Uma noite intimista com Kimbra

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Sete anos passaram desde que descobri a voz doce e potente desta senhora e desde essa altura esperava pela oportunidade de a poder experienciar ao vivo. A estreia de Kimbra nos palcos portugueses deu-se na passada quinta-feira, num armazém perdido para os lados de Marvila, que, agora, é uma das salas de espetáculos mais versáteis de Lisboa, o LAV, e que acabou por criar o ambiente certo e intimista, que esta nova turné, “An intimate, reimagined evening”, esperava transmitir.

Lia-se no press release da turné: “sempre quis construir uma coleção de canções acústicas onde me afastasse dos beats e despisse as coisas. Acho que as pessoas encontram intimidade no meu trabalho quando o apresento de um modo mais minimalista.” Não posso discordar mais! Apenas com um piano e um contrabaixo, Kimbra brincou com as nossas perceções do real ao transportar-nos no som da sua voz, tal como uma caixa de ritmos inebriante. Aliás, para quê uma caixa de ritmos quando temos uma voz assim?

A sala não estava cheia e ocorre-me que talvez fosse essa a intenção, mas as cerca de 100 pessoas presentes no espaço puderam presenciar a versatilidade de um espetáculo que, despido de efeitos, viajou pelos três álbuns de Kimbra, com uma maior incidência em Primal Heart.

As canções, despojadas, ganhavam novas roupagens com a sua voz melódica, com o contrabaixo que marcava o ritmo e a sonoridade do piano. “The Good War”, “Everybody Knows”, “Old Flame” ou “Cameo Lover”, não sendo totalmente diferentes do que nos habituámos a ouvir, foram alteradas na forma, som e estilo para se recomporem de forma simples mas meticulosa, nas nossas cabeças.

Kimbra parecia verdadeiramente feliz por estar connosco, cumprimentou-nos num português quase perfeito, envolvendo-se com o público enquanto passeava de um lado para o outro do palco, tomando o tempo para cantar para os que estavam à sua frente.

Depois de, em 2018, lançar o seu terceiro disco, Primal Heart, a artista confessava sentir que algumas das músicas mereciam ser despojadas de grandes efeitos e ouvidas de uma forma mais crua e minimal. Reuniu-se com alguns produtores, como Zach Tenorio e Lars Horntveth, e criou o EP Songs From Primal Heart, Reimagined, que serviu de mote ao concerto.

Uma coisa é certa, Kimbra é uma talentosa vocalista e performer. A sua presença em palco é encantadora e o seu visual marca. A única coisa que lhe falta é uma ou duas músicas fortes o suficiente para transportá-la ao próximo nível, mas, de uma maneira ou de outra, a espera valeu a pena.

Setlist
The Magic Hour
Plain Gold Ring (Nina Simone)
The Good War(Reimagined)
Everybody Knows (Reimagined)
Hi Def Distance Romance (Reimagined)
Withdraw
Waltz Me To the Grave
Old Flame
Rescue Him
Black Sky (Reimagined)
Lightyears
Past Love
Version of Me

Encore
Cameo Lover

Fotos por: Graziela Costa

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