Crítica – Project Power

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Project Power é composto por um elenco cheio de talento, mas o fraco desenvolvimento das personagens fizeram com que não alcançasse o seu potencial.

Sinopse: “Nas ruas de Nova Orleães, surge um rumor sobre um novo e misterioso comprimido que confere superpoderes únicos a cada pessoa que o toma. Mas há um senão: não se sabe o que vai acontecer até se tomar o comprimido. Enquanto algumas pessoas desenvolvem pele à prova de bala, invisibilidade e força sobre-humana, outras têm reações bem mais letais. Mas quando o comprimido faz com que o crime na cidade atinja níveis perigosos, um polícia local (Joseph Gordon-Levitt) forma equipa com uma traficante adolescente (Dominique Fishback) e um ex-soldado movido por uma vingança secreta (Jamie Foxx) para enfrentar poder com poder ao arriscar tomar o comprimido de modo a encontrar e derrubar o grupo responsável pela sua criação.”

Project Power é o projeto mais recente da Netflix com um elenco bem conhecido, mas o que cativou o meu interesse foi a estreia de Mattson Tomlin como argumentista (co-argumentista de The Batman com Matt Reeves). É o mais próximo de um filme de super-heróis que qualquer espetador terá nos meses que se seguem, mas, ao mesmo tempo, não podia ser mais diferente dos filmes habituais do género em questão.

Pouco era o conhecimento que tinha sobre este filme para além da sua sinopse e elenco, logo encontrava-me de mente bem aberta para tudo o que Henry Joost e Ariel Schulman “cozinharam”. O conceito deixou-me intrigado, o elenco convenceu-me e o próprio filme… não atingiu metade do seu potencial, infelizmente.

Começando pelos pontos positivos. Apesar de Dominique Fishback ter participado em The Hate U Give, este é o seu primeiro grande papel num filme também ele bastante antecipado, e a atriz é, provavelmente, a melhor parte deste filme. Dá-nos uma prestação muito boa enquanto Robin, especialmente para alguém que tem que partilhar tanto tempo de ecrã com dois atores tão experientes, mas as suas habilidades como rapper roubam os holofotes. Não só as linhas improvisadas encaixam perfeitamente na sua personagem, Robin, como a forma como as pronuncia dá outra importância a todas as rimas. Como esperado, Jamie Foxx é fantástico como Art, assim como Joseph Gordon-Levitt no papel de Frank. Ambos vestem a pele das suas personagens sem problemas, realizando os diálogos e cenas de ação com facilidade.

Em relação às personagens propriamente ditas, Robin e Art têm arcos genéricos, mas eficientes o suficiente. São guiados por motivações clichês ligadas às suas próprias famílias, mas os atores fazem um trabalho notável para fazer com que tudo seja realista e emocionalmente convincente. O guião de Mattson Tomlin para cada personagem também ajuda, contendo conversas cativantes e linhas de diálogo memoráveis.

Project Power

No entanto, tanto a história como as personagens restantes não têm qualquer profundidade. Frank não tem qualquer tipo de backstory ou motivos únicos, sendo apenas um polícia que quer proteger a sua cidade. Os “maus da fita” (Rodrigo Santoro, Amy Landecker) representam o aspeto mais genérico de toda a peça: os traficantes de droga do costume. Gananciosos, egocêntricos e movidos pelo poder, versão #271837 registada no cinema.

O conceito é fascinante e a primeira metade da obra faz um excelente trabalho em explorar e expandir essa premissa. Infelizmente, o foco principal lá muda para o plot, com supostamente mais entretenimento e ação. O “supostamente” não foi escrito por acaso, pois as cenas de ação são bastante dececionantes.

Sim, existem algumas sequências que nos fazem abrir bem os nossos olhos, contendo visuais acima da média. No entanto, a maioria encontra-se tão carregada com CGI e com uma edição extremamente difícil de seguir (Jeff McEvoy) que raramente consegui ver de forma clara uma sequência inteira. A cinematografia de Michael Simmonds também emprega movimentos de câmara demasiado instáveis.

Existe até um momento de ação com o intuito de parecer apenas um take, mas, devido aos aspetos mencionados acima, está longe de dar essa sensação. Além disso, os poderes exibidos podiam ter um pouco mais de criatividade. Tendo em mente que todos têm um poder diferente, habilidades como super-força, super-velocidade ou a capacidade de criar fogo não são exatamente poderes inovadores. Com tantos filmes de super-heróis lançados nos últimos anos, Project Power podia ter entregue algo único (certo, existe um poder subestimado retirado de um animal que é bastante badass), mas permaneceu na zona segura.

No geral, a ação e a edição são tão inconsistentes que não consigo atirar a responsabilidade total para cima destes. O aspeto mais desapontante de todos é o pouco desenvolvimento oferecido à narrativa principal. Acredito firmemente que é uma premissa muito interessante para se criar uma série, mas Joost e Schulman podiam ter feito um melhor trabalho com o argumento de Tomlin, que, provavelmente, também receberia uma abordagem muito mais detalhada com um escritor mais experiente. Levando tudo em conta…

Project Power

Project Power possui um elenco talentoso, com um Jamie Foxx badass e um Joseph Gordon-Levitt notável, mas é Dominique Fishback quem rouba o espetáculo. Ao demonstrar não só as suas qualidades enquanto atriz, mas também as suas habilidades enquanto rapper, Fishback brilha no seu primeiro papel de relevância. A sua personagem e a de Foxx são o coração e a alma do filme, que possui uma visão genuinamente intrigante sobre o conceito dos super-heróis, mas que, infelizmente, não alcança o seu potencial. As personagens restantes são extremamente subdesenvolvidas, especialmente os vilões clichê e sedentos de poder, os quais até tenho dificuldades em relembrar os seus nomes.

Algumas cenas de ação até podem dar aquilo que os espetadores procuram, mas a maioria encontra-se repleta com uma quantidade incompreensível de CGI, uma edição choppy, movimentos de câmara instáveis e uma tremenda falta de imaginação em relação aos poderes mostrados. Se o foco continuasse em contar uma narrativa mais detalhada em vez da ação dececionante, talvez Project Power tivesse sido uma bela surpresa.

Assim, no estado em que é apresentado ao público, está longe de ser um mau filme. Recomendo para quaisquer leitores que desejem um filme de ação genérico, mas levemente divertido para ver na Netflix.

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