Análise – Onee Chanbara Origin

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Bikinis, samurais e zombies – sejam bem vindos ao jogo mais desconfortável, exagerado e desnecessário de 2020.

Onee Chanbara Origin

Não há uma forma delicada de abordar a série Onechanbara. Ao longo de 15 anos, a franquia de ação foi uma mancha no género, conquistando a sua notoriedade pela jogabilidade repetitiva e pelo desenho revelador das suas heroínas – Aya e Saki – à medida que construiu vários títulos em torno de mortos-vivos, bosses grotescos e conteúdos duvidosos, quase sempre deploráveis. Mas como conseguiu a série sobreviver nestes 15 anos e chegar ao ocidente, onde conseguiu, inclusivamente, um estatuto de culto? Porque é, por mais que me doa escrever, divertido e sempre consciente do seu estatuto e lugar na indústria.

Não se enganem: Onee Chanbara Origin é um dos jogos mais repetitivos e sem imaginação que irão jogar neste final de ano. Ao adaptar os primeiros títulos da série, que saíram originalmente na PS2 – conseguindo um lançamento na Europa –, o novo capítulo transporta-nos para níveis curtos, compostos por cenários simples e aborrecidos, onde a ação é relegada a arenas repletas de monstros e criaturas que conseguimos trucidar facilmente. Como hack and slash, é a fórmula mais básica e destilada que poderão encontrar do género, ao ponto de não existir qualquer exploração ou distrações fora do combate. Onee Chanbara Origin vive dos confrontos e da sua estória exagerada – repleta de clichés e de relações desconfortáveis entre familiares – sem ambições de evoluir a fasquia já baixa a que se propôs.

Apesar do foco no combate, isto não significa que estamos perante um sistema profundo e mecanicamente envolvente: antes pelo contrário. As combinações são simples, numa sucessão de ataques rápidos e à distância; as transformações e golpes destrutivos são básicas, mas fáceis de utilizar; e existe ainda a possibilidade de realizarmos desvios e defesas perfeitas para atordoarmos as dezenas de inimigos em campo. Em conjunto, cria-se uma certa fluidez entre golpes e a ação é tão rápida que perdoamos inicialmente alguns dos seus problemas, mas o jogo não evolui – não de forma palpável. Apesar de podermos melhorar os parâmetros de Aya e Saki – as nossas protagonistas, que podemos alternar em combate – e equipar novas armas e equipamentos, não sentimos uma diferença acentuada no seu poder de ataque, algo que é agravado, na minha opinião, pela repetição dolorosa com que a campanha se banha.

Onee Chanbara Origin

Perante esta falta de ambição e de mecânicas limadas, devia ter odiado o meu tempo com Onee Chanbara Origin, mas isso não estaria mais longe da verdade. A ação é tão desenfreada, tão exagerada e simples que me vi a avançar rapidamente pelas duas campanhas sem querer parar. A duração dos níveis, com uma média de 5 a 10 minutos, ajuda muito a criar esta sensação de progressão eficaz e, com a evolução limitada, mas presente das personagens, vi-me a apostar na repetição de tarefas e na conclusão de desafios adicionais.

Se tivesse de comparar a série a outras franquias, diria que é uma junção entre a ação rápida de Devil May Cry e a repetição enjoativa de Dynasty Warriors, mas com o orçamento de Earth Defense Force. E tal como a série da Capcom, Onee Chanbara Origin também pede para ser repetido várias vezes e em dificuldades mais desafiantes à medida que evoluímos as duas personagens e compramos os melhores equipamentos para ambas. Não existem mudanças na campanha e nas mecânicas que justifiquem esta repetição, mas sou-vos sincero: eu terminei o jogo mais do que uma vez para esta análise. Detesto a estória, a representação das personagens e o seu desempenho atroz – para não falar no design linear dos níveis e nos cenários aborrecidos –, mas consegui divertir-me com a sua ação rápida e sem pretensiosismos. É o que é – nem mais nem menos.

Apesar de não existir uma evolução satisfatória nas personagens – mesmo com o desbloqueio de novas combinações e das transformações das irmãs (que só aumentam o seu poder) – e na estrutura da campanha, encontramos algumas mecânicas e decisões de design que revelam uma profundidade inesperada na jogabilidade. A primeira, e a mais visível, é a aposta na destruição da defesa dos inimigos, incapacitando-os em combate. Para tal, é preciso combinar ataques físicos com projéteis à medida que controlamos os grupos excessivos de monstros e mortos-vivos. É um sistema pouco profundo, mas que ganha impacto à medida que avançamos pelas dificuldades mais desafiantes, ao ponto de sentirmos um alívio sincero quando finalmente conseguimos atordoar um dos inimigos mais poderosos.

Onee Chanbara Origin

De seguida, temos a combinação entre os ataques das duas irmãs. Podemos, por exemplo, começar um ataque rápido com Aya, passar rapidamente para Saki, preparar um dos ataques especiais e mais destrutivos, regressar à irmã e conseguir um dano total muito superior ao que conseguiríamos sem esta entreajuda. Por fim, temos ainda a limpeza das armas em combate, algo que se torna imperativo quando enfrentamos inimigos mais poderosos. É necessário sacudir o sangue em excesso das armas ou arriscamo-nos a perder poder de ataque a meio de um confronto, algo que não vos aconselho. Esta limpeza das espadas é feita através de um botão (neste caso, no L1) e, ao ser combinada com outros ataques, cria um ritmo interessante de pausa e arranque que acaba por dar bónus às irmãs. É pouco? Talvez seja, mas dentro do seu combate rápido e repetitivo, é uma lufada de ar fresco.

Este é o segundo título da série que experimento, sendo o primeiro Onechanbara Z2: Chaos (também disponível na PS4), e apesar de ter apreciado a jogabilidade repetitiva, mas competente da série, continuo sem perceber o fascínio. Será pelos designs de Aya e Saki? Será pela presença de monstros e mortos-vivos? Ou será apenas pela sua simplicidade e estória exagerada? Onee Chanbara Origin não me deu as respostas que procurava, mantendo-se confortavelmente no “tão mau que é bom”, e algo me diz que nunca as terei. Apesar do seu orçamento baixo, consigo dizer que há alma nesta série e uma identidade própria que a Tamsoft continua a alimentar ao longo de 15 anos – e ao escrever isto, vomitei um pouco.

Nota: Satisfatorio

Plataformas: PC e PlayStation4
Este jogo (versão PlayStation 4) foi cedido para análise pela Decibel PR.

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