O tempo dos White Lies até já pode ter passado, mas não precisam de estar nas bocas do mundo para dar um bom concerto.
Depois de, no final de março, ter regressado aos concertos no LAV (Lisboa ao Vivo) – e logo com os agressivos Russian Circles -, este vosso escriba regressou ao mesmo local na noite da passada segunda-feira, dia 16 de maio, para um espetáculo bastante diferente, com o rock alternativo dos White Lies, ainda que haja quem os considere uma banda de post-punk revival.
Antes de entrar na sala, o movimento de pessoas no exterior era reduzido. E quando isto acontece, significa duas coisas: ou os fãs já estão todos dentro da sala ou, então, a demanda pelo espetáculo ficou aquém. Infelizmente para os White Lies, confirmou-se a segunda hipótese.
Foi, por isso, um LAV a meio gás – e estou a ser simpático, dado que nem o piso superior abriu – que recebeu o trio londrino, mas que ao vivo se apresenta com mais gente em palco. Mas isso não demoveu os White Lies, que nunca demonstraram estar desiludidos. Pelo contrário.
2022 pode já não ser o ano dos britânicos – afinal, lá vai o tempo desde que ouvimos discos como To Lose My Life… (2009), Ritual (2011) ou até Big TV (2013) -, banda que nunca variou muito do mesmo registo e que não tem, propriamente, temas muito radio-friendly, algo que inclusive os levou a deixar a BMG e a assinar contrato com a editora PIAS Recordings, mas os fãs que os acompanham há anos continuam a segui-los com atenção. As I Try Not to Fall Apart é o sexto e mais recente álbum dos White Lies – nunca foi sequer mencionado durante a atuação -, mas nem foi por aí que o espetáculo começou.
Íamos na quarta música e os White Lies já tinham despachado três hits: “Farewell to the Fairground”, “There Goes Our Love Again” e “To Lose My Life”. Pelo meio, “Am I Really Going to Die”, um dos novos. Afinal de contas, é assim que se agarra logo uma plateia de início quando as novas músicas não criam buzz suficiente.
Poucos, mas bons, como podem ler no título desta pequena reportagem, é o que se pode dizer dos fãs lisboetas, que nunca esmoreceram ao longo dos 18 temas apresentados, muitos deles já amplamente conhecidos, ou não estivéssemos a falar de uma banda que, daqui a cinco anos, já celebra 20 anos de carreira. Na verdade, o espaço livre pela sala do LAV dava aso a que os corpos se pudessem soltar, algo que seria impossível caso estivéssemos perante uma situação de sardinha enlatada.
Sem medo de falar, o vocalista Harry McVeigh, bem secundado por Charles Cave (baixo e backing vocals) e por Jack Lawrence-Brown (bateria), lá foi agradecendo ao público português, revelando estar muito feliz por regressar a Lisboa, até que, mais ou menos a meio do concerto, revelou ter recebido pedidos por parte dos fãs lisboetas para tocar um tema do primeiro álbum de estúdio. O tema em questão? “E.S.T”. Foi uma explosão de alegria.
Seguiram-se “Time to Give”, “Morning in LA”, “Big TV”, “There Is No Cure for It”, “Unfinished Business” (“foi a primeira música que escrevemos e o nosso primeiro single em 2008”, confessou McVeigh, num tom algo saudosista) “Tokyo” e “I Don’t Want to Go to Mars”, antes do encore.
1-2 minutos depois, a banda regressa para o trio de ataque final: “Death” (provavelmente a música mais bem recebida da noite), “Take It Out on Me” e, a fechar com chave de ouro, “Bigger Than Us”.
Com um alinhamento bem definido, os White Lies deram um bom concerto em Lisboa e mostraram que não precisam de estar na moda para que sejam minimamente relevantes. Basta os hits e têm a plateia a seus pés.
No Porto, ontem, dia 17, os White Lies repetiram a dose. O Hard Club não encheu, longe disso, mas teve um número simpático de pessoas que formaram uma bela plateia e corresponderam com entusiasmo ao belíssimo concerto a que assistimos.
Salas pequenas e proximidade com os artistas em palco é sempre um privilégio.
Os Charming Liars também fizeram uma belíssima apresentação.
Por mim, via novamente und e outros, já hoje.
Sinceramente, também repetia facilmente.