S.T.A.L.K.E.R. 2 – Heart of Chornobyl Review : Sonhos Radioativos

- Publicidade -

A ressurreição da série S.T.A.L.K.E.R. é forte e uma demonstração da fé que a GSC Game World sempre depositou no universo criado pelos irmãos Grygorovych. Na estreia na PlayStation 5, Heart of Chornobyl assume-se como um jogo de ação e sobrevivência único.

Em vários sentidos, a experiência de jogar S.T.A.L.K.E.R. 2 – Heart of Chornobyl é um reflexo da própria demanda dos mercenários que se aventuram pela Zona. O risco da morte, a incerteza dos perigos que nos esperam, as monstruosidades que nos caçam e as anomalias que vão além da compreensão humanas não são dissuasões suficientemente fortes para suplantarem o chamamento da aventura que acompanha esta série. Na Zona está o mistério, a glória do descobrimento e um mundo aparentemente normal que se molda a cada dia que passa. Um fac-simile de um mundo próximo ao nosso, mas que se transformou e evoluiu graças à influência de anos de experiências e acontecimentos sobrenaturais que esculpiram o que é agora uma zona de morte.

Esta é a sensação de jogar S.T.A.L.K.E.R., esta luta constante contra a morte, onde podemos ser eliminados a qualquer momento, seja pela natureza corrompida da Zona ou pelos bandidos que vasculham os campos em busca de artefactos e saque para venderem. Cada missão é uma incerteza, uma luta por sobrevivência, até quando pensamos que estamos preparados para tudo. Esta sensação de perigo constante mantém-se presente na sequela, Heart of Chornobyl, que aposta num formato mais moderno e acessível, com vários sistemas que associamos atualmente ao género open world – pontos de interesse, missões secundárias, melhores checkpoints, mapa extenso e dividido por zonas principais –, mas a dificuldade é uma constante e por mais que a GSC Game World tenha simplificado partes da jogabilidade da série, o desafio continua assente na compreensão das regras que regem o mundo de Chornobyl e a forma como decidimos abordar cada desafio que encontramos enquanto exploramos o extenso mapa.

As armas continuam a falhar, os inimigos são capazes de acertar a metros de distância e as criaturas podem cercar-nos em segundos sem que possamos fazer nada, mas é possível sentir que Heart of Chornobyl não depende tanto de RNG e más decisões de design para criar tensão, tal como os títulos anteriores. Existe aqui um maior polimento que joga a favor da exploração e até das mecânicas RPG da sequela, apostando mais na liberdade de abordagens que encontramos em cada momento da ação do que na injustiça do seu código inacabado. A tensão continua presente, os checkpoints não são propriamente uma ajuda constante e o inventário foi melhorado, mas ainda é difícil de navegar na versão para consolas, e, ainda assim, a sequela conseguiu melhorar o sistema de mira, dar-nos um mundo mais vasto e variado, com imensa beleza natural, uma boa iluminação e ciclo de dia e noite que revelam como a sequela é uma evolução da fórmula popularizada pelos títulos anteriores.

No entanto, jogar S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl não é propriamente uma experiência divertida ou livre de percalços, antes pelo contrário, é um jogo que depende da dicotomia entre desafio e recompensa. É normal necessitarem de uma pausa depois de perderem vários minutos de progresso ou quando surge uma barreira de progresso durante uma missão para qual ainda não estão preparados. A experiência nutre a frustração que sentimos porque sabe que a recompensa não está longe, mas é exigente e isso afasta os jogadores menos pacientes. Para mim, Heart of Chornobyl funcionou dentro da sua frustração, mas fica o aviso: este não é um mundo aberto como todos os outros, é um mundo aberto que vos odeia e que vos quer desafiar até aos vossos limites.

reviews 2021 recomendado

Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela Renaissance PR.

João Canelo
João Canelo
Crítico de videojogos, Guionista, Professor e o responsável pelo melhor mortal nas aulas de Educação Física em 2002. Um aficionado por jogos peculiares.
- Publicidade -

Deixa uma resposta

Introduz o teu comentário!
Introduz o teu nome

Relacionados