Análise – Angry Video Game Nerd 1&2 Deluxe

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Está na hora de regressarmos ao passado para jogarmos dois jogos que pensávamos estarem perdidos no tempo!

Angry Video Game Nerd 1&2 Deluxe

2020 tem sido um ano tão estranho e peculiar que já sou incapaz de ficar surpreendido com qualquer notícia inesperada, por mais louca que seja. No entanto, não deixa de ser uma surpresa encontrar a viagem de Angry Video Game Nerd, o famoso youtuber, pelo mundo dos videojogos na Nintendo Switch. Não só vemos agora a sua estreia na nova consola da Nintendo, como temos uma coleção de peso que conta com os dois títulos, produzidos entre 2010 e 2016, que capturam a aura e alma dos títulos de 8 e 16bits e as aventuras tresloucadas da famosa personagem.

Como adaptar a irreverência e humor cru de Angry Video Game Nerd, criado por James Rolfe, ao mundo dos videojogos? É simples: criar uma verdadeira viagem pela história da personagem. Ao longo de oito níveis, The Angry Video Game Nerd Adventures, lançado em 2010, traduziu os episódios da série e criou uma narrativa que coloca o famoso Nerd em combate direto com alguns dos videojogos que o atormentaram. Temos alusões a Friday the 13th, a Dr. Jekyll and Mr Hyde e até a filmes como Giant Claw, que marcaram os primeiros 10 anos de existência da série, conseguindo criar uma estória coesa, mas com um sentido de humor que começa a perder a sua força. Se são fãs, irão certamente apreciar os cameos e piadas ao longo da campanha – onde destaco a presença de algumas das personagens mais famosas da série –, mas se nunca acompanharam os vídeos do AVGN, então este jogo poderá ser uma enorme confusão.

Como um titulo de ação e plataformas em 2D, o primeiro jogo inspira-se nos clássicos do género e dá-nos uma campanha muito desafiante, mas sempre divertida. Os níveis são extensos, mas o sistema de checkpoint foi revisto desde o lançamento original, contornando alguma da dificuldade excessiva. Com oito níveis, todos eles temáticos, temos sempre um foco nas plataformas, nos saltos de risco e nos reflexos à flor da pele à medida que eliminamos criaturas horrorosas – algumas feitas de fezes – e evitamos blocos que nos matam instantaneamente. Para além da sua temática, é interessante notar que cada nível tem uma mecânica diferente, dando-lhes um tom e desafios únicos, sejam sequências de voo ou lasers que nos matam com um só toque.

Angry Video Game Nerd 1&2 Deluxe

É fácil ver como AGVN Adventures homenageia séries como Castlevania, Mega Man, Ninja Gaiden e TMNT ao longo dos seus níveis. As mecânicas também são próximas destes clássicos e a FreakZone Games conseguiu limar a jogabilidade ao ponto de ser fácil controlar o Nerd mesmo durante os momentos mais exigentes, com um tempo de resposta nos saltos e no disparo que tornam a experiência muito mais fluida. Para além da sua Zapper, que usa como arma, o Nerd tem à sua disposição armas secundárias, como bolas de ferro, e ainda habilidades especiais, como a possibilidade de destruir todos os inimigos em campo – como o seu Super Mecha Death Christ 2000 B.C. Version 4.0 Beta -, congelar o jogo ou recuperar a energia com um barril de cerveja Rolling Rock. AVGN Adventures usa as suas inspirações com orgulho, sem filtros ou censuras, e dá-nos um jogo que se ergue por si só.

Esta aproximação aos clássicos tem, no entanto, um problema. A campanha é, como seria de esperar, muito curta. Apesar dos seus oito níveis, e de um nível secreto, é possível chegar ao final em menos de duas horas. É certo que podemos escolher a ordem em que terminamos os níveis e existem vários modos de dificuldade, mas esta primeira aventura poderá saber a pouco. Parece que termina quando estamos finalmente a apanhar-lhe o jeito e a conseguirmos dominar todos os saltos difíceis e blocos que desaparecem. Se quiserem expandir a longevidade do jogo, podem aventurar-se pelos colecionáveis e recolher os cartuchos escondidos – que soletram NERD – ou descobrir as três personagens secretas, que poderão depois utilizar em qualquer um dos níveis. É pouco, mas a verdade é que este primeiro jogo nunca deixa de ser divertido e, no final do dia, é isso que interessa.

