Santi, um restaurante que faz a diferença em busca de um equilíbrio arrojado

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A ideia é tornar o Santi numa referência de fun dining em Lisboa, num espaço espaço onde se celebra a tradição do sul de Itália.

Com uma bonita esplanada entre canteiros de abaneiros a dar para o jardim do largo de Santos, ao número 14, um menu gostoso e, diria, surpreendente inspirado na cozinha do Sul de Itália e cocktails naturais para provar, o Santi é um spot bem agradável, diferente, a pensar no tempo quente que aí vem, quer pela frescura dos ingredientes, quer pelo conceito de cozinha leve e super natural que desafia uma parte daquilo a que nos habituaram os espaços gastronómicos que vão pela cozinha mediterrânica tradicional.

O restaurante Santi (acho que o nome se relaciona com a palavra “santos”, do latim, o que tem tudo de propositado) é um espaço gastronómico cheio de garra, situado no mesmo estabelecimento onde era dantes uma pizzaria convencional e que reabriu em janeiro com um menu renovado, disse-nos Pedro Rocha, um dos dois investidores que respondem pelo projeto. Analisada a tipologia da zona e dos clientes, o desafio consistiu numa remodelação na letra e no espírito: empresas e serviços com fartura ali à volta, ambiente eclético de propensão industrial, música… portanto, sul de Itália. Mas uma Itália autêntica, como só a Itália sabe ser, não é fácil. Aos poucos, foram remodelando, educando a cozinha e, claro, experimentando.

Santi

A remodelação do menu, portanto, nasceu de uma receita muito própria, e o Santi reflete isso mesmo – uma certa dose de entrega mas também de reflexão, análise ponderada e bastante experimentação -, e não apenas a pensar na clientela turística, mas também no pessoal da zona, na afluência quotidiana, sobretudo as tendências do cliente de almoço.

Lucas Oliveira é o Chef do Santi, com os ingredientes certos para concretizar os objetivos deste projeto. Trata-se de um trunfo que não é propriamente uma revelação, com uma carreira consolidada que passou pela Osteria Francescana (3 estrelas Michelin) – o que corresponde, mais ou menos, a uma nomeação ao Nobel da culinária -, Novo Hotel e consultorias várias, nomeadamente em hotéis da Comporta; isto, para não falar da experiência adquirida na velha Itália, de onde trouxe novas inspirações que agora podemos provar neste menu de primavera/verão afinado pela sua mão (e que promete ainda outras surpresas que estão na manga). Ao sabor desta visão renovadora, foram testando massas, texturas e sabores, passaram a fazer a sua própria focaccia e lançaram-se num conjunto de pratos cuja força são os ingredientes naturais e frescos. Depois, foi preciso apostar num bom serviço e, claro está, num outro tipo de comida como resultado final, que não passe por repetir “mais do mesmo” no que se refere à dita cozinha italiana onde, tantas vezes, profissionais e clientes, tomam o convencional e os sabores fortes e vincados como sinónimo da força da cultura latina que criou as belas massas e pizzas que tantos de nós adoram.

No Santi, a conversa é outra: paladares realmente bons e surpreendentes são os que comportam a frescura e leveza dos ingredientes certos nas quantidades certas. A aposta é, assim, num confort food, principalmente nas pizzas e nos primis.

Ora, visitámos o restaurante, a ver se esta receita com uma aposta mais no vegetal, produtos frescos e sabores leves, de facto funciona.

Em primeiro lugar, e respeitando a tendência da procura para almoços, o prato do dia está sempre presente no Santi. Com este, e no plano das bebidas, há sempre, para além de toda a diversidade de refrigerantes, um sumo do dia a colar, claro está, com o prato do dia. As bebidas são frescas, feitas todos os dias, no momento. Entre as que se destacam mais, há um chá preto gelado com canela e limão, adocicado com mel. Não surpreende, mas é bastante convidativo e sem artifícios.

Sem artifícios é o couvert também, onde não faltam os básicos de uma entrada à italiana: focaccia da boa, macia e que deixa as pontas dos dedos ligeiramente untadas de bom azeite balsâmico – desculpem os radicais da anti-gordura, mas é como se quer -, uns pedaços de scrocchiarella estaladiços (massa de pizza feita de farinha de trigo, com um aspeto de côdea dourada), azeitonas doces da Sicília e uma caponnata, que é uma mistura à base de beringela (vejam só, leva cebola, alcaparras, tomate cherry, azeitonas, como não podia deixar de ser, e, claro, maioritariamente, a deliciosa beringela).

