Análise – MLB The Show 21 (PlayStation 5)

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O desporto que em Portugal é conhecido por todos, mas compreendido por quase ninguém, tem um jogo que se foca nos pontos certos, mas ainda precisa de algum trabalho de aperfeiçoamento visual.

MLB The Show 21

Quando era mais novo, cheguei a ter um set de basebol (plástico rígido envolto em esponja) e divertia-me a “jogar” com amigos, porque para ser franco a dinâmica de atirar a bola e acertar nela com um taco é divertida (boys enjoy the simple things). Olho para o basebol como para o hóquei, que são desportos que cativam os mais pequenos pelo material e objetivo que envolve. Contudo, para ser franco, nunca investi o meu tempo em tentar compreender o funcionamento e regras deste desporto em si, até agora.

Decidi propor-me a fazer análise de MLB The Show 21 com o intuito de me “obrigar” a compreender o basebol de uma vez por todas e, para ser franco, apesar de achar algo elaborado e com muita necessidade de leitura estatística, acho o desporto bem pensado por exigir muita estratégia e rápida capacidade de decisão, cuja pode crucial para o resultado final.

▼ Funcionamento do Basebol abaixo ▼

Fazendo um apanhado sucinto do funcionamento do basebol, basicamente uma partida divide-se em 9 innings (períodos) ou mais em caso de empate, divididos em duas metades, onde cada equipa tem a oportunidade de pontuar numa delas. Só se pode pontuar quando se está a bater a bola. Nesse momento é o batedor contra o “mundo”, pois é o único elemento da equipa em campo com capacidade de ditar o rumo do jogo. Cada equipa pode ter 3 batedores eliminados até acabar o seu turno para pontuar. Para pontuar o batedor precisa de bater a bola para a sua frente, respeitando o limite delineado por duas linhas laterais que formam um ângulo de 90º, e correr ao longo de 3 bases até chegar ao ponto de partida. A equipa que está a defender tem o objetivo de eliminar o batedor, primeiro através do Pitcher (lançador), que tenta fazer com que a bola (lançada com jeitos e efeitos específicos) chegue ao catcher, passando por uma área retangular invisível (controlada) ou enganar o batedor atirando a bola fora dessa área fazendo com que o batedor tente chegar à bola e falhe. O batedor pode falhar 2 vezes e o atirador 3 vezes (strikes), caso falhem o seguinte, são eliminados. A partir do momento que o batedor acerta na bola e ela cumpre com os limites, este arranca para a primeira base (ou mais além, dependendo do desempenho defensivo da outra equipa e conforme a bola saiu). Se o batedor conseguir chegar a uma das bases com sucesso, a sua equipa continua a ter 3 batedores em jogo. Os batedores repetem o procedimento de forma a tentar avançar e dar tempo para os colegas anteriores avançarem até darem a volta completa e pontuar. Contudo os jogadores que avançam nas bases têm de ter cuidado, pois a partir do momento que a bola é batida e estes começam a correr, ficam vulneráveis caso os defensores apanhem a bola rápido e ataquem ou passem a alguém perto das bases. Se o fizerem antes do batedor chegar lá, este é eliminado. Caso os defensores apanhem a bola sem esta bater no chão, os batedores nas bases não possam avançar e o que a bateu fica automaticamente eliminado. Daí o Home Run ser tão importante, pois é uma bola impossível de apanhar e, desta forma, todos os batedores em campo, podem avançar sem restrições até à base de partida e pontuar.

▲ Funcionamento do Basebol acima ▲

MLB The Show 21

Após jogar MLB The Show 21 mais de duas dezenas de horas, a conclusão a que chego é que apesar de não ser fácil perceber as causas e efeitos durante o jogo sem ter noções básicas do funcionamento e conhecer minimamente as regras do desporto, a mecânica do jogo é relativamente fácil de compreender. Essa mecânica divide-se em dois tipos de ação para atacar e outros dois para defender.

Nas ações de ataque o foco passa por tentar bater a bola com o batedor (pessoalmente acho a parte mais divertida do jogo), que exige ótimos reflexos e é extremamente satisfatório quando se acerta na bola com sucesso. No entanto não é particularmente fácil conseguir a batida perfeita, pois é necessária uma conjugação de diversos fatores como a posição do batedor, acertar no momento para bater a bola e outros mediante a mecânica de batida escolhida. Isto porque existem diversas mecânicas para bater a bola, variando o nível de complexidade, mediante a que escolhemos. Ainda nas ações de ataque, há a opção de controlar o avanço dos jogadores já nas bases, ou optar por ter essa ação em automático (que é o que recomendo caso estejam a iniciar).

A nível defensivo e à semelhança de bater a bola, atirar a bola também tem o seu quê de complexidade, disponibilizando diversos tipos de mecânicas para o fazer. Tal como no batedor, aconselho a escolherem a mecânica pitching com a qual se sentem mais confortáveis e com o tempo, quando deixar de ser desafiante, optam por uma mais complexa. Outra ação defensiva é apanhar a bola e correr para uma base ou passa-la a um jogador mais próximo para eliminar o batedor.

