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Jackpot! é puro entretenimento.

Uma premissa intrigante é o único aspeto que um filme necessita de possuir para chamar à atenção. Dito isto – e infelizmente, se puder ser honesto – são os nomes de realizadores, argumentistas e principalmente atores conhecidos que acabam por ser os elementos de maior atração para o público geral. Jackpot! consegue mesmo o jackpot ao conter todas estas caraterísticas. Paul Feig é um cineasta popular, apesar de nem sempre alcançar sucesso com as suas obras (Bridesmaids, Ghostbusters, A Simple Favor). Rob Yescombe é um argumentista mais conhecido pela sua carreira em histórias de videojogos – primeiro e único argumento de longa-metragem foi para Outside the Wire. Já o elenco é composto por Awkwafina (The Farewell), John Cena (The Suicide Squad) e Simu Liu (Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings), todos atores com uma base de fãs bastante sólida.

No entanto, é a premissa com potencial para um bom serão repleto de entretenimento que se destaca. Katie (Awkwafina), uma atriz com dificuldades em arranjar emprego, ganha uma lotaria especial da Califórnia num futuro próximo. A lei permite que todos os cidadãos com um bilhete perdedor tentem matar o vencedor do sorteio antes do pôr-do-sol e legalmente reclamar o seu prémio. Eis que entra Noel (Cena) em cena, um agente de proteção amador que pretende manter Katie viva em troca de uma percentagem dos seus ganhos.

Essencialmente, Jackpot! é uma variação de The Purge, mas com um tom abertamente leve, absurdo e focado totalmente em ação constante e comédia tonta, sem grande peso temático ou político, nem uma exploração profunda das suas personagens. Por um lado, admiro a capacidade de Feig em reconhecer as limitações do seu filme e em saber aproveitar as suas vantagens ao máximo, mesmo que isso impeça a obra de ser mais memorável ou emocionalmente impactante. O cinema tem espaço para todo o tipo de histórias e filmes superficiais com o objetivo único de entreter o seu público-alvo, e também têm o seu lugar merecido no espetro da arte.

São cerca de 100 minutos de imensas sequências de perseguição e luta descontrolada, onde o departamento de duplos se destaca com uma dedicação louvável. A cinematografia de John Schwartzman (Jurassic World Dominion) nem sempre permite que as coreografias e sacrifício físico humano se notem com clareza devido a uma câmara mais agitada em diversos momentos, mas no geral, contribui para os níveis energéticos de Jackpot!. O humor de Feig e Yescombe atinge uma eficiência surpreendente com várias piadas a arrancarem um riso agradável, mas a entrega dos atores é meio caminho andado para o sucesso.

Neste aspeto, Cena continua a impressionar com o seu timing cómico, sendo que o seu personagem propositadamente exagerado favorece imenso as suas expressões faciais mais teatrais. Awkwafina vinha a entrar num rumo perigoso de papéis-tipo algo irritantes e repetitivos, mas em Jackpot!, entrega a sua performance mais equilibrada desde Shang-Chi. Já Liu diverte-se com a sua função de antagonista cliché guiado por dinheiro, oferecendo o seu charme natural para a química positiva geral do elenco.

Jackpot! é daquelas obras que não levanta problemas graves, pois sabe que tipo de filme é e nunca tenta ser mais nem menos do que isso. Criticar esta obra de Feig por não passar nenhuma mensagem sociopolítica relevante ou apresentar um estudo de personagem complexo tem tanto nexo como criticar uma obra de horror por não ter mais comédia ou vice-versa. Todos os filmes possuem metas diferentes e meios distintos para as atingir. Se me vou recordar deste filme no fim do ano? Provavelmente não. Mas que recomendo a qualquer espetador que deseje um bocado de diversão simples, lá isso recomendo.

VEREDITO

Jackpot! é uma obra que cumpre o que promete: puro entretenimento. Sem pretensões de se tornar uma obra memorável ou de aprofundar temas complexos, Paul Feig entrega uma experiência leve e admitidamente tonta, com um elenco carismático que se destaca pela sua entrega cómica. É uma escolha segura para quem procura um serão despreocupado de diversão, repleto de ação e humor, sem a necessidade de refletir demasiado sobre tópicos sociopolíticos. Embora não seja um filme que ficará gravado na memória, cumpre o seu propósito com eficácia, sendo uma opção recomendada para os fãs de comédias de ação descomprometidas.

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