a cargo do irreverente Tomonobu Itagaki (na sua iteração mais moderna), parece estar relegada a uma morte silenciosa por parte de um estúdio que parece não saber como lhe dar continuidade. Com as atenções focadas em Nioh, que recebeu recentemente uma atualização para a PS5, as aventuras de Ryu Hayabusa ficaram encalhadas em segundo plano, longe da mente e longe do coração, num fim de relação prematuro provocado pela péssima receção de Ninja Gaiden 3. A tragédia mantém-se, com a série a ficar perdida entre relançamentos inconsistentes, ora com mecânicas a mais, ora sem efeitos visuais ou conteúdos, onde parece não existir uma forma de jogar a trilogia na sua verdadeira essência.

Mas há, no entanto, uma luz ao fundo do túnel, uma nova tentativa em dar à série a segunda oportunidade que tanto merece. Mas uma tragédia grega nunca tem um final totalmente feliz e aqui não é diferente. Que entre o coro.

Ninja Gaiden: Master Collection é uma dádiva, mesmo com os seus defeitos. Neste momento, é a forma acessível de jogarmos a trilogia em alta definição e num único pacote, onde estão incluídos todos os DLC e conteúdos adicionais lançados para as versões Sigma e Razor’s Edge. Temos os lançamentos completos, com três campanhas recheadas – menos Ninja Gaiden 3, ainda que a revisão lhe tenha dado alguma da profundidade que a versão original carecia –, várias dificuldades e ainda modos adicionais para quem quiser enfrentar os vários desafios que a série tem preparada para vocês. Para o preço, de 39,99€, e para o calibre da série, esta é uma aquisição quase obrigatória para quem nunca teve a oportunidade de experienciar dois dos melhores exemplares do género Character Action. Mas como preservação e celebração da série em si, fica aquém do esperado.

Ninja Gaiden: Master Collection

Tenho total consciência que seria muito difícil ter acesso às versões originais de cada jogo, mas era o passo certeiro para a Team Ninja. Apesar de serem conversões competentes, ainda que vítimas de alguns bugs, não são a visão original da equipa. Esta coleção poderia ser a compilação histórica de uma trilogia que se arrisca a ficar esquecida pela indústria. Ninja Gaiden Sigma e Ninja Gaiden Sigma 2 têm, até certo ponto, todos os conteúdos adicionais das versões lançadas nas consolas da Xbox, mas a passagem para a PS3 não foi suave e foi marcada por cortes estilísticos que prejudicaram a experiência geral dos dois jogos. As campanhas mantêm-se imutáveis, sólidas e de uma dificuldade novamente refrescante, assumindo-se como a junção perfeita entre as séries Onimusha e Devil May Cry – mantendo alguma exploração, mas apostando na campanha dividida por níveis –, onde a IA dos inimigos e a existência de várias armas, todas elas com o seu próprio estilo de luta, criam experiências muito compostas e sempre dispostas a desafiarem os jogadores.

Mas falta algo. Parece que estamos perante dois passos em frente, mas outro atrás, no sentido em que a Team Ninja continua a não conseguir conciliar todos os lançamentos num só pacote. Estarei a pedir de mais? Talvez esteja, especialmente para o seu preço, mas adorava ter acesso a Ninja Gaiden Black, tal como saiu na Xbox, e a Ninja Gaiden II, uma versão que nunca consegui jogar – a minha experiência sempre foi com Sigma 2. Aliás, a nível de preservação, até me arrisco a dizer que adorava conseguir jogar Ninja Gaiden 3 tal como se estreou na PS3 e Xbox 360, sem novas mecânicas e melhorias, numa tentativa de tentar comparar ambas versões. Sinto que perdemos algo. O mesmo pode ser dito da versão original de Ninja Gaiden, sem personagens adicionais e sem uma campanha cheia de níveis descartáveis que não melhoram a sua experiência.

Grande parte das minhas horas com Ninja Gaiden: Master Collection foram passadas com as versões antes dos obrigatórios patches de lançamento e vi-me perante alguns bugs desconfortáveis, alguns que me obrigaram a reiniciar os jogos, a ausência de elementos visuais, como a decapitação de membros e manchas de sangue, e impossibilitado de me atirar para as missões cooperativas. No entanto, o desempenho manteve-se bastante sólido nos três jogos e penso que é a primeira vez que encontro uma coleção que instala os seus jogos separadamente. Devo dizer que gostei da opção de instalar o que queria e quando queria, mas esta opção retira algum sentido de união a este lançamento, como se os jogos tivessem sido lançados individualmente. Para além disso, a Team Ninja conseguiu garantir que poucos serão aqueles que irão instalar Ninja Gaiden 3: Razor’s Edge – o que é bom e mau ao mesmo tempo.

Estou a chover sobre molhado com estas críticas porque, no final do dia, aquilo que interessa é que Ninja Gaiden está novamente vivo: nem que seja em suporte de vida. A tragédia foi suavizada, assim grita o coro de fãs que se fazem ouvir pelo mundo. A série está de regresso e isso deixa-me absolutamente feliz. O primeiro jogo continua a ser, na minha opinião, o equilíbrio perfeito entre exploração e combate, mas o segundo jogo, mesmo na sua versão Sigma, é, sem dúvidas, o mais divertido no que toca a ação, apresentando mais armas e o novo sistema de obliteração, que nos permite eliminar automaticamente um inimigo ferido. Já Ninja Gaiden 3 é e será sempre a ovelha negra, ainda que respeite a dedicação da Team Ninja em colocar maquilhagem num burro. Por fim, lembrem-se: esta coleção também estará disponível na Nintendo Switch.

Nota: Bom

Disponível para: PC, Xbox One, PlayStation 4 e Nintendo Switch
Jogado na PlayStation 4
Cópia para análise cedida pela Koei Tecmo.

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