Star Wars Jedi: Survivor

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Star Wars Jedi: Survivor pode ter desapontado alguns jogadores por um desempenho abaixo das expectativas durante o lançamento, mas tudo o resto que o compõe faz desta aposta da Respawn Entertainment um dos melhores jogos de Star Wars e um enorme candidato a jogo do ano.

Star Wars Jedi: Survivor surge três anos depois de uma ambiciosa e surpreendente aposta da Respawn Entertainment – criadores de Titanfall e Apex Legends –, ao explorar novas partes do universo Star Wars, com novas personagens e aventuras, com o desafio de contar uma história original, mas, ainda assim, canónica ao universo cinemático e televisivo desta tão importante propriedade intelectual.

Enquanto sequela de Star Wars Jedi: Fallen Order, Star Wars Jedi: Survivor expande, objetivamente, em todas as direções e dimensões, a proposta do jogo de aventuras anterior. Star Wars Jedi: Fallen Order foi extremamente bem recebido pela crítica e pelos jogadores, mas é impossível ignorar o facto de que essa extremamente positiva aceitação pelo jogo foi alavancada pelo fator surpresa – pois o título foi anunciado meio ano antes do seu lançamento – e, claro, por ser Star Wars. Claro que não podemos descartar a sua sólida história e premissa, mas, enquanto videojogo, não foi muito mais do que uma sólida mistura de géneros de jogos de ação e aventura contemporâneos, aproximando-o daquilo que é um soulsborne de Star Wars.

Tudo isto ajudou a que o jogo tivesse sido bem recebido, apesar de padecer da síndrome de “primeiro jogo de uma série”, neste caso a série Star Wars Jedi. Foi, no fundo, um setup para algo maior, seguro e com muito espaço para melhorias. Quero assim dizer que Star Wars Jedi: Survivor não existe no vácuo, não existe sem Fallen Order, que é extremamente essencial para a compreensão dos eventos e para a leitura feita a estas personagem, e não existe sem Fallen Order porque esta é a base de tudo aquilo que foi construído em cima dele.

Em Star Wars Jedi: Survivor continuamos a aventura de Cal Kestis, cerca de cinco anos depois dos eventos do primeiro jogo. Há um salto temporal, com histórias pelo caminho que são aludidas ao longo deste jogo, uma vez que o elenco de personagens encontra-se separado, com as suas próprias missões pessoais, que, de alguma forma, se interferem e interligam umas com as outras. É um setup perfeito para nos deixar investidos no mistério dos “porquês”, que tem tanto de bom como de menos bom, particularmente devido ao ritmo desta aventura em formato de videojogo.

Amigos do passado como Greez, Merrin, Cere e o adorável BD-1 estão de volta, com a adição de um novo membro ao gang, Bode Akuna, um membro da proto-rebelião que, juntamente com Cal, trabalham a mando de Saw Gerrera em missões por toda a galáxia. Mas estas missões não são a real premissa do jogo, mas sim a busca de um planeta perdido, que pode ser o refúgio perfeito para todos os que são perseguidos pelas forças do Império, levantando assim interessantes oportunidades para a saga Star Wars no geral. No entanto, entre outras revelações que não vou mencionar, Star Wars Jedi: Survivor demora algum tempo até começar a ter uma história coesa e que nos deixe realmente investidos na aventura ou nas motivações das personagens. Isto acontece devido a um dos pontos mais fortes do jogo: a sua escala.


Com uma seleção bem modesta de planetas a visitar, Star Wars Jedi: Survivor volta a apostar no registo metroidvanianesco, com foco na exploração e abertura de atalhos, com um level design fantástico que, mesmo sendo uma grande parte das vezes linear, consegue criar uma ilusão muito boa de novidade e surpresa graças à incrível diversidade de áreas. Por exemplo, em Koboh, o planeta onde vamos passar mais tempo, a sua escala é absurdamente gigante, concentrado uma cerca de uma dezena de biomas diferentes, que tradicionalmente em histórias destas seriam dedicadas a um planeta por si só.

Esta expansividade deu também oportunidade à Respawn Entertainment de aplicar mais elementos de RPG na forma como abordamos o jogo, com imensas atividades e missões secundárias que podem ser abordadas de forma aleatória de acordo com a nossa vontade, e quase todas elas com recompensas, mini-narrativas e colecionáveis associados, que valem a pena o nosso investimento. E com isto, para jogadores como eu, que gostam de limpar o máximo de terreno possível antes de avançarem na história principal, revelou-se o tal “problema” de as suas histórias não arrancarem logo de imediato. Felizmente, é tão aliciante e vai a sítios tão interessantes, quer a nível pessoal e íntimo para as personagens, como para os fãs de longa data de Star Wars, que a urgência de jogo aumenta consideravelmente.

Outro aspeto que foi muito bem melhorado em Star Wars Jedi: Survivor foi a personalização de personagens e os tais colecionáveis que vamos apanhando na exploração. Completar o jogo a 100% (que ainda estou neste momento a fazer) tem sido extremamente satisfatório. Todas as atividades ou pontos de interesse oferecem algo de interessante, como peças para o nosso BD-1, fatos e aspetos alteráveis para Cal, algo que no primeiro jogo se reduzia simplesmente a Ponchos de diferentes cores. E temos também peças para criar os nossos sabres de luz, que se apresentam aqui muito mais complexos, em complemento às novas formas de jogar.

