“À Procura de Alaska”? Para quê, deixa a miúda perder-se!

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Nunca pensei vir a dizer isto tão cedo, mas acho que sou demasiado velha para ter uma opinião justa acerca desta série. Tenho 24 anos e bastaram dez minutos do primeiro episódio para me fazer perguntar: “Os meus 16 anos já foram assim há tanto tempo?” 

À procura de Alaska, uma produção original da Hulu, não é uma má série, mas é extremamente transparente se já tiveres algumas ideias formadas e alguns mitos desfeitos na tua cabeça. A Alaska (Kristine Froseth) é uma miúda que o espetador tem que acreditar ser intrigante, misteriosa e complexa, mas a miúda é uma farsa. É auto-centrada, pseudo-intelectual e um bocado chata.

Ok, és feminista, mas não precisas de gritar isso a cada cinco minutos. Eu partilho dos ideais feministas mas também gosto de silêncio. Às vezes, não é preciso dizer, é preciso fazer. Se és o que dizes ser, comporta-te como tal e pára de gritar “patriarcado!” a cada instante. Não é um ato de rebeldia nem de valentia, é apenas um sinal de fraqueza. Já para não dizer que sermões moralistas não mudam mentalidades, apenas atordoam o raciocínio daqueles que te ouvem porque estás a antagonizá-los e a aborrecê-los até à morte.

Para ser honesta, as personagens femininas são quase todas um bocado chatas. Acho que a intenção era ter personagens com personalidades fortes, mas acabaram por ser caricaturas de gente e os personagens masculinos… bem, esses também não são muito melhores. Ninguém naquela série fala como gente normal. Todos falam como personagens literários cujas falas foram estrategicamente orquestradas para puderem vir a ser citações “profundas” sobre a existência humana. 

E o Miles (Charlie Plummer) que é suposto ser o personagem principal, o miúdo franzino com ânsias de grandeza… Só me apetece atropelar o miúdo com um camião para ver se acorda. Não consigo ter paciência para o miúdo iludido que se apaixonou por uma ideia. A miúda que ele acha conhecer simplesmente não existe. É só uma miúda gira que está à procura da pessoa que quer ser, mas não faz ideia como lá chegar. Mas o que é a adolescência se não isso?

E é aqui que reside a chave de tudo. Como disse no início, À Procura de Alaska não é má. Só não é para mim e, provavelmente, também não é para ti se já não tens aquele brilho adolescente no olhar. 

A certa altura, até me comecei a perguntar se não estaria a ser demasiado cínica face à série. Vistas bem as coisas, é uma série sobre adolescentes que tenta retratar o contexto atual e passar mensagens com uma boa índole. Contudo, os putos são… como dizê-lo de forma simpática? Os putos são muito chatinhos.

Admito que existiram momentos em que sorri genuinamente face às ações da miudagem, mas passados dois minutos já estavam a choramingar outra vez sobre a quinta-essência das suas míseras vidas de minorcas e eu voltava a passar-me da cabeça. 

Mas sabem qual é o grande problema? É que não sei como acabar isto. Quer dizer, se calhar até sei. Sabem quem foi o pior de todos? Foi o Dr. Hyde (Ron Cephas Jones), o professor sábio que sabe cativar a miudagem. Chato do caraças! O raio do velho fala como um representante oficial do Goodreads. Parecia que tinha lá ido e decorado um monte de frases manhosas sobre a preciosidade que é a vida. Chato do velho…

Posto isto, a realidade é a seguinte: se fores um adolescente experimenta ver a série pelos teus próprios olhos e não pelos meus. Acho que até te podes divertir.

À Procura de Alaska estreia dia 19 de outubro na HBO Portugal.

Este texto de opinião foi feito com base nos três episódios de À Procura de Alaska disponibilizados para o efeito pela HBO Portugal.

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