The Last of Us Part II Remastered

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A versão definitiva de The Last of Us Part II aterra na PlayStation 5 com uma versão nativa e modos de jogo que valem bem a pena a sua simbólica atualização.

Cerca de três anos depois e ainda estamos aqui a falar de The Last of Us Part II. Não pela antecipação da segunda temporada da incrível adaptação live-action da HBO, que vai entrar em produção em breve, nem para falar de modo multi-jogador, cancelado pelas gigantes ambições da Naughty Dog, mas sim por algo que alguns dos mais mesquinhos odeiam ler ou ouvir: uma “remasterização”!

Buh! Aqui vem ela! Para remasterizar o vosso jogo favorito! Cuidado! Ela vai-vos estragar a vossa preciosa experiência! Pior ainda! Vai tornar o vosso jogo favorito… desatualizado! Bom, vamos diretos ao assunto. The Last of Us Part II Remastered não podia ser mais claro na sua nomenclatura. É uma remasterização. Uma versão atualizada, refinada, mais sólida e que aproveita para tirar partido das capacidades de hardware mais recentes, neste caso da PlayStation 5.

É compreensível que existam dúvidas e é fácil ficarmos cínicos quanto à sua natureza, depois de vermos o original The Last of Us refeito no motor mais recente da Naughty Dog sem grandes novidades para além da tecnologia que o compõe. The Last of Us Part II Remastered não podia ser mais diferente. Por um lado, é exatamente o mesmo jogo lançado em 2020 para PlayStation 4. No seu modo narrativo e cinemático – com a história que já devem conhecer bem -, nada muda, nem na sua apresentação à primeira vista. Mas há melhorias subtis.

Esta versão do jogo é nativa à PlayStation 5 e apresenta-se não com “melhores gráficos” – entre aspas –, mas sim com uma melhor fidelidade de imagem e de som – como as remasterizações de filmes e de álbuns de música. Assim, se The Last of Us Part II já tinha bom aspeto, agora ainda está melhor. Com a versão de qualidade a oferecer uma experiência 4K a 30FPS – a minha favorita pela sua apresentação cinemática e visualmente rica – e outra de resolução mais baixa, a 60FPS, sem qualquer alteração aparente. Tudo isto, claro, com subtis melhorias de texturas, sombras e geometria. Já os jogadores com ecrãs de 120Hz, ou com taxa de atualização variável, poderão jogar The Last of Us Part II com FPS desbloqueados.

A diferença visual não é imediatamente aparente. Um olho mais treinado irá sentir algo de diferente, mas só me apercebi das diferenças na fidelidade visual quando revisitei a versão PlayStation 4. Na nova versão, o jogo apresenta uma imagem mais clara, rica e detalhada, enquanto que, na versão original, parece mais desfocada e com texturas mais esbatidas. Uma espécie de diferença entre definições baixas e altas num jogo de PC.

Mas não é só na apresentação que The Last of Us Part II apresenta melhorias subtis. Esta conversão à PlayStation 5, que coloca o jogo visualmente no patamar de The Last of Us Part I – o Remake -, inclui todas as melhorias expectáveis como respostas hápticas no DualSense, gatilhos responsivos, tempos de carregamento muito mais rápidos, novas opções de acessibilidade, áudio espacial com suporte de Dolby Atmos e – provavelmente a minha melhoria favorita – uma taxa de atualização das animações mais alta. Uma função invisível, mas que se sente numa jogabilidade mais rápida, fluida e muito mais responsiva, algo extremamente evidente em sequências de ação mais caóticas.

Aquando da sua revelação, poderíamos dizer que The Last of Us Part II Remastered era uma “Director’s Cut”, como Ghost of Tsushima e Death Stranding receberam. Mas porque nada na história do jogo foi alterado ou adicionado, The Last of Us Part II Remastered aproxima-se mais de uma versão definitiva, onde a sua mais valia são os conteúdos adicionais.

Um dos meus favoritos, e que me fez revisitar novamente esta jornada, é a inclusão de comentários de produção. Com esta funcionalidade ativa, sempre que surge uma cinemática ou momento de história mais importante, o áudio do jogo diminui para ouvirmos o diretor Neil Druckman, Ashley Johnson, Troy Baker e restante elenco a comentar que decisões tomaram para aquelas cenas, partilhar memórias de produção e contar pequenas anedotas que nos abrem um pouco as cortinas dos bastidores do jogo. É uma delícia para os fãs de The Last of Us que funciona como um mini-podcast que ouvimos em contexto do progresso da história. Recomendo imenso que explorem esta novidade ao revisitarem a campanha.

