Tormented Souls II Review: Em terras familiares

- Publicidade -

Tormented Souls II traz algumas novidades de peso que melhoram significativamente a jogabilidade da série, mas a sua falta de inovação e dependência na nostalgia retiram-lhe a surpresa e encanto que teria há cinco anos.

O género terror caminha para uma nova revolução. Esta é uma previsão que poderá não se cumprir na totalidade, muito devido aos tempos incertos na indústria dos videojogos, mas é o passo lógico para um género que se vê lentamente sem a presença necessária de homenagens e reinterpretações de séries adormecidas. Com Resident Evil cada vez mais popular, com remakes e novos títulos a reconquistarem os fãs nestes últimos seis anos, e Silent Hill a sair da sua hibernação – tal como Project Zero, que se prepara para receber o há muito aguardado remake de Crimson Butterfly -, as séries clássicas recuperaram o trono que havia sido tomado por estúdios e projetos independentes que se muniram da nostalgia para revigorar o género moribundo. Sem essa necessidade de homenagear o passado, qual será o próximo passo para o género? O único caminho é a evolução.

Se olharmos para Crow Country, Sorry We’re Closed e Silly Polly Beast, entre outros, podemos ver o género a querer quebrar as amarras dos sistemas e funcionalidades que associamos ao passado. As câmaras pré-definidas são utilizadas, mas a sua função é agora mais cinematográfica; a jogabilidade tornou-se mais imediata e centrada na personalização ou então na utilização de armas pouco convencionais; e as campanhas procuram uma modernização saudável, ora apostando em mundos mais expansivos com NPC e um sistema de diálogo mais próximo de um jogo narrativa, ora introduzindo sequências de ação que destoam corajosamente da experiência de terror. Perante esta tentativa de conciliar o passado com o futuro, encontramos Tormented Souls II, um bom jogo de terror, um salto significativo em comparação ao primeiro título e uma demonstração clara do quão a Dual Effect domina esta vertente de homenagem a Resident Evil e Silent Hill, mas cujo futuro fica agora por determinar.

É injusto dizer que Tormented Souls II é uma experiência vazia ou muito menos marcante do que o primeiro título da Dual Effect, mas o seu impacto é, de facto, menor. Isto é uma tragédia. A sequela é um salto evolucionário em vários sentidos, com melhor sistema de combate, navegação mais ponderada – com melhor level design e utilização dos ângulos pré-definidos –, um sistema de iluminação mais detalhado, novas mecânicas e até um elemento mais sobrenatural que nos permite visitar versões alternativas de algumas das suas zonas. No entanto, a Dual Effect insiste em inimigos que pecam pela AI e que são demasiado resistentes para manter o combate divertido ou tenso, invalidando quase por completo os confrontos corpo a corpo. A utilização da escuridão, à semelhança do primeiro jogo, continua a servir mais como barreira de progresso do que como uma funcionalidade inventiva e assustadora.

Talvez o maior erro de Tormented Souls II seja permanecer confortavelmente no seu lugar, conseguindo assumir-se como uma evolução e a sua própria estagnação, num género que parece estar cada vez mais interessado em evoluir. É um desfecho algo injusto, mas Tormented Souls II não peca por ser um bom jogo, antes por ser seguro.

Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela PQube.

João Canelo
João Canelo
Crítico de videojogos, Guionista, Professor e o responsável pelo melhor mortal nas aulas de Educação Física em 2002. Um aficionado por jogos peculiares.
- Publicidade -

Deixa uma resposta

Introduz o teu comentário!
Introduz o teu nome

Relacionados