Análise – Panzer Dragoon

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Pensado para os fãs, esta remasterização tenta trazer a série para a geração atual, mas que falha a nível da jogabilidade e de animações pouco convincentes.

Panzer Dragoon Remake

A memória da SEGA Saturn e da sua curta existência continuam a marcar a imaginação de muitos jogadores, dos fãs, que acompanharam o lançamento em 1995, e dos mais curiosos, que descobrem agora a estória por detrás de um dos lançamentos mais conturbados da indústria. O tempo, no entanto, tem sido delicado para a Saturn, em especial para o seu catálogo de videojogos, e em 2020 vejo uma vez mais a regressar ao passado e a redescobrir uma memória de infância com a remasterização de Panzer Dragoon.

A série da SEGA, que acompanhou o lançamento ocidental da Saturn, é um marco da década de 90 e uma janela temporal para uma época que está cada vez mais distante. Em 1995, Panzer Dragoon era um poderio gráfico e tecnológico, capaz de demonstrar as capacidades 3D da SEGA Saturn, que muitos previam não conseguirem rivalizar com a PlayStation. Há 25 anos, Panzer Dragoon era algo novo e inesperado, com uma direção de arte surpreendente – misturando uma arquitetura biomecânica com sensibilidades orientais –, e uma aposta na tradicional experiência árcade através de vários níveis on-rails. Em 2020, é um produto estranho e perdido.

Devo sublinhar que sou fã da série, em especial dos dois primeiros títulos, e Panzer Dragoon, que chegou recentemente ao PC e Nintendo Switch, é um sonho realizado. Há muito tempo que a SEGA eutanasiou a saga, após Panzer Dragoon Orta na Xbox original, relegada ao esquecimento coletivo numa indústria que está tudo menos interessada em apostar em títulos curtos, com poucos conteúdos adicionais e num ambiente árcade. Mas os fãs acreditaram e, com o tempo, recuperaram a série dos calabouços da SEGA para nos trazer uma remasterização que é um trabalho insatisfatório, mas ao mesmo tempo fascinante e imperdível para qualquer amante do género.

Panzer Dragoon regressa, assim, às consolas com uma reconstrução fiel do primeiro título, agora com um novo trabalho visual e modelos mais definidos, mas com a jogabilidade quase intacta. A experiência continua a ser a mesma, ao ponto da MegaPixel Studio ter recuperado os níveis até ao mais ínfimo pormenor, desde os ângulos da câmara ao posicionamento dos inimigos. Mas visualmente, Panzer Dragoon é um misto de emoções.

Panzer Dragoon

Se, por um lado, temos cenários mais detalhados, com novos efeitos de iluminação e um frame rate competente, por outro temos um jogo menos colorido e com animações pouco convincentes. Há uma rigidez nas personagens e monstros que pode ser difícil de digerir, especialmente nas cinemáticas, que revelam o baixo orçamento da produção.

Arrisco-me a dizer que este não é um jogo que necessite de um grande trabalho de restauro para resistir ao teste do tempo, tudo graças à sua excelente direção de arte. Felizmente, a remasterização não adicionou quaisquer alterações ao desenho das personagens e cenários, algo que considero como um dos pontos positivos deste relançamento. A arte quase salva a baixa qualidade dos cenários menos vivos e animados. Quase.

No entanto, e acredito que seja a nostalgia a falar mais alto, creio que a versão original era muito mais rápida e colorida do que a que acabo de jogar na Switch.

Panzer Dragoon é muito assente na sua jogabilidade e na sua campanha on-rails, transportando-nos numa viagem ao longo de um mundo tão estranho, como cativante. Como um título on-rails, a ação está limitada ao movimento condicionado do nosso dragão e à mira do protagonista, que pode disparar a sua pistola e utilizar os poderes do seu companheiro voador para atacar com lasers destrutivos.

A movimentação é muito limitada e, à primeira vista, até nos podemos esquecer de que é possível desviar o dragão de certos ataques, mas é importante manter a distância sempre que necessário.

A esta falta de movimento junta-se, no entanto, a possibilidade de alterarmos entre quatro câmaras que nos permitem ver os inimigos e ataques que nos chegam de frente, de trás e dos lados. Esta é a base de Panzer Dragoon, um jogo simples, direto, muito clássico e com uma campanha pequena, ainda que com vários níveis de dificuldade à vossa disposição – e agora com a presença de um modo de fotografia limitado.

Panzer Dragoon

Mesmo com a sua aparente simplicidade, até porque é um jogo muito focado na dificuldade, esta nova edição de Panzer Dragoon traz consigo alguns problemas; ou então más memórias de tempos esquecidos. O movimento é ainda mais condicionado, a mira nunca é satisfatória, mesmo quando retocamos a sua sensibilidade – ora está demasiado lenta ou demasiado rápida, dando-me a sensação de que o jogo não consegue acompanhar esta velocidade – e há um delay na alteração entre câmaras que nos retira da ação. É um jogo de contradições. Conseguimos ver tudo com uma nova definição e clareza, mas não conseguimos responder eficazmente aos ataques.

Não consigo provar, por agora, mas sinto que o jogo ficou mais fácil, mesmo com os mesmos padrões de inimigos, para compensar estes problemas.

Caso sintam que a jogabilidade está muito datada, a remasterização é acompanhada por um novo esquema de controlos que tenta aproximar de um método mais atualizado. Com este esquema, podemos mover o dragão com o analógico esquerdo e a mira com o direito, algo que, num primeiro contato, faria todo o sentido tendo em conta a velocidade e dificuldade do jogo. No entanto, aconselho-vos a ficarem pelo esquema tradicional, sendo muito mais fácil e intuitivo movimentar o dragão e a mira ao mesmo tempo, tal como o jogo foi desenhado.

Panzer Dragoon é um regresso necessário e há muito aguardado de uma das séries mais icónicas da SEGA. Apesar de respeitar o trabalho da MegaPixel Studio, sinto-me insatisfeito, sentimento que não consegui afastar ao longo do meu tempo com a remasterização. Há algo que falha neste regresso, seja nos seus gráficos ou na sua jogabilidade, como se se tratasse de um simulacro e não de um produto real. O que é afinal Panzer Dragoon se lhe tirarmos o fator nostálgico e o apoio dos fãs? Um jogo perdido no tempo.

Nota: Satisfatório

Plataformas: Nintendo Switch
Este jogo foi cedido para análise pela Forever Entertainment.

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