Eram a banda que todos queriam ver nesta quinta-feira. Talvez mesmo o nome mais aguardado em todo o festival. E embora a Altice Arena estivesse longe de estar lotada – vários balcões vazios no balcão 1 e balcão 2 totalmente vazio – os The xx deram novamente um excelente concerto e provaram que estão mais crescidos que nunca.
Sem novidades de relevo – o mais recente álbum I See You já tinha sido apresentado antes – este concerto serviu mais para celebrar o poderio crescente de uma banda que começou pequenina, como todas as outras, e com o seu som minimalista e erótico, para uma banda que soube reinventar-se e que se apresenta, hoje em dia, mais expansiva do que nunca.
Apresentando sensivelmente o mesmo cenário de palco como no último concerto que deram por cá, o tema que passava antes da entrada em palco – “Tempest”, de Pional – dava-nos a sensação de que estaríamos prestes a entrar na discoteca Lux. E ainda bem.
Tudo começou com “Dangerous”, do último álbum de estúdio, à qual se seguiu “Islands”, bem mais mexida que em versão de estúdio. O público, esse, conquistado desde o primeiro instante, gritava imenso cada vez que terminava um dos temas.
Mas foi com “Crystalised” que chegou um dos grandes momentos da noite. Ao vivo, o tema transforma-se, ganha uma batida dancável e deixa o convite irresistível a bater o pezinho. É uma enorme diferença em relação às primeiras vezes que ouvimos a faixa. E isto aplica-se a todas as músicas da banda.
Se antes as músicas se mostravam mais comedidas ao vivo, hoje em dia ganham outra vida graças a Jamie xx, ele que lidera agora a banda, digamos, e que arrisca muito mais – e tem confiança para isso – após ter lançado o seu álbum de estreia a solo. Se antes os víamos como três jovens que só queriam mostrar a sua música de forma tímida – quem esteve lá na Aula Magna em 2010? -, hoje em dia apelam a palcos maiores e, consequentemente, acabam por conquistar novos fãs.
Com uma sonoridade mais densa, há, porém, momentos em que aquele soa mais alto aquele minimalismo que todos conhecemos, como em “Performance”, tema em que Romy Croft canta sozinha. “Esta música significa muito para mim”, dizia ela. E, sem dúvida, que diz muito a outros tantos fãs.
Um concerto que decorreu a bom ritmo e com pausas que não foram excessivas, sobretudo porque, sempre que o desejavam, Oliver e Romy dirigiam-se a público. Já “Fiction”, interpretada por Oliver Sim, foi dedicada à comunidade LGBT, em peso na Altice Arena. “Eu sou um de vós”.
Houve, no entanto, alguns problemas, nomeadamente com o som, que esteve sempre demasiado alto e que acabou por prejudicar algumas temas, como “Loud Places”, belíssima faixa do trabalho a solo de Jamie xx, que acabou por soar pior que o desejado.
A fechar o alinhamento, um trio fortíssimo: “On Hold” (numa versão remixada incrível), uma “Intro” muito aplaudido e, claro, provavelmente o momento mais esperado com “Angels”, cantada somente por Romy, que, mais uma vez, declarou o seu amor por Portugal e quão importante era estarem ali, no último concerto da digressão, após dois anos da estrada.
Seguidamente viriam os Justice, mas já não contaram com tanto público. Para o posterioridade fica a comunhão entre os The xx e o público português e que tem tudo para continuar a ser mais forte.