O estudo deixa claro que não existe uma solução única para tornar a produção de carne bovina mais sustentável.
Pode a produção de carne bovina ser mais sustentável? Pode, desde que sejam adotadas práticas específicas. Esta é a conclusão de um estudo realizado por parte de investigadores portugueses, do Instituto Superior Técnico, que desafia a noção comum de que a carne bovina é responsável pelas maiores emissões de gases com efeito de estufa.
De acordo com a investigação, a pegada de carbono da carne bovina pode variar consideravelmente, dependendo do sistema de produção, do tipo de alimentação e da raça dos animais.
Publicado na revista Environmental Impact Assessment Review, o estudo revela que os sistemas de pastoreio, quando combinados com uma suplementação nutricional adequada, podem resultar em emissões de dióxido de carbono significativamente mais baixas. Em comparação, os sistemas de confinamento podem, em algumas circunstâncias, ser mais eficientes em termos de emissões, caso os animais em pastoreio não recebam alimentação suficiente. Isto contradiz a ideia generalizada de que os sistemas de pastoreio são sempre mais ecológicos do que os de confinamento.
O estudo também destaca a importância da escolha da raça do gado, pois algumas raças possuem uma pegada ambiental naturalmente mais baixa, influenciando o impacto da produção. A investigação, conduzida por Ricardo Teixeira, investigador do Instituto Superior Técnico, e publicada com a colaboração de outros especialistas da Universidade de Lisboa, permite compreender melhor a variabilidade no impacto ambiental da carne bovina.
A investigação lança novos olhares sobre as práticas de produção pecuária e oferece uma base importante para a definição de políticas públicas mais eficazes, bem como para a orientação de práticas agrícolas sustentáveis. O estudo deixa claro que não existe uma solução única para tornar a produção de carne bovina mais sustentável, sendo fundamental considerar múltiplos factores como as práticas de manejo, a escolha das raças e a qualidade das pastagens.