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Mais um clássico que escapa às garras do tempo, desta vez, num remake visual e mecanicamente empolgantes que revitaliza aquele que podia ter sido um jogo esquecido na história dos videojogos.

Das profundezas do abismo onde habitam todos os videojogos perdidos no tempo, num mar turbulento de catálogos esquecidos e títulos que não são pronunciados há décadas, Shadow of the Ninja renasce contra todas as adversidades. O clássico da Natsume Atari, lançado originalmente em 1990 (na Europa apenas em 1991) para a NES, é a mais recente adição à impressionante lista de videojogos que tiveram direito a uma segunda oportunidade na atual geração de consolas. O jogo de ação e plataformas junta-se a nomes como Pocky & Rocky, The Ninja Saviors e Wild Guns com um remake repleto de personalidade e novos modos para todos os fãs da sua aventura cooperativa.

Apesar de não ter acompanhado o lançamento dos projetos anteriores da atual Natsume Atari, fiquei muito satisfeito com o trabalho de reconstrução de um título perdido e esquecido há 34 anos. A nível visual, Shadow of the Ninja: Reborn é um deleite para os fãs do género, com sprites muito detalhados e repletos de cores, animações fluídas e cheias de efeitos visuais que adicionam maior profundidade e densidade à ação. O universo cyberpunk, que dá vida aos seis níveis de Shadow of the Ninja – sendo que um deles é original -, também é impressionante devido aos mecanismos, criaturas robóticas e à fusão entre a estética industrial e a sensibilidade japonesa. O detalhe volta a ser um dos destaques e os cenários são densos em elementos visuais, sem nunca perder a visibilidade e a navegação imprescindíveis ao género de ação e plataformas. É uma reinterpretação de peso e que só poderá ser devidamente visível se colocarem as duas versões lado a lado.

A nível mecânico, Shadow of the Ninja – Reborn aposta na dificuldade e não tem qualquer problema em fazer-nos suar. Os seis níveis disponíveis são intensos e apresentam um leque de inimigos impressionantes que combinam bem com a diversidade de sequências de plataformas e combate. Conseguimos encontrar zonas superiores e inferiores em quase todos os níveis, e até descobrir novas abordagens aos desafios se quisermos explorar ambas as abordagens. O número de inimigos em campo também é impressionante e os seus padrões são fáceis de ler, mas a combinação entre os vários tipos de robots e ninjas cibernéticos colocam Shadow of the Ninja no patamar de “difícil até dominarmos as suas mecânicas”.

No entanto, nem tudo é clássico neste remake e podemos ver uma sensibilidade mais moderna através da divisão dos níveis por checkpoints, que podemos repetir sempre que perdemos. Como só temos acesso a uma vida por tentativa, estes checkpoints são ainda mais essenciais, mas acabam por influenciar o número de ouro que conseguimos arrecadar no final de cada nível. A presença de vários tipos de dificuldades também é uma tentativa de introduzir mais jogadores à formula clássica do jogo.

Mesmo com novos modos de dificuldade e a presença de checkpoints entre fases, Shadow of the Ninja – Reborn continua a ser um jogo desafiante. Se jogarem a solo ou cooperativamente, a intensidade dos níveis e a combinação entre plataformas e ação, onde só temos uma única vida, vai aumentar a vossa pressão arterial ao longo da campanha. Isto não seria possível sem boas mecânicas e uma dificuldade equilibrada, que se complementam perfeitamente com os protagonistas Hayate e Kaede. Podemos escolher entre ambos e fiquei satisfeito ao descobrir que são ligeiramente diferente. Se Kaede é mais rápida a atacar e capaz de subir paredes, Hayate apresenta um salto mais satisfatório e responsivo que permite reflexos rápidos em confrontos de proximidade. Podemos ter abordagens diferentes, se quisermos, ou então combinar ambas as personagens aos jogarmos com outra pessoa. O remake podia ter introduzido mais personagens, mas este é um caso onde é preferível termos menos opções, mas equilibradas, do que excessos que desvirtuam o ritmo da jogabilidade.

Um dos elementos mais interessantes de Shadow of the Ninja – Reborn é a possibilidade de colecionarmos e utilizarmos várias armas e ferramentas em combate. Escondidas em caixas, estas ferramentas surgem em várias formas e feitios, desde shurikens – que complementam perfeitamente a utilização do gancho para aumentar o nosso alcance nos confrontos à distância –, espadas longas e canhões até a bolinhos de arroz, saqué e outros itens que nos ajudam a curar os ninjas e a aumentar a sua energia. Como só temos uma vida, e se não quisermos utilizar ou estar dependentes do sistema de checkpoints, os itens de cura são essenciais a longo prazo. As armas e projéteis que encontramos também são interessantes porque mudam ligeiramente a forma como abordamos o combate e ajudam-nos a disferir maior dano. Só podemos colecionar sete itens de cada vez e é importante perceber quais são os mais indicados para os vários desafios da campanha. Os itens tornam-se tão essenciais que perder todo o nosso inventário quando regressamos aos checkpoints é o suficiente para repensarmos o nível de início e voltarmos a tentar. Uma adição que faz todo o sentido a partir do momento em que podemos comprar itens e construir o nosso loadout sempre que começamos uma campanha, com o ouro que colecionamos ao longo dos níveis a servir um propósito que não devemos menosprezar.

Shadow of the Ninja – Reborn é um excelente remake e um bom exemplo do que podemos encontrar no género de ação e plataformas. Os níveis são visualmente memoráveis e os novos modos, como o Time Attack, adicionam alguma repetibilidade a uma campanha que se quer curta e desafiante. No fundo, a nova versão de Shadow of the Ninja não tem propriamente elementos negativos de peso, daqueles que me impossibilitam de o recomendar, e depende apenas dos vossos gostos e paciência. Querem um jogo de ação e plataformas clássico com belíssimos sprites e cenários, cheios de vida e efeitos visuais memoráveis, com a possibilidade de jogarem cooperativamente? Então Shadow of the Ninja – Reborn é para vocês.

Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela PR Hound.

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