Destas quatro ações possíveis, enquanto a de atirar e bater a bola estão extremamente bem desenvolvidas, a de apanhar a bola pode ter melhorias, nomeadamente quando se apanha a bola junto às barreiras. A ação de correr entre bases deixa um bocado a desejar a nível de mecânica e acaba por se tornar numa experiência algo frustrante. Na hora de mudar de direção ou parar em cima da base que queremos parece haver um delay nos jogadores, tal é a dificuldade em controla-los. Esta ação em específico precisa de ser trabalhada, pois quando jogamos num modo em que controlamos um só jogador é difícil não ser eliminado durante uma corrida entre bases.

Neste jogo foram introduzidas uma panóplia de animações novas, mas continua a notar-se a repetição, mas o pior é que algumas delas sofrem de falta de realismo. Refiro-me às animações de interação com objetos, com o piso e com outros jogadores, cujas são pouco consistentes devido a sobreposições fisicamente impossíveis e efeitos pouco realistas (como durante as tentativas dos outfielders tentarem apanhar a bola junto às barreiras, onde há impacto).

Os gráficos sofreram melhorias face ao jogo anterior, principalmente a nível de brilho e recriação facial dos jogadores, que está praticamente perfeita. Para além disso os equipamentos usados apresentam bastante detalhe e os estádios estão bastante fieis à realidade. No entanto, apesar de haver bom dinamismo relativo ao ambiente circundante, os close-ups dos adeptos precisam de ser melhorados. O cenário fora dos estádios também precisa de algumas melhorias, ou em alternativa a esse trabalho extra que traz poucos ou nenhuns benefícios podem recorrer ao sistema usado pela 2K para o jogo NBA, que é o de usar filmagens reais do exterior das arenas.

MLB The Show 21

Após abordar toda a dinâmica de jogo, falta só falar dos modos de jogo disponíveis em cada seção e o quão distintos são. Posso já adiantar que a seção de Game Modes é: Wow! Antes disso, ao entrar no jogo pela primeira vez, temos a sugestão de criar o nosso jogador com uma panóplia gigante de opções de edição. Jogador esse que vamos usar quando jogamos online, no Road to the Show e no Diamond Dynasty. Na secção de criação, há a opção de criar estádios.

O Road to the Show funciona um pouco com o MyCareer (NBA 2K21) e, apesar de começarmos numa fase mais avançada pós-draft, avançamos logo para a equipa que escolhemos, rondando entre a equipa essa e a equipa de reservas. Apesar de promissor e permitir-nos controlar o jogo através de um único jogador, precisa de ser desenvolvido.

O Diamond Dysnasty funciona um bocado como o Ultimate Team (FIFA 21)/MyTeam (NBA 2k21), envolvendo microtransações, inclusive. A diferença mais notável passa por ser possível usar o jogador criado por nós nesse modo. Inicialmente não vai ajudar muito devido ao rating baixo, mas a longo prazo é um extra útil. Isto porque apesar de nesta versão da MLB ser obrigatório criar um jogador de raiz, nas versões anteriores havia a “tradição” do nosso jogador transitar para os jogos seguintes. Provavelmente com o alargamento do jogo às consolas da Microsoft houve intenção de ter toda a gente a partir do mesmo ponto, daí o reset.

O modo Franchise segue as mesmas bases do MyLeague (NBA 2K21), mas segmenta-se em 3 áreas específicas com responsabilidades associadas: Coaching Tasks, Development Tasks e Manager Tasks. O nível de complexidade de cada uma varia entre ★ – ★★★ e é possível definir quais delas queremos controlar e quais queremos que tenham gestão automática. Esta opção de escolha é deveras interessante, porque acaba por permitir uma experiência mais personalizada para cada jogador. Apesar de encontrar algum dificuldade em desenrascar-me na componente técnica deste modo, por o basebol ainda me ser um desporto estranho, considero esta segmentação bem pensada e outros jogos desportivos deviam meter olho nisto – principalmente o FIFA, cujo modo de carreira tem coisas aborrecidas, que podiam muito bem ser feitas automaticamente.

Por último, mas não menos importante (antes pelo contrário) o March To October. Este modo é uma enorme lufada de ar fresco na história dos jogos desportivos. Ainda que as bases sejam semelhantes à de um modo de carreira simples, no qual é possível controlar a equipa e geri-la no que toca a trades, tem uma particularidade peculiar. Basicamente trata-se de um sistema de objetivos por jogo, que gera motivação caso esses objetivos sejam cumpridos. Estes podem prender-se com o desempenho de apenas um jogador específico que é controlado na integra durante o jogo, ou então prender-se com o controlo da equipa inteira. Uma vantagem deste modo é que nenhum jogo é jogado do início ao fim, normalmente começa-se, no máximo, a partir 4º inning, mediante o desafio em causa, seja ele segurar a vantagem, dar a volta ao resultado ou conseguir um home run no último inning do jogo para selar a vitória. Este sistema de objetivos engloba boosts à forma da equipa e dos jogadores, mediante o desempenho. Esses boosts permitem facilitar os jogos seguintes, colocando a equipa numa melhor posição na altura em que somos desafiados a intervir, melhorando o desempenho de um jogador específico ou avançar jogos com a gestão cuidada do rácio de vitórias-derrotas, mantendo a época dentro dos eixos. A finalidade prende-se com apenas uma coisa: chegar a Outubro.

