O Boticário apresenta “Extinto”, uma instalação olfativa que recria aromas de ecossistemas ameaçados e convida à reflexão ambiental em Lisboa.
No âmbito do Dia Mundial do Ambiente, que se celebrou no passado dia 5 de junho, uma instalação sensorial em Lisboa procura captar a atenção do público através de um meio pouco comum na comunicação ambiental: o olfato. Chama-se Extinto e é uma proposta artística d’O Boticário que une perfumaria e consciência ecológica, ao recriar os aromas de cinco biomas que enfrentam sérias ameaças. Nenhuma das fragrâncias será comercializada. O objetivo não é vender, mas despertar – e, se possível, abalar.
A experiência, aberta ao público até 22 de junho no LX Factory, e posteriormente no CascaiShopping, oferece ao visitante a possibilidade de sentir, literalmente, o cheiro de paisagens que podem deixar de existir. Cada aroma é construído com recurso à tecnologia headspace, que permite capturar a assinatura olfativa de ecossistemas intactos, antes de serem profundamente alterados pela ação humana.
O projeto surge num momento em que as ameaças ambientais são tudo menos abstractas. Em Portugal, os dados mais recentes da Agência Portuguesa do Ambiente revelam que 88% do lixo encontrado nas praias é composto por plásticos. Seguem-se resíduos sanitários e papel, ainda que em menor escala. A meta da União Europeia – reduzir em 95% a presença de lixo marinho – permanece distante. A situação não é isolada e repete-se em várias latitudes, revelando a dimensão global do problema.
É neste cenário que Extinto propõe um outro tipo de narrativa. Cinco territórios, de diferentes pontos do planeta, ganham corpo através do cheiro: a Mata de Guanabara, no Brasil, com notas de frescura vegetal e aquática; a floresta Sundarbans, na Índia, onde o jasmim sambac e o manjericão evocam uma natureza vibrante; Madagascar, com a sua baunilha quente e envolvente; East Arnhem, na Austrália, marcado por um perfil amadeirado intenso; e Calábria, no sul de Itália, que mistura a leveza cítrica com uma base floral e oriental, num contraste com o impacto crescente da poluição no Mediterrâneo.
Mais do que uma exibição, a instalação procura criar uma resposta sensível a uma realidade frequentemente mediada por números e imagens. A estratégia não é nova, mas ganha particular ressonância quando aplicada a um sentido como o olfato, tão profundamente ligado à memória e à emoção.
Em paralelo com esta iniciativa, arranca também em Portugal o programa Boti Recicla, que integra a colocação de ecopontos nas lojas para a recolha de embalagens usadas das marcas O Boticário, Aura e Quem Disse, Berenice?. A iniciativa é desenvolvida em parceria com a Sociedade Ponto Verde e conta com apoio logístico da DHL, com vista à redução da pegada de carbono e ao reforço de práticas de economia circular.
Foto: Graziela Costa