Análise – Mighty Goose (PlayStation 4)

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Um ganso mercenário leva-nos numa viagem intergalática em busca de criminosos neste divertido jogo de ação e plataforma.

Nunca pensei que o ganso fosse um animal suficientemente popular para se transformar, de videojogo para videojogo, numa mascote não-oficial da indústria dos videojogos, mas aqui estamos nós. Se Untitled Goose Game trouxe-nos uma experiência mais leve e até realista, onde controlávamos um ganso através de uma aldeia rústica, já Mighty Goose é o seu contrário, um jogo de ação e aventura, inspirado em clássicos como Mega Man e Metal Slug, que transforma o adorável ganso num caçador de prémios implacável numa experiência pouco ou nada original, mas imensamente divertida.

O título da Blastmode, que chegou este mês ao PC e consolas, é difícil de ignorar quando apresenta uma premissa tão simples, no papel deste ganso mercenário e munido de uma armadura robótica – que relembra o famoso Blue Bomber –, e uma jogabilidade intuitiva, divertida e também desafiante. Mighty Goose é um jogo de ação e plataformas com um enorme foco no combate rápido, na combinação entre diferentes armas e na movimentação ao longo de níveis pouco variados, mas cujos desafios mantêm-nos atentos e em alerta. Com várias zonas disponíveis, que podemos revisitar ao longo da campanha, o nosso ganso pode disparar, saltar, rebolar e desbloquear novas habilidades – como maior velocidade e a possibilidade de enrolar numa bola – à medida que destrói um leque suficientemente variado de inimigos e salva novos companheiros de viagem, que ajudam em combate.

Mighty Goose

O formato de Mighty Goose é tradicional e segue a fórmula vencedora do género ao colocar-nos em níveis quase sempre extensos que se dividem entre fases de combate, de plataformas e ainda em desafios ocasionais e únicos a cada zona. Apesar de oferecer poucas novidades, defendo que essa é a grande vantagem de Mighty Goose, esta aproximação aos clássicos com o objetivo de criar uma aventura limada e divertida face às exigências atuais de “mais é melhor”. Não precisamos de muito mais: níveis desafiantes, cujo level design é simples e focado, que terminam sempre numa batalha contra um boss gigantesco que apresenta novas formas de jogar, seja através de um maior foco nas plataformas e reflexos, seja na inclusão de objetivos secundários – como a destruição de partes específicas destes inimigos – que trazem alguma variedade aos confrontos.

Entre níveis regressamos à base do adorável ganso e temos a possibilidade de ativar novas habilidades e alterarmos os nossos companheiros de guerra. Com um limite de energia, é preciso escolher eficazmente as melhorias que aplicamos ao nosso mercenário, se queremos, por exemplo, uma maior rapidez nos movimentos ou mais poder de ataque. Esta variedade de habilidades motiva-nos a repetir os níveis de Mighty Goose em busca das melhores pontuações à medida que recolhemos recursos, com o sistema de combos a ser suficientemente eficaz a motivar-nos a tentar os melhores tempos e classificações possíveis.

Já os parceiros assumem-se como um complemento perfeito ao sistema de habilidades, no sentido em que podemos conciliar ataques e vantagens à medida que encontramos confrontos mais desafiantes. Podemos apostar, por exemplo, num pato que ataca quem se aproxima de nós, mas também podemos recrutar a ajuda de um porco que nos dá regularmente munições para a metralhadora – num sistema de recolha de armas e balas que parece ter sido inspirado no já mencionado Metal Slug. Não existem grandes surpresas, mas é um complemento que dá alguma profundidade a uma jogabilidade que se quer simples.

Mighty Goose

A ação frenética e caótica de Mighty Goose conquistou-me assim que terminei o primeiro nível, mas seria impossível não apontar alguns problemas. O primeiro é a presença de algumas habilidades que precisavam de mais destaque e situações de peso em que podiam ser utilizadas, como a possibilidade de pairarmos quando disparamos para baixo. É uma mecânica que se torna útil em combate, mas senti falta de sequências de plataformas onde fosse essencial dominá-la para uma deslocação ainda mais eficaz.

O segundo problema recai sobre os efeitos visuais que obstruem a visibilidade dos jogadores durante os momentos mais intensos, com robots a explodirem em luzes à medida que a ação continua. Este caos (quase) controlado levou-me a sofrer dano quando menos esperava, ocupando o ecrã desnecessariamente e complicando o que deveria ser simples. Por fim, temos um problema pessoal e quase inesperado, mas que me vejo na obrigação de o destacar. Apesar de apreciar a simplicidade dos níveis, no que toca ao seu design, senti-me progressivamente a não apreciar da duração extensa de cada nível. Para o tipo de ação que oferece, Mighty Goose devia apresentar níveis mais curtos que exponenciassem os confrontos rápidos sem necessitar de uma enorme repetição no design das zonas. Em sessões mais extensas, é um jogo que vos poderá cansar.

Ainda não consigo compreender esta nova obsessão por gansos, mas Mighty Goose tem charme suficiente para não me fazer questionar a sua popularidade. É um jogo de ação e plataformas que nos envolve na sua repetição e loop satisfatórios, conseguindo sempre apresentar algumas surpresas e desafios interessantes. Não é um colosso do género, mas é um bom apanhado de várias mecânicas clássicas com um tom mais atual. No fundo, o que interessa é perceber se é divertido e posso confirmar que Mighty Goose é muito divertido.

Nota: Bom

Disponível para: PC, Xbox One, PlayStation 4 e Nintendo Switch
Jogado na PlayStation 4
Cópia para análise cedida pela Stride PR.

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