Outra adição interessante são os Lost Levels, uma seleção de níveis que foram cortados do jogo original, por interferirem com o progresso da história ou porque outras decisões de produção foram tomadas, mas que, tirando alguns pedaços de comentário espalhados pelos níveis, não considerei muito interessantes. A Naughty Dog não mentiu ao dizer que estes eram níveis inacabados, com falta de elementos visuais e de áudio, ou até sem grandes oportunidades de jogo. No entanto, não considero estes extras como um dos pontos de venda real deste relançamento. Essa distinção vai para o modo No Return.

No Return é, para mim, o pedaço mais importante deste relançamento. No fundo, trata-se de um modo árcade, inspirado em experiências de sobrevivência e de roguelike, através de rápidos encontros em diferentes níveis inspirados no jogo base, apresentados de forma aleatória. Através da remistura de vários elementos, No Return permite-nos explorar os sistemas de combate de The Last of Us Part II, com o acesso a virtualmente todo o elenco de personagens que conhecemos nesta aventura. É um modo de escala reduzida, mas extremamente sólido e complexo naquilo que apresenta, cheio de incentivos para continuar a jogar, ainda que não ofereça um “objetivo final”.

Graças à sua progressão clássica, que precede os jogos enquanto serviços, onde novas coisas se desbloqueiam através de ações em vez de “subidas de nível” – como jogar com a Dina três vezes para desbloquear o Jesse, ou jogar com a Abby durante um confronto e usar apenas melee para desbloquear uma Skin – o incentivo de explorar mais o modo No Return é imenso, até porque quanto mais jogamos, mais novos elementos vão sendo adicionados à experiência.

Mecanicamente, No Return usa a mesma jogabilidade do jogo base, dando-nos finalmente a oportunidade de controlar Joel com quase a mesma agilidade de Ellie. O que torna tudo tão especial são os objetivos, os sub-modos de cada encontro e a remistura de inimigos. Através de uma case board, podemos escolher o nível seguinte, que pode ser de eliminação de inimigos, sobrevivência durante um determinado período de tempo ou, até, batalhas com bosses – normalmente no final de cada sessão.

Ao longo de cada sessão, vamos acumulado recursos, com os quais podemos desbloquear armas, armadilhas, medkits e até habilidades. No entanto, uma vez terminada, quer chegando ao fim ou morrendo, começamos a sessão de novo, do zero. É, no fundo, um sistema de progressão de personagem um pouco condensado, comparado com o jogo base, mas o suficiente para nos criar urgência e manter investidos em cada sessão de jogo, especialmente quando alguns desbloqueios, como skins e níveis, dependem do nosso percurso. E, claro, não podiam faltar modificadores, diferentes modos de dificuldade e até um modo de criação de sessão, onde é possível definir todos os parâmetros da experiência.

No Return revela-se também um ótimo party-game entre fãs, que podem juntar-se à volta do ecrã a ver quem chega mais longe. Infelizmente, a componente social não vai muito mais longe. Para além de uma leaderboard, No Return não oferece nenhum modo de co-op online ou local, o que é pena, dado que se sente que existe aqui uma base multi-jogador, até porque somos acompanhados por outras personagens em alguns encontros. Pode ser que um dia surja uma nova atualização nesse sentido, mas, para já, é mesmo uma experiência a solo.

The Last of Us Part II Remastered, como já devem ter percebido, inclui também novas skins para desbloquear e usar no No Return e na sua campanha, tem ainda outros extras como o podcast oficial do jogo e dois meros trailers, entre outros “docinhos” que podiam ser melhorzinhos. Ainda assim, The Last of Us Part II Remastered é um pacote excelente para novos jogadores, que podem lançar-se nesta aventura com a versão definitiva do jogo, mas ainda melhor para quem já tem o jogo.

Se já jogaram The Last of Us Part II e nada disto vos atrai, tudo o que poupam é uma simbólica quantia de 10€. Valor esse que é o custo da atualização para todos os que têm a versão da PlayStation 4. E dito isto, se quiserem revisitar The Last of Us Part II, esta atualização é um verdadeiro no-brainer.

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Cópia para análise cedida pela PlayStation Portugal.

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