Análise – The Pathless (PlayStation 5)

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Despido de excessos, The Pathless apresenta um dos mundos abertos mais convidativos e misteriosos à exploração.

The Pathless

Consigo encontrar algo de comum em jogos como Mass Effect (o primeiro), The Legend of Zelda: Breath of the Wild, Death Stranding e, mais recentemente, The Pathless: o sentimento de exploração que evoca em mim.

O que é que está para além daquela zona do mapa? Será que consigo chegar ao topo daquela montanha? Que percurso é que posso usar e que desafios posso ir fazendo pelo caminho? Estas foram as questões que fiz enquanto explorava os planaltos desta nova aposta da Giant Squid, cuja equipa já trabalhou em títulos como ABZÛ e nos trouxe Flower e o aclamado Journey.

Naquele que é, entre estes, o título mais ambicioso e expandido da produtora até à data, The Pathless é uma jornada relaxante por um mundo abandonado à natureza e às forças negras, inspirando-se fortemente na forma, na execução e no tom de jogos de Fumito Ueda, como Shadow of the Colossus e The Last Guardian.

Em The Pathless tomamos controlo de Hunter, uma misteriosa personagem cujo destino é levantar a maldição que assombra este vasto, simples e relaxante mundo. Com recurso a um arco e flecha, Hunter pode ganhar velocidade na locomoção com sprints rápidos que, sucessivamente, tornam os controlos fluidos e orgânicos para navegar nestas superfícies, e também para a resolução de puzzles simples e complexos, que requerem observação e leitura do ambiente em redor.

Ao nosso lado teremos uma pequena águia que nos dá auxílio na resolução de puzzles ambientais e, também, para saltar e sobrevoar áreas, atingido zonas impossíveis por acessos mais tradicionais. Estas mecânicas são também usadas, e muito bem traduzidas, nas batalhas de bosses, os únicos confrontos que encontramos ao longo do jogo, onde a precisão e rapidez do uso do arco e flecha e movimentação simples da nossa personagem são o suficiente para encontrar o caminho do sucesso.

Mas por muito fantásticos, diversos e extremamente bem realizados que sejam estes breves momentos ao longo da nossa jornada, é na exploração, na liberdade e nas horas que voam tão alto como a nossa águia, ao longo das sessões de jogo, que The Pathless brilha.

Com apenas acesso a mais uma mecânica de destaque, uma visão estilo sonar que nos deixa estudar quais as áreas que podem ser desbloqueadas, The Pathless despe-se de mecânicas complexas e aborrecidas e vai tão longe ao ponto de nos retirar um tradicional mapa empestado de pontos de interesse. The Pathless larga-nos no mundo, que vai abrindo e expandido à medida que derrotamos as forças negras, e deixa-nos explorar e explorar até que fiquemos satisfeitos o suficiente para avançar. Somos nós que definimos o próximo objetivo e somos nós que decidimos se queremos fazer os puzzles ou encontrar os segredos bem guardados do jogo.

Há incentivos para o fazermos, como a procura de cristais, que aumentam as habilidades da nossa águia, e temos os selos que vamos reunindo para libertar as torres e avançar na narrativa. Contudo, o jogo não obriga a fazer tudo, sendo possível apanhar o mínimo essencial para progredir, e nem sequer nos limita nas batalhas por não termos a águia com o máximo de habilidades. Em suma, não há grind.

The Pathless é um eficaz convite à exploração. Um que pode demorar até encontrar um significado, mas, tal como os jogos enunciados no início deste texto, em particular The Legend of Zelda: Breath of the Wild, são os segredos, os itens e as histórias deixadas pelo jogo em forma de texto de lore que tornam o jogo rico e cheio de momentos memoráveis, com coisas tão simples como a resolução de um puzzle mais complexo.

Visualmente, The Pathless apresenta-se com um registo simplista e com uma palete de cores vibrante e muito bem cuidada. É um jogo com um look animado que não tem receio de se levar a sério, principalmente quando nos apresenta campos de batalha com corpos ou as aterradoras criaturas que deixam o mundo à sua volta a arder. Juntamente com o seu registo relaxante, temos também uma banda sonora minimalista e ambiental de Austin Wintory, de The Banner Saga, Assassin’s Creed Syndicate, ABZÛ e Journey, que também sabe ser sério, pesado e extremamente emocional nos momentos mais memoráveis, com temas tão reconfortantes como de puxar à lágrima, acentuando os sentimentos da Hunter, da águia e das criaturas que encontramos pelo caminho.

The Pathless é um jogo independente com grandes ambições e valores de produção extremamente bem aplicados. É a prova que os jogos de mundo aberto podem ser mais através da simplificação de mecânicas e objetivos e que não é por isso que deixam de ser cativantes e mágicos de explorar. The Pathless é um convite aberto à exploração que nos dá liberdade e que nos questiona até onde queremos ir.

Nota: Muito Bom - Recomendado

Disponível para: PC, PlayStation 4, PlayStation 5
Jogado na PlayStation 5
Cópia para análise cedida pela Heaven Media.

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