No entanto, Angry Video Game Nerd Adventures não vem sozinho. A Screenwave Media decidiu juntar os dois capítulos da saga num só jogo e dar o dobro da diversão. Com a possibilidade de escolherem os dois jogos desde o início, poderão alternar entre ambos sempre que quiserem. Há, na minha visão, um claro vencedor, e esse é ASSimilation, a sequela, lançada em 2016. Não só temos uma maior variedade de níveis e de desafios, como temos um novo mapa – inspirado em Super Mario Bros. 3 – e um sistema de habilidades muito mais profundo. Se, no primeiro jogo, temos personagens alternativas, na sequela podemos desbloquear habilidades que adicionam novas opções de combate e de movimento. Temos, por exemplo, a Power Glove, capaz de destruir pedras e dar origem a novos caminhos, ou o Turbo Pad, que adiciona ao Zapper um ataque pesado e muito mais destrutivo. Não são opções originais, mas, em comparação com o primeiro jogo, é um passo certeiro que torna a sequela num jogo mais competente.

Angry Video Game Nerd 1&2 Deluxe

Com o relançamento, a jogabilidade dos dois jogos foi aprimorada e é agora muito mais estável entre os dois, mas conseguimos ainda notar que a sequela é superior. As novas habilidades são perfeitas em combate, mas, até em movimento, o Nerd tem agora trunfos na manga. Ninja Gaiden regressa como uma das inspirações e, para além de termos um nível passado no Japão, onde tem – como não poderia deixar de ser – a presença de Godzilla –, dá ao Nerd a sua habilidade de escalar paredes. É um pequeno toque, que também vimos em Mega Man X, mas que dá aos níveis uma maior verticalidade e a possibilidade de fugirmos mais facilmente de certas armadilhas.

A sequela abandona os níveis extensos e aposta antes em fases mais pequenas, divididas em três, onde temos novamente um tema diferente e sempre uma mecânica única entre zonas. O hub é muito básico, mas está repleto de piadas e cameos, com a deslocação a ser rápida e bastante acessível.

Visualmente, a sequela também traz mais efeitos de luz, mais variedade entre níveis e até cenários mais destrutíveis e setpieces diferentes, como níveis debaixo de água e puzzles com portais, onde nunca sabemos o que vamos encontrar a seguir. É um jogo mais recheado, mais completo e onde encontramos ainda chamadas para o passado da série AVGN com níveis inspirados nas Tartarugas Ninjas e noutras personagens de James Rolfe.

Não é uma coleção para todos, mas se são fãs de AVGN e ainda acompanham as suas aventuras pelos piores videojogos da história da indústria, então esta coleção poderá ser perfeita para vocês.

No entanto, tenho de sublinhar que são dois jogos inspirados nos clássicos do género, na era dos 8 e 16bits, onde a dificuldade é uma garantia. Ao longo das duas campanhas, morri de dezenas de vezes, senão mesmo centenas, e senti que os frames de invencibilidade podiam ser mais simpáticos.

Porém, diverti-me do princípio ao fim. A longevidade é um problema real, mas se tivermos em conta o preço, os colecionáveis, o episódio adicional – que só fica disponível depois de terminarem os dois primeiros jogos – e os fins alternativos, têm conteúdos para cinco a sete horas de jogo. Não é perfeito e o humor envelheceu pior que uma fatia de queijo ao sol, mas continuam a ser bons jogos de plataformas e ação.

Nota: Bom

Plataformas: PC, PlayStation4, Xbox One e Nintendo Switch
Este jogo (versão Nintendo Switch) foi cedido para análise pela Screenwave Media.

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