MLB The Show 21

Resumindo é um modo de jogo com um formato interessante, com o seu quê de desafio e sempre recheado de situações diferentes para controlar ou ultrapassar. É ótimo para aprender mais sobre o basebol e sobre a forma como se pode/deve reagir em determinadas circunstâncias. Também é um modo leve porque permitir jogar apenas porções de um jogo. Sabendo que normalmente um jogo completo demora em média entre 30-45 minutos e uma época é composta por 160 jogos mais os jogos da postseason, fazer uma época completa pode demorar semanas. Neste modo, faz-se facilmente em 4 ou 5 dias sem precisar de simular nada voluntariamente.

Para além desta secção inicial com esses 4 modos de jogo fantásticos, ainda há mais uma série de secções com inúmeros modos, para explorar neste jogo. Em Play Now temos jogo de Exibição livre ou Live (com os jogos do dia disponíveis e os plantéis atualizados),há ainda jogo online e Retro Mode.

Já em Quick Play, é possível embarcar na Challenge of the Week, cuja performance se reflete em pontos e no final da semana há prémios reais para os 5 jogadores com melhor classificação (na semana de arranque os prémios para o 1º, 2º e 3º são uma jersey, um taco de basebol ou uma bola de basebol (tudo autografado pelo Ken Griffey Jr.) e para o 4º e 5º há dinheiro virtual do jogo. Esta é uma ideia tão simples quanto fantástica, pois oferece algo em troca a quem investe tempo e dinheiro no jogo e acaba por envolver ainda mais os jogadores.

Moments e Home Run Derby são os restantes modo da secção Quick Play. A primeira permite reviver momentos célebres ou re-escrever a história do basebol, tratando-se de um dinâmica interessante para os fãs de longa data do desporto. A segunda prende-se com competição de Home Run’s, que pode ser feita online ou offline. Sendo que hitter (batedor) é a minha posição preferida no jogo, este foi um modo de jogo que me encheu as medidas, pois estamos bater bolas durante minutos sem parar.

Para terminar há ainda duas secções. Um com modes de jogo que permitem fazer uma liga personalizada ou jogar só na postseason. A outra e, se calhar, a mais importante do jogo: Learn To Play. Aqui podem fazer treinos específicos e aprender os controlos e mecânicas do jogo (que é por onde devem começar a vossa experiência em MLB Show 21). É possível também testar todas as mecânicas de lançamento e batida da bola, corrida entre bases e fielding e throwing para perceberem qual é a mais adequada ao vosso gosto.

Quero ainda ressalvar os tempos de loading que são impressionantemente curtos e a forma como incorporam um sistema de broadcasting (com comentadores reais) no jogo, com um fantástico trabalho de design de som. São estes pormenores que tornam a experiência tão autêntica e nos faz esquecer das animações limitadas.

MLB The Show 21

Apesar da complexidade de mecânicas e das formas, por vezes, pouco intuitivas, para novos jogadores que a equipa da SIE San Diego escolheu ao longo dos anos para traduzir esta modalidade para videojogo, o balanço final foi positivo, especialmente para mim, que já procurava compreender o basebol há alguns anos. MLB The Show 21 foi um ótimo ponto de partida para me dedicar a isto a sério, de uma vez por todas. Depois de uma semana a jogar MLB The Show 21, não posso dizer que me tenha tornado num entendido na matéria (até porque a nível de posições, papéis e táticas ainda há muito que me falta compreender), mas posso dizer com certezas que compreendo o objetivo do jogo, a maioria das regras e a dinâmica geral do mesmo. Para ser franco, gosto de basebol.

Olhando para MLB Show 21 como jogo de consolas da nova geração, embora ache que este disponha de um bom motor de ajuda para quem quer começar a perceber mais de basebol e que é um poço de diversão garantida para quem já é fã (graças às dezenas de modos disponíveis que dão para todos os gostos), acho que ainda precisa de ser trabalhado. Nomeadamente a nível de gráficos (foco no público e exterior dos estádios), a nível de diversidade animações disponíveis para as mais diversas situações e, sobretudo, na interação entre jogadores e tudo o que os rodeia. Mediante o que procuram num jogo para Playstation 5 ou XBox Series S/X, este jogo tanto poderá ser excelente como apenas bom.

Na minha visão, após conjugar tudo, diria que é um jogo excelente no que toca a jogabilidade com bastante fluidez, dotado de uma interface intuitiva, rápida e organizada e uma diversidade impressionante de modos relevantes, mas apenas bom no que toca a gráficos, motricidade dos jogadores e animações. Como para mim a jogabilidade, desempenho e autenticidade pesam mais do que a qualidade gráfica, considero este jogo muito bom.

Nota: Muito Bom

Disponível para: Xbox One, Xbox Series X|S, Xbox Game Pass, PlayStation 4 e PlayStation 5
Jogado na PlayStation 5
Cópia para análise cedida pela PlayStation Portugal.

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