Gritos, lágrimas e músicas que nem tinha a noção de que me lembrava: regressei ao passado com os D’ZRT. E que bela viagem que foi!

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Foram duas horas de muita emoção.

O repto estava lançado. O meu eu de 2003 estava aos berros quando os D’ZRT apareceram em plena TVI a confirmar uma nova digressão: Encore. Ainda demorei a pôr na cabeça se havia ou não de comprar o bilhete, mas o “querer voltar” soou mais alto e, no meio de websites em baixo, consegui um bilhete para o segundo concerto do regresso ao passado.

Na tarde do passado domingo, dia 30 de abril, lá estava eu na fila à porta do Altice Arena, em Lisboa, com uma amiga e mais algumas dezenas de pessoas que foram chegando até à hora da abertura de portas. De um lado, uma fila de fãs, desde pais que eram jovens na altura dos Morangos com Açúcar e que já traziam os filhos, a miúdos mais novos. Do outro, uma carrinha azul, um marco da série juvenil da TVI e parte importante de uma das músicas mais marcantes da banda: “Verão Azul”.

No meio de canções entoadas pelas dezenas de pessoas que esperavam que as portas abrissem, os seguranças deram a ordem e a correria começou.

O Altice Arena foi enchendo aos poucos, e pouco passava das 21 horas quando milhares de gritos receberam Edmundo Vieira, Paulo Vintém e Vítor Fonseca (Cifrão para os amigos), os membros restantes dos D’ZRT, após o falecimento de Angélico Vieira, que pode não ter estado presente fisicamente no palco, mas esteve lá sempre. Eu senti, a banda sentiu e a multidão sentiu. E foi Angélico quem nos deu as boas-vindas, com um vídeo transmitido no ecrã gigante no fundo do palco. Não havia melhor forma de começar, senão com um momento de fazer arrepiar e soluçar.

Ao longo das duas horas de concerto foram tocadas as músicas mais conhecidas da banda, e quase não precisavam de cantar, pois o público tratava disso por eles. Fico admirado comigo mesmo como, já quase 20 anos volvidos, ainda me lembrava das letras. A música que inaugurou o concerto foi “Todo o Tempo”, uma faixa intemporal que iremos lembrar, como o próprio nome diz, para todo o tempo.

Mas no reportório esperavam-nos os êxitos “Verão Azul”, “Para Mim Tanto Me Faz”, “D’ZRT Revolução”, “Querer Voltar” ou “Estar ao Pé de Ti”, tudo hits que fizeram parte da nossa infância. Cantei e saltei como não fazia há muito tempo, mas no meio de tanta energia, houve uma altura mais calma, com canções em modo acústico, mais íntimo, só com três bancos e duas guitarras. Durante o concerto, os três D’ZRT mostraram os talentos noutros campos, com Edmundo ao piano, Cifrão num solo de bateria e Vintém muitas vezes na guitarra. No geral, foi uma viagem ao passado bastante mexida e atribulada. E emocionante.

Nem só de festa se fez a noite. Houve momentos pesados, mas no bom sentido. As homenagens aos moranguitos que já partiram deixaram várias pessoas a chorar um pouco por todo o Altice Arena, e não só. No ecrã por detrás da banda, imagens dos Morangos passavam em loop, como se de uma história se tratasse. Revivemos a homenagem a Francisco Adam, a partida do balão, as personagens a dizerem adeus vestidos de cor-de-laranja, a cor favorita do ator. Revivemos a série que fez parte da nossa infância e fizemos, novamente, parte dela.

Em cima do palco, Edmundo teve de interromper uma canção porque as lágrimas lhe escorriam pela cara, enquanto olhava para uma imagem de Angélico Vieira encostado à mítica carrinha azul. A canção era precisamente, “Bailarina”, uma das músicas a solo de Angélico. As luzes baixaram para que se recompusesse, e foi Paulo Vintém, como se de um irmão mais velho se tratasse, a puxar por ele, mas ninguém o critica, como é óbvio. Foi um momento intenso, um de vários, até.

Pelo meio, metemo-nos novamente na máquina do tempo e voltámos ao Colégio da Barra. Tudo bem que um reboot dos Morangos com Açúcar esteja a ser gravado, mas os verdadeiros moranguitos estavam ali. Simão (Pedro Teixeira), Becas (Sara Prata), Soraia (Rita Pereira), Crómio (Tiago Castro), Tojó (Diogo Valsassina)… Estavam lá todos! E nós a assistirmos, muitos anos depois, é como se tivéssemos todos corrido depois das aulas para a televisão para assistir a mais um episódio.

O Colégio da Barra mudou-se para o palco do Altice Arena, chamados por Edmundo que, mais uma vez, interrompeu uma canção e pediu aos colegas que subissem. A festa prosseguiu com os atores da série sentados a reviver os momentos de diversão por detrás das câmaras, como explicou a banda. Aquela música que cantavam era a música que Angélico Vieira dedicava aos amigos com que trabalhava, e mais uma vez, as lágrimas escorreram pela cara de muitos dos presentes.

Só depende de nós” foi a mensagem que os D’ZRT quiseram passar no concerto, mas não apenas os três que estavam no palco. Angélico teve mais uma participação especial, num holograma, no qual cantou a sua música mais pessoal. E foi aqui que todo o Altice Arena se desmanchou. Estava escrito. Era mais que esperado! Quando estávamos na fila para entrar já sabíamos que teríamos de dar uso aos lenços de papel, pois se aos verdadeiros fãs era difícil conter os gritos, era mais difícil ainda conter as lágrimas.

Tivemos de tudo, fomos felizes naquelas duas horas. Voltámos ao passado, com direito até a mortais para trás de Paulo Vintém e de Cifrão, como se estivéssemos num concerto de há 20 anos. Mas foi um regresso ao passado necessário e acredito que os milhares de pessoas que já viram os D’ZRT este ano, e os milhares que ainda vão ver, pensam o mesmo.

O Verão Azul segue para o norte do país (Guimarães e Porto), e vai continuar para Elvas e Madeira, até terminar Estádio do Algarve, dia 19 de agosto, para aquele que vai ser um concerto cheio de surpresas.

Fotografia: Facebook dos D’ZRT

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