A jogabilidade de Star Wars Jedi: Survivor é familiar e muito semelhante à do jogo anterior. Mas muito mais profunda, dinâmica, satisfatória e divertida. Até porque as animações de Cal melhoraram consideravelmente, algo que me surpreendeu pela positiva, uma vez que o marketing do jogo sempre apresentou Cal a saltar e correr entre paredes com a mesma qualidade desajeitada do primeiro jogo. Mas não é, de todo, o caso. Cal move-se de forma mais natural e orgânica e é algo que também se observa nos combates, com uma jogabilidade responsiva e extremamente satisfatória, especialmente nas finalizações com membros dos inimigos a voarem pelo ecrã.

A complexidade de movimentos reflete-se também numa jogabilidade mais profunda, que não se simplifica ao bloqueio, ataque e desvio, graças à introdução de novas “stances” ou modos de combate, onde o nosso sabre muda de forma. Temos o tradicional, com o sabre numa mão; o duplo manuseamento, com dois sabres um em cada mão; o modo “Darth Maul” com sabre de duas pontas; e outras duas novidades bem divertidas, o sabre mais “pesado” e poderoso como o de Kylo Ren, e o modo onde podemos usar um blaster, para combate à distância. O jogo permite que o jogador use apenas duas de cada vez, criando alguma ansiedade positiva antes de partir para combate e convidando também à experimentação dos mesmos. A única coisa que gostaria de ter visto mais explorada no campo da jogabilidade seria o uso da Força, com ataques mais criativos, uma vez que que a mesma é serve apenas como substituta da Stamina para os ataques especiais com o sabre e para uma jogabilidade mais defensiva.


Joguei Star Wars Jedi: Survivor na dificuldade intermédia, Jedi Knight, a terceira de cinco, e, francamente, achei o jogo relativamente mais fácil e acessível que o anterior. Conta com um excelente equilíbrio de desafio e em momento algum senti que houvessem picos de dificuldade exagerados que me deixassem angustiado ou chateado. Mas preparem-se para batalhas de bosses mais exigentes, especialmente as de missões opcionais com inimigos de classe “lendário” com ataques de one-hit-kill.

Star Wars Jedi: Survivor é também um jogo belíssimo, tanto a nível visual como áudio. Mas o uso do Unreal Engine 4 aqui é algo de extraordinário, com modelos e ambientes altamente detalhados e diversos, num jogo que tira partido de tecnologias de Ray Tracing com iluminação global que tornam a imagem mais coesa, natural e cinemática. É um autêntico show-off técnico, especialmente em cinemáticas e sequências jogáveis inacreditáveis, mas, por vezes, estas inovações revelam-se demasiado altas.

Não quero iludir ninguém. Esta não foi uma aventura perfeita. Mas foi satisfatória o suficiente para conseguir olhar para o lado face a algumas chatices. Joguei Star Wars Jedi: Survivor do início ao fim, pós-lançamento oficial, mas antes dos patches prometidos pela Respawn Entertainment. Não posso falar da versão para PC, cuja comunidade foi muito vocal em dizer que não estava muito boa, mas posso falar da versão para a PlayStation 5, que honestamente está ok.

Como adepto de modos de fotografia, quero deixar aqui também uma nota muito positiva sobre o mesmo, lançado em simultâneo com o jogo e que dá aquilo que importa aos fotógrafos virtuais. Um excelente controlo de câmara, com uma ótima distancia e até um sistema de luzes de três pontos para ajudar a criar fotografias bem dramáticas e apelativas. É excelente.

Após alguns testes, decidi jogar Star Wars Jedi: Survivor no modo de qualidade, que promete a melhor resolução a troco de uma taxa de frames máxima a 30FPS. É uma experiência ok, não muito diferente do que Star Wars Jedi: Fallen Order ofereceu no seu lançamento, ou de outros jogos que joguei nas últimas 2 ou 3 gerações. A qualidade de imagem é bastante sólida e detalhada e os 30FPS aguentam-se bastante bem na maioria do tempo, tendo notado algumas quebras numa área muito específica de Koboh e em algumas cinemáticas. Mas nada que me tenha retirado da experiência.

Já o modo de desempenho, cuja promessa são os 1440p de resolução até 60FPS, achei simplesmente intragável, com uma imagem muito desfocada, de resolução bem inferior à prometida e uma taxa de frames muito inconstante e com screen tearing. Não recomendo de todo. Por isso, se este for um aspeto a considerarem assim tão importante, diria para esperarem por futuros patches de otimização. Porque esta história de Star Wars vale mesmo a pena.

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Adorava poder explorar neste artigo um pouco mais a questão da história de Star Wars Jedi: Survivor, porque apesar do fator lúdico e divertido do jogo, que contrasta com algumas chatices técnicas que lhe retiram o merecido mérito, a jornada pessoal de Cal e companhia é, sem dúvida, algo de especial que merece ser experienciado em primeira mão, capítulo após capítulo, pela quantidade de surpresas, reviravoltas, sequências e desenvolvimentos feitos. É, sem dúvida alguma, uma montanha russa de emoções. E uma que, por vezes, nos faz esquecer que este é um jogo de Star Wars, colocando-o assim no topo da minha lista de jogos favoritos deste universo, e potencialmente um dos meus candidatos pessoais a jogo do ano.

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Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela Electronic Arts.

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