Recentemente, abriu também o T&C Terrace, uma “extensão” do T&C, mais dedicada aos petiscos.
Foi em julho de 2020, em ano de pandemia, que abriu ao público o World of Wine, um projeto que celebra a histórica indústria do Vinho do Porto.
O objetivo deste projeto, assinado pela Broadway Malyan e desenvolvido durante seis anos, era não só criar uma atração de classe mundial nas históricas caves de Gaia, mas também, ao mesmo tempo, dar resposta à estratégia do Plano Municipal para atrair turismo para esta zona.
Localizado na encosta orientada sobre o rio Douro e com frente para a cidade do Porto, o World of Wine conta com uma área bruta de 55.000 m2 e contempla cinco áreas diferentes, incluindo a Wine Experience, Planet Cork, Porto Region Across the Ages, The Bridge Collection (com cerca de 2000 copos e recipientes em exposição, cujo exemplar mais antigo remonta ao ano 7000 a.C) e ainda o Museu Atkinson (desde esta semana a receber uma exposição da Tate), todas integradas num projeto que combina a recuperação das caves e edifícios históricos com novas formas arquitetónicas, desenvolvidas em torno de uma nova praça pública com vários restantes e lojas.
No local, existem sete museus, 12 restaurantes e bares, um espaço de exposições e vários espaços para eventos.
O projeto inclui a reabilitação sensível da estrutura original de vários armazéns e a sustentabilidade, preservação do património histórico e os valores sociais foram os principais motores para a arquitetura do novo projeto.
Aliás, a reabilitação dos edifícios existentes inclui a substituição de vigas de madeira e a recuperação de paredes de granito utilizando uma pedra local, que foi também utilizada para os novos edifícios bem como para os pavimentos das zonas públicas.
Apesar de o acesso ao espaço ser totalmente livre, a entrada nos museus é paga, com os bilhetes a poderem ser adquiridos online ou no local. Mas não é exatamente do WOW que vos queremos falar hoje, apesar de a visita ser obrigatória numa ida ao Porto – basta atravessar a ponte que liga o município a Gaia para se ficar com uma vista incrível sobre a Invicta.
Uma recente ida ao norte do país permitiu-nos experimentar um dos restaurantes deste quarteirão cultural, neste caso o T&C. Trata-se de um restaurante inserido numa antiga cave – mais precisamente está localizado no rés-do-chão da Escola de Vinho -, que foi recuperada, e dedicado à comida tipicamente portuguesa, ou não apresentasse um menu que nos faz lembrar idas a tascas ou grandes almoços nas casas dos nossos avós.
Os sabores são genuinamente portugueses e os pratos confortam qualquer estômago, é certo, e vão achar piada ao facto de, no interior, algumas mesas estarem dentro de antigos balseiros de vinho. Estes balseiros estão algo “isolados”, com dois pequenos candeeiros pendurados a iluminar a mesa, dando também um toque romântico à coisa. Mas por mais amoroso que seja, ficámos mesmo na esplanada, pois o dia abafado assim o pedia.
Antes do nosso pedido chegar à mesa, e para acompanhar o couvert, o staff do T&C serve um aperitivo, um Taylor’s Chip Dry. É o vinho do porto branco original criado pela Taylor’s em 1934, com o seu toque final refrescante, crocante e picante, daí ser perfeito para aperitivo, especialmente nestes dias de verão.
Das entradas, optámos por três: Alheira fumada de Mirandela (com folhas verdes, lâminas de rabanete e vinagrete), Bolinhos de bacalhau (duas unidades com maionese de alho) e, ainda, Favas com enchidos (com linguiça, farinheira, ovo a baixa temperatura e salsa fresca). Uma boa alheira não tem como enganar, e foi o caso desta de Mirandela, enquanto que os Bolinhos de bacalhau não surpreenderam. Porém, foram mesmo as Favas com enchidos as vencedoras nesta secção das entradas. Não só estavam molinhas q.b., como não tinham o típico sabor mais forte das favas, com uma textura mais grossa – a lembrar os convívios nas aldeias -, o que faz com que muita gente não aprecie esta iguaria, como é o caso deste vosso escriba. Mas aqui, fiquei rendido. É possível que alguma coisa no molho do prato tenha ajudado a dar outro sabor às favas, mas estava tudo bem equilibrado, com cada ingrediente a brilhar por si só, sendo de realçar a linguiça.
Com três entradas no estômago, não nos conseguimos “esticar” muito nos Pratos Principais, pelo que optámos por dois: Posta (Alcatra de vitelão, batata ao murro, grelos ao alho e molho mirandês) e Francesinha T&C (bife de alcatra, linguiça, salsicha, ovo, batata palito e molho com Vinho do Porto).
A Posta foi servida com um aspeto curioso, com um formato algo retangular, e um molho (que pode levar azeite, vinagre branco, alho, pimentão doce, sal grosso, malagueta picada e louro em pó) que deve ser colocado por cima da carne acabada de sair da grelha. Foi o que fizemos, até porque o molho não podia vir já por cima da carne – essa tarefa cabe ao cliente -, e tão depressa a Posta chegou à mesa… como desapareceu.
Já a Francesinha T&C, apesar da aposta arrojada com o molho com vinho do Porto – não é costume noutros pontos do país – não surpreendeu, uma vez que o bife de alcatra colocado na francesinha era demasiado grosso e bem passado demais.
A refeição fluiu, em todo o caso, de forma maravilhosa, também graças à ótima Sangria de espumante, que recomendados vivamente que peçam numa visita ao T&C.
Para finalizar em beleza, pedimos não duas, mas três sobremesas (sim, somos gulosos): Leite Creme Queimado, Bolo de Bolacha e Romeu & Julieta (Queijo da serra, marmelada e nozes caramelizadas). Das propostas mais doces, só nos conseguimos lembrar das nossas avós a terem estas sobremesas após um vasto repasto, o que só pode ser bom sinal. Já o Romeu & Julieta é indicado para aqueles casais que não dispensam queijo à refeição. Porém, temos mesmo de destacar a marmelada, que estava divinal.
Nota curiosa sobre as sobremesas é que o próprio menu sugere propostas de harmonização, numa tirada bem conseguida e que vai certamente agradar a turistas estrangeiros.
Não nos podemos esquecer da extensão do T&C, o T&C Terrace, que abriu recentemente. A proposta deste espaço, que surge também como homenagem à comida tipicamente portuguesa, é ocupar as tardes com uma seleção de petiscos, queijos e enchidos. A ideia é picar e partilhar, até porque os momentos ganham significado junto daqueles que mais amamos. Por isso, se estiverem por Gaia, podem picar o ponto no T&C Terrace, e depois finalizar o dia com um belíssimo jantar no T&C.
Da nossa parte, está mais que aprovado. E se gostarem de música portuguesa, com especial foco no que é feito no norte do país, então irão adorar a banda sonora que acompanha as refeições.
Aberto todos os dias das 12h às 15h e das 19h às 22h, o T&C está à vossa espera à distância de um telefonema (220121225) ou de um clique.