Falso Nove no Musicbox – Os Novos Miúdos no Bairro

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Uma banda a acompanhar.

Falso Nove é uma expressão em voga no mundo futebolístico, mas é também nome de uma banda que anda a colecionar prémios nos últimos tempos – Melhor Projeto Musical no Festival Emergente e no Festival Nova Música, além de terem sido incluídos na mais recente edição da sempre interessante coletânea FNAC Novos Talentos, e que se poderá rotular de indie (buuuhhhh – rótulos) mas com influencias variadas e com a curiosidade de ser composta por membros com naturalidades dispersas por este jardim à beira-mar plantado – Lagos – Afonso Lima, Leiria – Mateus Carvalho, Lisboa – Francisco Marcelino (a completar o lote de fundadores, e que antes estavam juntos no projeto Wellman) e Francisco Leite, e Covilhã – José Amoreira. Todas na casa dos 20 e unidos pela paixão pela música e por estarem a estudar na capital ao mesmo tempo.

Após o lançamento de alguns singles, 12 de janeiro foi a noite de celebração pela saída do primeiro longo – Horta da Luz. Nome-homenagem à mercearia em Carnide onde os parceiros se costumam encontrar, e daqueles títulos que serve para filosofar por aí fora quanto aos seus significados múltiplos. Vantagem de vir num sítio onde as ruas e bairros têm nome e não apenas número, e apropriado para quem escolheu como nome artístico um termo que aponta para os significados múltiplos e talvez fugir, lá está, aos rótulos.

E foi assim que o Musicbox se compôs com vários amigos e curiosos no público para os receber, onde o palco estava cheio, já que os Falso Nove estavam acompanhados por uma secção de sopros – flauta transversal, clarinete, trompa, além de coro. Coisas caprichadas da clássica e do jazz, e certamente uma estreia nos concertos a que assistimos por aqueles lados. É também significativo da vontade de misturar estilos e instrumentos que garantam mais cores na paleta para pintar as suas imagens musicais, que a certas alturas fazem lembrar por exemplo uns Parcels.

Mas a escrita aqui não fica no banco de trás, e Horta da Luz é um álbum que aposta em contar histórias, de amor como é no caso de “Febre em Dois Andamentos” – “Valeu-me a tua cor / Transparente ao meu olhar / Isola minha dor / Não fosse isto querer amar”, antes da entrada do saxofone do também vocalista Mateus Carvalho entrar, quase a la Andy Mackay dos Roxy Music. Foi editado como single e percebe-se rapidamente que é das apostas fortes do álbum, com uma complexidade e produção acima do esperado para um primeiro trabalho. Até tem clipe, rodado nas terras alentejanas de Alcácer do Sal e da Ilha do Pessegueiro.

Já “Cacos” vem de trás, lá longe de 2021, e é mais rockeira no sentido cru e de garagem do termo, a buscar umas teclas orelhudas meio Manzarekianas, e que não destoaria do naipe do novo roque em português das editoras FlorCaveira e Amor Fúria (“Fui jogar poquer com os chacais / Por mesa o gozo dos demais”). Há sorrisos de bambino por estarem ali naquela hora a fazer aquilo, de estar a atuar num concerto que é uma forma de concretizar um sonho.

“Canção de Antemanhã” apresenta ainda outra face da banda – estrutura musical mais etérea, mas as letras ainda à procura dos grandes temas (“E a lua é diminuta na noite fria / Mas urge viver onde há poesia”) -, e “Celeste” vai à procura do bucólico, com sons e referências do campo bucólico à mistura com os instrumentais.

A terminar, após o agradecimento feliz de Mateus Carvalho, que mostrou simpatia no papel de mestre de cerimónia do evento, mais um instrumental de saxofone de quem gosta de brincar a misturar estilos. Não percam o próximo episódio, porque nós também não.

Foto de: Eduardo Bastiana

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