Sem piedade ou meias medidas, Project Warlock II é um festim para os fãs de jogos de ação e mal podemos esperar para o ver na sua versão final.
Os primeiros momentos de Project Warlock II são sufocantes. Ao contrário do original, lançado em 2018, este one man show é um afirmação forte: é uma evolução. Para trás, ficaram os níveis curtos e lineares, a progressão baseada em pontos de evolução e numa estrutura mais clássica. Na sequela, o foco está na ação, na destreza em combate, no sufoco delicioso do desafio e da eliminação de hordas, naquele que é um primeiro contacto muito positivo com Project Warlock II.
Ainda é cedo para falarmos sobre a qualidade geral de Project Warlock II, mas a versão Early Access é uma pista para o que se avizinha. Na sua versão final, ainda sem data de lançamento prevista, a campanha irá expandir-se por três capítulos, cada um com seis níveis distintos e um leque de armas e inimigos que ainda só podemos imaginar. Por agora, Project Warlock II apresenta-se com um primeiro capítulo e cinco armas, mas com uma ferocidade em ser único nesta nova série, partilhando apenas alguns elementos com o título anterior, onde as semelhanças resumem-se à estrutura clássica do género – com a progressão limitada por chaves coloridas, que teremos de encontrar à medida que exploramos os níveis -, à utilização de magias – com gelo e fogo a serem os destaques deste primeiro capítulo – e o estilo retro, de cores neutras e modelos em sprite, que dão vida a este mundo entre a fantasia e a ficção científica.
Se Project Warlock retirava inspirações diretas de Wolfenstein 3D, com níveis mais curtos e horizontais, focados em corredores e salas quase claustrofóbicas, a sequela é uma rejeição do seu próprio legado. Em Project Warklock II, saímos dos corredores e abraçamos a liberdade, com os níveis a serem enormes labirintos repletos de segredos e caminhos alternativos que procuram dar uma maior sensação de movimento aos jogadores. As salas são amplas, as vilas, castelos e grutas jorram personalidade, e Project Warlock II procura a novidade e não apenas o classicismo, ainda que se mova na tradicional estrutura que obriga à coleção de chaves para avançarmos. Os níveis são tão grandes que temi estar perante um jogo em mundo aberto, onde as suas zonas fluíssem sem paragens, com cada capítulo a ser uma longa região e não mapas separados.
Por agora, o armamento poderá ser limitado, especialmente para aqueles mais familiarizados com o género, mas todas as opções têm um propósito muito bem definido na jogabilidade. Desde a espada até ao lança-granadas, Project Warlock II disponibiliza-nos armas de curto, médio e longo alcance, perfeitas para qualquer situação. Podemos atacar os monstros que se aproximam à distância com a metralhadora, mas controlar as hordas com a shotgun quando já estão demasiado próximos da nossa personagem. O canhão não é tão explosivo como antevia, mas funciona perfeitamente contra as hordas, com cada uma das suas balas enormes a trespassarem os monstros numa chuva de sangue, vísceras e partículas.
Este one man show é um afirmação forte: é uma evolução
A limitação de armas é colmatada pela possibilidade de evoluir cada uma das nossas opções. Ao contrário do título original, Project Warlock II não apresenta um HUB onde podemos melhorar a nossa personagem e as suas armas ou magias. Na sequela, a ação é ininterrupta e tudo se passa nos níveis, com os jogadores a encontrarem pontos de habilidade ao explorarem. Estes pontos permitem a evolução das armas, transformando-as por completo. A shotgun pode transformar-se numa máquina automática, o canhão pode ganhar a habilidade de trespassar inimigos e a metralhadora moldar-se numa turret portátil, ainda que muito menos certeiros. Cada arma tem direito a uma transformação e a um power up, e não podemos voltar atrá, pelo menos para já. Por isso, escolham bem que tipo de armamento procuram ter neste primeiro contacto com Project Warlock II.
E é absolutamente importante existir algum planeamento porque Project Warlock II é impiedoso, ao ponto de se tornar cansativo em longas sessões de jogo. Para colmatar a expansividade dos cenários, a Buckshot Software procurou adicionar mais desafio e situações de combate à sequela e o resultado é implacável. Estamos constantemente a ser atacados e cercados por inimigos, ao ponto de perdermos por completo a noção do espaço e do nosso bem estar, como se entrássemos em transe. Para terem noção, existem mais de 500 inimigos no primeiro nível do jogo e este número aumenta ao longo do capítulo que pude experimentar. É de louco. No entanto, Project Warlock II é muito equilibrado no que toca à movimentação, às opções de combate e até ao posicionamento das salas e corredores e segredos dos seus níveis, e à medida que jogamos, entramos no seu ritmo e o que é inicialmente intimidante passa a ser apenas desafiante, mas justo.
Num primeiro contacto, estava preparado para abandonar Project Warlock II, preso no primeiro boss do jogo – cada nível termina com o combate contra um destes inimigos imponentes -, mas ao entrar no ritmo e ao compreender o que o jogo pedia de mim, não consegui parar de jogar – tudo fez sentido.
No entanto, tenho de sublinhar o choque inicial de encontrarmos tantos inimigos em tão pouco tempo, especialmente para quem jogou o primeiro Project Warlock. A sequela apresenta algumas opções importantes para o controlo de grupos, como a habilidade Akimbo – que nos permite utilizar duas armas em simultâneo – e as magias, mas é uma experiência imprópria para cardíacos. No desempenho, não encontramos grandes problemas, fora bugs ocasionais e tempos de loading nem sempre curtos, mas é algo incontornável numa versão Early Access. Project Warlock II só irá melhorar nos próximos meses, mas, por agora, já é um jogo de ação que merece a vossa total atenção, especialmente se apreciarem este revivalismo do género. Veremos o que nos traz no futuro.
Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela gamingcompany.