Resultados positivos não são suficientes para o cumprimento das metas europeias – acumulação e mercado paralelo continuam a ser entraves.
2023 foi um ano de destaque para a reciclagem de equipamentos elétricos em Portugal, tendo sido recolhidas e encaminhadas para tratamento, pelo Electrão, mais de 27 mil toneladas destes resíduos. Este é o melhor resultado dos últimos anos e representa um aumento de 16% face a 2022, com mais 3.800 toneladas, e de 67% relativamente a 2021, com mais 10.600 toneladas recolhidas.
Estes resultados foram conseguidos muito graças ao envolvimento dos parceiros operacionais, com os quais o Electrão trabalha, mas são também reflexo do aumento exponencial do número de locais de recolha. A rede Electrão coloca, atualmente, à disposição do cidadão 11.500 pontos onde é possível colocar equipamentos elétricos usados. São mais 3.000 do que no ano anterior, o que representa um crescimento de 35%. Significa isto que existe, pelo menos, um local de recolha por cada mil habitantes.
Esta rede foi responsável pela recolha de mais de metade do total de resíduos. Registou-se aqui também um aumento de 23% face às recolhas do ano anterior, que passaram de 16 mil toneladas, em 2022, para mais de 20 mil toneladas em 2023.
Além da reciclagem, o Electrão promove a reutilização dos equipamentos recolhidos, sempre que tal é possível. Os equipamentos recolhidos e enviados para reutilização aumentaram mais de 100% em 2023 e atingiram as 1.162 toneladas, face às 576 registadas em 2022.
Onde param 100 mil toneladas de equipamentos elétricos, produzidas anualmente?
As estimativas apontam para que sejam vendidas, anualmente, em Portugal cerca de 245 mil toneladas de equipamentos elétricos. Os cálculos indicam também que cerca de 40% dessas vendas correspondem a produtos que os consumidores compram pela primeira vez e que os restantes 60% serão equipamentos que foram adquiridos para substituir outros, que estão obsoletos ou avariados e que vão originar resíduos.
Significa isto que a produção de resíduos elétricos em Portugal rondará, anualmente, as 147 mil toneladas, o equivalente a 14,5 kg per capita. Contudo, os cálculos indicam que a nível nacional terão sido recolhidas, o ano passado, não mais do que 46 mil toneladas, cerca de 4,5 kg per capita. Onde param, assim, as restantes 100 mil toneladas de equipamentos elétricos, 10 kg per capita, que deveriam estar a ser recolhidos e tratados, para cumprimento das metas europeias?
Muitos equipamentos estarão esquecidos nas gavetas e acumulados em garagens, sótãos e arrecadações. Um estudo desenvolvido pelas Nações Unidas revelou que existem, em média, 74 equipamentos eletrónicos nas casas europeias. Destes, 13 estão fora de uso e só quatro estão realmente danificados.
O Electrão oferece um serviço de recolha porta-a-porta para grandes eletrodomésticos, que facilita a vida ao cidadão e ajuda a combater o mercado paralelo. Esta recolha é gratuita e está, atualmente, ativa em seis municípios da Área Metropolitana de Lisboa: Almada, Lisboa, Loures, Moita, Odivelas e Seixal. O projeto tem vindo a crescer e pretende-se que, já este ano, seja alargado a mais seis concelhos: Amadora, Cascais, Mafra, Oeiras, Palmela e Sintra.
Além de ser um serviço cómodo para o cidadão, há a garantia de que os equipamentos usados são encaminhados para reciclagem, não havendo o risco de serem desviados para o mercado paralelo.