Para não dececionar, serviram-nos, para experimentar, o poder das antipasti (entradas), com um Carpaccio de vitela, rúcula, alcaparras, parmesão, balsâmico di Modena e scrocchiarella. De facto, cresce água na boca a falar disto. É fino e delicioso, o carpaccio, sentindo-se bem a versão agridoce do azeite com o vinagre balsâmicos, a que se juntam trufa raspada, o queijo com melhor personalidade que conheço, o parmesão, e pimento. Num pratinho, lá vem a famosa scrocchiarella, perfeitamente crocante, um bocadinho seca para meu gosto pessoal, mas ainda assim fazendo jus a uma mesa que começa a compor-se bem.

Provámos também a ainda sempre indispensável salada, só que, neste caso, não era uma salada qualquer. A Antipasti misto di Mare chegou-nos à mesa com camarão, lula, polvo e scrocchiarella. Esta salada de mar do Santi provou ser uma delícia, que se destaca pelo seu paladar mais alimonado. É feita à base de lula e camarão, tomate cherry, cenourinha batida, azeite e vinagre, rúcula a verdejar no bordo do prato – “algo semelhante à lusitana salada de polvo, mas com sabores mais leves”, como referiu Pedro Rocha. A lima e o limão apuram-lhe a vertente cítrica, muito deliciosa, e leve realmente.

Não obstante estas espreitadelas no que concerne aos primi, decidimos pedir para a mesa algo que tivesse definitivamente a nossa cara de portugueses, de gente que almeja descaradamente por comida mais substancial. “Uma pizza, pode ser?” Claro que sim! Foi-nos aconselhada uma Palermo, a flor das pizzas da casa; e, de facto, uma santidade de opção a todos os níveis – qualidade dos ingredientes, sabor, um score nutricional que pode fazer as delícias de qualquer regime que se queira, incluindo vegan. A descrição faz jus à expetativa: Curgete ao limão, pesto de pistácio, stracciatella e pistacchio – a pizza certa para quem quiser rematar com algo definitivamente diferente, a cereja em cima do bolo.

Passo a descrever melhor, na ótica do que comi realmente: fatias de courgette ao limão, coração de burrata (que lhe confere uma dose extra, extra cremosa na base), pesto de pistachio, tudo numa base fina, divinal. Portanto, uma pizza branca, bem equilibrada, super fresca, e feita com massa-mãe, rompendo de todo com o previsível, aquela impressão de que, onde quer que se vá, a pizza é uma coisa que sabe sempre ao mesmo – tomate, queijo, blá-blá-blá…

Nas sobremesas do Santi, já que estávamos em onda cítrica, experimentámos um Baba Limone, que é servido tradicionalmente numa calda de rum, mas aqui se apresenta irreverente como não podia deixar de ser, ou seja, em calda de limoncello caseiro, profusamente recheado com creme de limão; e ainda a inevitável Panna Cotta, esta levando, para quem quiser acreditar, uma camada de doce de cereja e ginja, segundo nos explicaram, um doce numa “base bastante tradicional”, diz quem pensou isto a fazer pontaria à tentação dos mais gulosos, “mas com um twist português de ginja e cereja, como cobertura”. Mais palavras para quê?

Com múltiplas opções à escolha, a preços confortáveis, num menu que foge à linearidade e num ambiente que se inspira legitimamente onde diz inspirar-se, há sempre mais sabores interessantes a provar neste Santi, com pratos confecionados com polvo, atum e marisco pelo meio, almôndegas, pizzas fritas, recheadas e não recheadas, muita pasta fresca, como esparguete e raviolis que não cabem no prato, além de acompanhamentos à escolha que vão sendo listados em menu escrito.

Também seria bonito, no final da refeição, um olá a uns Canolli recheados com ricotta, creme de pistácio e pistácio, ou um Tiramisú com o seu toquezinho de vinho do Porto. É só experimentar.

O Santi está à vossa espera de terça a sexta-feira, das 12h às 02h, e aos sábados, das 18h às 2h. Para reservas, basta ligar para o 926286634 ou guardar lugar através do TheFork.

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