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Final Fantasy XVI para PC é sem dúvida alguma belo, mas pesado e instável demais para ser apreciado como deve ser.

Após um ano e pouco Final Fantasy XVI chegou finalmente ao PC. O aclamado épico da Square Enix – naquela que foi mais uma emocionante e divisiva nova entrada numérica da lendária franquia de JRPGs – mostrou, na altura de lançamento original, um jogo de altíssimas produções tirando partido de um motor de jogo proprietário que permitiu, assim, explorar as capacidades da PlayStation 5 enquanto consola de “nova” geração. Uma apresentação cinemática, grandiosa e com visuais de ponta que se colocavam à altura das impressionantes cinemáticas que marcam o legado da série, Final Fantasy XVI foi, sem dúvida alguma, um jogo tecnicamente fantástico, um aspeto que se fez acompanhar de um sistema de combate acelerado e frenético e de uma narrativa emocionante acompanhada por um voice-acting digno dos merecidos prémios que arrecadou ao longo do último ano.

A versão para PC não se fica atrás. Aliás, a versão para PC, agora com os seus DLCs opcionais é precisamente o mesmo jogo, sem tirar nem por. Não prima por novas opções de acessibilidade ou conteúdos exclusivos, preservando assim a experiência construída de raiz para a consola da Sony. Um nível de paridade que, para todos os efeitos se encontra ao nível do que temos encontrado em conversões oficiais da PlayStation.

Como qualquer conversão para PC, no entanto, está preparada para ser personalizada pelos jogadores, permitindo que afinem e otimize a sua experiência pessoal. Com menus dedicados, Fina Fantasy XVI para PC conta com opções para mudanças de resolução, diferentes frame-rates, opções para ligar e desligar efeitos como vinheta, desfoque, aberração cromática, qualidade de sobras, texturas, NPCs entre outros elementos, etc… No fundo, uma quantidade de opções bem diversa, bem-vindas, e que não se poupa também de oferecer diferentes presets.

Os destaques de todas estas opções vão para as ainda novas tecnologias de upscaling interno, resolução dinâmica e de suporte de tecnologias como o AMD FSR 3 e NVIDIA DLSS 3, nas suas versões mais recentes, com opção de geração de frames que permite duplicar o desempenho nativo do jogo, criando frames intermédios – algo que em Final Fantasy XVI é extremamente bem implementado, particularmente com a solução da NVIDIA, ao não revelar qualquer tipo de artefacto de interpolação de imagem. Há muito para explorar e experimentar, mas, do que valem todas essas funcionalidades quando o jogo, na sua melhor forma, se revela tão pouco otimizado?

Um dos aspetos mais frustrantes de Final Fantasy XVI para PC na minha experiência, foi deparar-me com a taxa de frames bloqueada durante as cinemáticas. É claramente uma decisão artística, dado que algumas cinemáticas mais complexas são, na verdade, vídeos a 30FPS, mas não deixa de ser irritante e desconcertante conseguir jogar Final Fantasy XVI na sua maioria acima dos 60FPS (com geração de frames ativa) para eventualmente o ver a cair para uma fluidez tão baixa, sempre que há alguma cena não-interativa. Atualmente existem mods da comunidade com essas cinemáticas e clipes convertidos para 60FPS, mas teria sido bem-vinda uma solução oficial com renders nativos dessas mesmas cinemáticas, dado que se trata de um jogo ainda bastante recente.

Outro aspeto que surpreende pela negativa em Final Fantasy XVI para PC é o quão pesado o jogo é, mesmo em presets ajustados, desligando a geração de frames, com recurso a uma GeForce RTX 4090, juntamente com um processador Intel Core i9, 32GB de RAM e acesso a discos SSD de alta velocidade, este sistema revelou dificuldade em manter 60FPS estáveis a 4K, mantendo-se frequentemente na casa dos 40-50 FPS nas suas definições máximas sem DLSS. Ativando as funções da NVIDIA já é possível aumentar o desempenho do jogo, mas são percetíveis as quebras constantes especialmente em momentos de grande escala e quando existem muitos efeitos visuais no ecrã. Nada disto afeta drasticamente a experiência geral do jogo, mas é um indicador do quão vacilante e puxado é o desempenho desta versão, que colocou o meu GPU com as suas ventoinhas sempre no máximo.

No entanto, o pior vai para lá da configuração da máquina usada ou das opções escolhidas, mas de problemas que quase me impediram de rejogar aquele que foi um dos meus jogos favoritos de 2023. A certa altura na história, quase 20 horas a dentro, numa passagem de uma cinemática para outra, no qual é clara a existência de um loading escondido, Final Fantasy XVI começou a quebrar, apresentando um ecrã escuro e eventualmente fechando com um erro fatal. Esta barreira foi-me apresentada diversas vezes, inicialmente sempre no mesmo ponto, levando-me a perder uma tarde inteira em busca de uma solução. Jogo reinstalado, drivers reinstalados, alteração de localização instalação em diferentes discos e o problema persistia. Eventualmente, desligando o DLSS e diminuído algumas opções gráficas o problema foi evitado. Até que mais a frente voltou a acontecer, mais do que uma vez.

final fantasy xvi pc 1
Final Fantasy XVI (PC) – Square Enix

Na busca pela solução, deparei-me que este problema foi reportado por mais jogadores nos fóruns da Steam e no Reddit, normalmente em pontos diferentes do jogo, alguns comentando que até acontecia na demo gratuita – algo que na altura felizmente não testemunhei. Este estranho evento é transversal a diferentes configurações, das mais altas às mais baixas, revelando que há, neste momento, algo de errado com esta versão do jogo. Erros destes são comuns em qualquer jogo, mas tornam-se barreiras complicadas quando se repetem de forma sistemática, causando uma certa ansiedade de perder progresso ou de ficar barrado por completo no acesso à próxima parte do jogo.

A nova jornada por Final Fantasy XVI no PC continua, desta vez a um passo de caracol. Apesar da suas forças, repetir esta aposta da Square Enix não é uma tarefa fácil uma vez que o próprio ritmo do jogo está minado de atividades e side quests, cada vez em maior quantidade mas de baixa qualidade. Um aspeto que para muitos jogadores não é um problema, mas que para quem procura uma jornada com maior foco e livre de excessos pode ser desmotivante, especialmente quando se trata de repetir o jogo. Adicionando estas barreiras e quebras, que por vezes se refletem em repetir porções de jogo, como combates inteiros, a vontade de rejogar Final Fantasy XVI não tem sido, de facto, a maior.

Atualmente, Final Fantasy XVI para PC encontra-se na versão 1.01 do jogo onde a equipa da Square Enix já entregou algumas melhorias através de um primeiro patch. No entanto, a minha recomendação para jogar Final Fantasy XVI no PC fica, para já, guardada na gaveta, não por que é um mau jogo, antes pelo contrário, mas porque sinto que por muito boa que seja vossa máquina, dificilmente vão conseguir tirar o proveito do potencial desta entrada na série Final Fantasy. Isto é, se qualidade visual e estabilidade de experiência de jogo for a vossa prioridade.

Podem ficar a saber mais sobre Final Fantasy XVI na nossa análise à versão original da PlayStation 5, aqui. Final Fantasy XVI para PC está disponível na Steam Store e na Epic Games Store.

Cópia para análise (versão PC) cedida pela Square Enix.

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