Estes equipamentos culturais já mostraram o seu desagrado a Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa.
No passado dia 12 de maio, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou uma proposta que prevê o encerramento ao trânsito automóvel na Avenida da Liberdade aos domingos e feriados, dias que acabam por representar boas oportunidades para a deslocação a Lisboa de pessoas provenientes de todo o país, frequentemente organizados em excursões, o que contribui para a viabilidade económica de vários estabelecimentos e, naturalmente, para a dinamização da economia local existente ao seu redor, com evidente destaque para o comércio, hotelaria e restauração.
Ora, enquanto uns aplaudem a decisão, outros manifestam-se totalmente contra, como é o caso dos responsáveis pelo Coliseu dos Recreios, Teatro Politeama, Teatro Tivoli BBVA, Capitólio, Teatro Maria Vitória, Cinema São Jorge e Teatro Nacional Dona Maria II. Estes equipamentos têm uma capacidade conjunta de 8.000 pessoas, constituindo os domingos e feriados os dias mais importantes, por se poderem realizar sessões múltiplas, atingindo muitas vezes as 22.000 pessoas ao longo do dia.
Pelas próprias características de alguns dos espetáculos desenvolvidos nestes equipamentos, muito do seu público habitual é composto por pessoas com mobilidade reduzida e por público idoso, que naturalmente será incapaz de percorrer a pé a distância necessária para chegar aos teatros.
Além disso, e de acordo com um manifesto enviado por email, estes equipamentos culturais referem que a montagem e desmontagem de espetáculos, por razões económicas, tanto ao nível de custos como de encaixe na agenda das tournées dos artistas e companhias, realiza-se no próprio dia dos espetáculos, pelo que “in extremis” as salas podem ser privadas de operarem em 66 dias por ano (soma dos domingos e feriados) o que significaria o seu encerramento por falta de viabilidade económica.
No mesmo email, estas salas da avenida referem que muitos empregos estão “em situação periclitante e mais este obstáculo poderá ser fatal para a viabilidade futura destes trabalhadores e das respectivas empresas”.
Esta quarta-feira, em reunião conjunta realizada nos Paços do Concelho, os responsáveis pelos equipamentos culturais já referidos lamentaram a Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, o facto de esta decisão ter sido tomada sem ouvir terceiros e por carecer de qualquer estudo ou parecer técnico que a suporte, “e sem a sensibilidade para perceber que vivemos num país com os hábitos culturais mais baixos da Europa e que a oferta de espectáculos representa uma ferramenta importante da capacidade de atração turística e económica do país e, em particular, da cidade de Lisboa”.