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Com uma excelente progressão que evoca um satisfatório sentimento de curiosidade e surpresa, a campanha de Splatoon 3 oferece horas e horas de diversão descomplicada.

Splatoon 3 foi a minha entrada na estupidamente popular série da Nintendo. Apesar de todo o circo mediático que premeditou o lançamento de Splatoon 3, sem falar no sucesso dos títulos anteriores, o colosso da produtora nipónica foi algo que sempre segui à distância. Não sabia por onde começar e tão pouco conseguiria antevia o que tornava a série tão interessante para milhões de jogadores, mas à terceira foi de vez, e aqui estou a dar o salto para um universo onde me sinto como um peixe, ou antes um polvo, fora de água.

No Japão, Splatoon 3 conseguiu a proeza de vender 3.45 milhões de unidades em apenas três dias, quebrando o recorde de vendas nessa região. Aqui há magia. Infelizmente, após ter jogado uma boa porção da sua campanha, o exclusivo da Nintendo continua a ser um daqueles jogos que, por muito que me tentassem impingir, eu continuo a sentir-me à distância. No entanto, começo a compreender o porquê de se ter tornado num sucesso mundial.

A minha resistência com Splatoon 3 é, a bem dizer, fútil e pessoal. É uma questão de gosto e superficialidade. Não sou, de todo, fã da direção artística da série e há uma barreira semiótica que me impede de me divertir com um jogo que é, sem dúvida alguma, extremamente divertido e viciante.

É claro que Splatoon vive da sua atitude radical, com as suas personagens, inspiradas em lulas e polvos, a quererem ser os maiores da sua rua, apesar de primarem de designs adoráveis. Uma mescla de ideias engraçadas em papel, mas aplicadas até à exaustão de forma quase enjoativa. Em cima disso, temos a decisão dos criadores em dar a estas personagens um idioma extremamente irritante, como se falassem com um elixir bocal na garganta durante o tempo todo. Mais uma vez, não sou um fã.

Contudo, não posso ignorar e devo aplaudir o esforço da Nintendo em criar um mundo complexo, cheio de mitologias e ideias que alimentam fervorosamente os fãs, e que dão aos jogadores a oportunidade de entrarem em modo de escapismo, num mundo completamente diferente da realidade.

Ao colocar a direção de arte de parte, encontro finalmente algo que me comprova o quanto Splatoon merece a popularidade que conquistou: a sua jogabilidade. Apesar de não ter explorado a componente multijogador, pela minha falta de habilidade e destreza competitiva, posso dizer que Splatoon 3 é um jogo bem divertido, muito clássico e daqueles que quero ter por perto para ir jogando a sua campanha nos tempos livres em pequenas doses.

Splatoon merece a popularidade que conquistou.

Ainda que Splatoon 3 seja sujeito a alguns tutoriais e a um início lento, é refrescante um jogo AAA deixar-nos começar logo a jogar sem um tsunami de mecânicas e instruções que, ao longo do tempo, nos obriga a (re)ler códex e manuais (estou a olhar para ti, Xenoblade Chronicles 3). Splatoon 3 prima de várias características de design que considero clássicas, uma delas sendo a apresentação de mecânicas simples, como a de tiro (aqui com a ajuda da tinta), formas de locomoção e de saltos de plataformas que, com o tempo e progressão do jogo, se vão desmultiplicando de acordo com os cenários e objetivos apresentados.

Não sabendo o que era Splatoon até jogar Splatoon 3, descobrir que a sua jogabilidade era afinal tão simples foi, no mínimo, surpreendente. Basicamente, é um shooter onde pintamos o cenário e, nas zonas pintadas, podemos navegar e recarregar a nossa arma (de um gigante arsenal). É basicamente isto. As coisas ficam complexas, de acordo com as novas armas e os puzzles apresentados, numa progressão muito semelhante a, por exemplo, um Portal, também ele simples no papel.

Esta natureza de mecânicas simplórias é fantástica para prender o jogador à medida que explora as várias ilhas do jogo, compostas por dezenas de níveis, desafios e colecionáveis bite-sized, que transformam o que podia ser uma sessão de jogo de meros minutos em várias horas de conteúdos. Isto porque queremos explorar mais um pouco, libertar as ilhas da gosma cor-de-rosa invasora e, claro, espreitar o que o próximo nível tem para oferecer.

A progressão de Splatoon 3 também prima pela liberdade de escolha do jogador. Existe um golden path, com missões de bosses ou desafios obrigatórios no fim de cada zona, mas outras atividades escondem-se pelos cenários, assim como desafios bem interessantes e cerebrais para por à prova as habilidades passivas que conferem mais vida, mais tinta, maior frequência de disparo, mais bombas, etc, que podem ser evoluídas e ajudar a ultrapassar um ou outro nível complicado, enquanto vamos acumulado as “ovas” que podem ser usadas para poder desbloquear mais zonas.

E foi mais ou menos neste loop que Splatoon 3 me convenceu. Movido pela curiosidade do que o próximo nível tem para apresentar, o tipo de arsenal que propõe e os puzzles ambientais que me esperam, um pouco, lá está, como jogos mais clássicos onde, antes do seu “endgame”, existia esta inocência de conhecer e completar os níveis da forma mais eficaz.

Para muitos, o jogo perfeito para perder “tempo” pode ser a experiência online, com matches rápidos e em ambientes sociais, mas, para mim, é este tipo de jogo que descrevi em cima, e Splatoon 3 encaixa-se na perfeição na minha agenda de um domingo à tarde. É excelente. 

Gostava de poder ter a capacidade, vontade e conhecimento no legado da série para explorar minuciosamente as mecânicas de jogo que clicaram com uma comunidade de milhões, particularmente em modo multijogador, mas a minha posição perante este jogo não podia ser a mais casual e distante possível. Reconheço que tem algo que o torna maior do que aquilo que vejo à minha frente, mas, às vezes, não preciso disso para passar um bom bocado de comando na mão dizer “ya, isto é fixe.”

Splatoon 3 pode ser jogado na Nintendo Switch.

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Cópia para análise cedida pela Nintendo Portugal.

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