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Penny’s Big Breakaway traz até 2024 a essência dos jogos de plataformas da geração 32-bit, com uma personagem extremamente satisfatória de se controlar, num jogo que fica a milímetros da excelência, não fosse por alguns bugs muito frustrantes.

Bugs e glitches podem ser engraçados e material fantástico para compilações de clipes nas redes sociais. Podem também ser o testamento de uma produção atribulada para colocar um jogo nas mãos dos jogadores antes do que seria sequer permitido, arrastando assim a reputação de alguns estúdios. Já no caso de Penny’s Big Breakaway, são apenas um empecilho irritante, induzindo a rage quits nos momentos mais desafiantes.

Sei que começo com um tom menos positivo para um jogo que considero excelente, mas a verdade é que Penny’s Big Breakaway, apesar da sua simplicidade e jogabilidade fluida e orgânica, irritou-me demasiadas vezes. Algumas por natureza do seu design, outras por arestas por polir.

Desenvolvido pela Evening Star, liderada por Christian Whitehead, que nos trouxe o incrível Sonic Mania, Penny’s Big Breakaway é um jogo completamente novo que tenta ao máximo evocar a ambiência e os sentimentos do que é jogar jogos da geração 32-bit, particularmente títulos como Sonic ou Nights para a Sega Saturn. É um jogo de plataformas 3D, passado no mundo colorido de Macaroon, com tons de pastel e construído com formas geométricas nas suas bases mais simplistas. O título faz-se ainda acompanhar por uma fantástica banda sonora original de Tee Lopes, o compositor luso-americano que compôs as bandas sonoras de Sonic Mania ou de Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge.

Ao controlo de Penny, uma aspirante a artista de rua, com recurso ao seu Yo-Yo mágico, temos que fugir das forças do Imperador, maioritariamente compostas por pinguins que nos perseguem para capturar. Esta simples premissa abre a porta para uma multitude de oportunidades, sendo a de destaque a fuga, em vez dos tradicionais objetivos de contra-tempo.

Penny’s Big Breakaway é um jogo extremamente afinado em termos de construção dos seus níveis, aliado às oportunidades de jogo disponíveis pelas habilidades de Penny, que consegue balouçar no ar para saltar mais além ou chegar a plataformas superiores, que consegue ganhar velocidade rodando o Yo-Yo agressivamente no chão, e que consegue rodopiar com o seu Yo-Yo, de modo a livrar-se dos inimigos que se vão agarrando a si.

Estas bases mecânicas desmultiplicam-se através da interação com objetos, itens e até personagens, como os inimigos que nos perseguem, molas para saltar, parafusos para enroscar/desenroscar ou navegar por zip-lines. Mas o que torna Penny’s Big Breakaway tão especial é mesmo a fluidez natural com que tudo se move.

Controlar Penny é um deleite para os sentidos, onde todas as ações combinam sequencialmente, sendo possível navegar rapidamente de uma ponta a outra do nível apenas através de combos e acrobacias, que vão ativar o nosso modo interno de “pontuação máxima de Tony Hawk’s Pro Skater”. Saltar, rodopiar e balouçar é como uma dança contínua, que se torna especialmente satisfatória quando acertamos no beat certo da jogabilidade. Mas Penny’s Big Breakaway é igualmente desafiante com os seus pequenos twists atirados ao ecrã.

A dificuldade de Penny’s Big Breakaway surge através da capacidade de domínio do controlo de Penny através de níveis cada vez mais complexos e da vontade de explorar todas as pequenas side-missions que vamos encontrando em cada um. Cada nível e cada mundo vai propondo sequências cada vez mais complexas e que requerem, obviamente, combos igualmente mais complexos que podem necessitar de algum treino e repetição por parte do jogador.

Se um bom aspeto disto é a satisfação da conclusão destes segmentos e a constante mestria dos controlos, por outro lado não consigo afastar o sentimento de que, por vezes, estamos a lutar contra o design do jogo. Este sentimento é mais aparente em pontos chave, como bosses, e em níveis extra, normalmente dedicados às mecânicas de plataformas e que são dirigidas aos jogadores mais hábeis.

Pior fica quando o desafio é aumentado por razões externas ao design do jogo, os tais bugs e glitches. Em todas as minhas sessões de jogo, foram raras as vezes que não me deparei com algo que me fez largar um suspiro, com algumas a fazerem-me afastar do jogo. Não só me deparei com secções bem desafiantes, como vi Penny a perder vidas desnecessárias porque os comandos falham aleatoriamente, alguns elementos do jogo essenciais simplesmente desaparecem e com os quais deixa de ser possível interagir, e, noutros momentos, para além de Penny não responder aos controlos, desliza para fora do ecrã. Este último aconteceu várias vezes durante uma batalha de boss… e não foi nada agradável.

Infelizmente, estas foram ocasiões recorrentes o suficiente para marcarem o meu tempo com Penny’s Big Breakaway, tanto no PC como na Steam Deck, onde é compatível, deixando assim um gosto amargo na boca, naquele que é um divertidíssimo e desafiante jogo que, nos primeiros momentos, fizeram-me pensar que estávamos perante um dos melhores jogos do início deste ano. E estamos, de facto, perante um. Mas talvez, apenas talvez, precisasse de mais uma polidela.

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Cópia para análise (versão PC) cedida pela Private Division.

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