Música – Álbuns essenciais (março 2024)

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Ainda falta muito para o final de 2024, mas dizemos com confiança: março foi o melhor mês do ano.

Folk? Pop? Rap? Rock? Punk? R&B? Country? Chutem o género que tenho um bom álbum pronto para vos sugerir, lançado neste mês.
Adrianne Lenker atingiu num novo nível de brilhantismo;
Ariana Grande lançou o seu melhor álbum de carreira;
Beyoncé veio para colher frutos de mais uma exploração bem executada;
Faye Webster meteu uma abaixo, mas continua em velocidade cruzeiro;
Future & Metro Boomin derrubaram a primeira peça de um efeito dominó gigante;
Kacey Musgraves prova que, mesmo aquém do que nos habituou, mantém a excelência;
Mannequin Pussy estão prontos para palcos grandes;
Rosali virou feiticeira e não são precisas mais do que duas rodagens para cair na magia dela;
ScHoolboy Q descobre o balanço perfeito que resulta num clássico instantâneo;
Sum 41 optaram por lançar o seu melhor álbum como álbum de despedida;
Tierra Whack deixou claro que o seu álbum de estreia não era um catfish;
Tyla estreou-se com um álbum digno de gente grande;
Waxahatchee manteve a excelência de sempre, em mais um álbum perfeito;
ILLIT tomaram o K-Pop de assalto com o EP mais efusivo do ano;

Se a introdução foi longa? Foi. Mas dadas as circunstâncias deste ser o mês mais fantástico desde que comecei a escrever estes artigos, há mais de 4 anos, é justificado.

Adrianne Lenker – Bright Future

Adrianne Lenker Bright Future

Género: Indie Folk

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Quem conhece os Big Thief e/ou Adrianne Lenker, pode saltar esta apreciação à frente e ficar só com este resumo previsível: sério candidato a álbum do ano. Quem não conhece, pode ficar mais um pouco por aqui.

Antes de mais, é importante salientar que Bright Future é um testemunho encantador que não só expõe a evolução da artista, como enfatiza a sua crescente confiança como cantora, profundidade lírica e habilidade enquanto compositora.

O estilo de gravação do álbum remete-nos para um passado já algo distante, no qual Lenker abriu o seu íntimo ao mundo, onde é realçada uma sensação de conforto muito autêntica. Assim, sem mais nem menos, sentimos compelidos a ficar com o seu calor e vulnerabilidade, onde a sua voz distinta brilha, enquanto navega por uma mixórdia de temas: o amor, a introspeção e um surrealismo, todos eles pautados por uma sinceridade inabalável.

Quanto mais ouvimos, mais tempo queremos ficar, pois cada faixa ecoa com uma beleza assombrosa, que fica para além do seu tempo de reprodução.

Mesmo sabendo que a capa de Songs (2020) seja bem mais colorida que a de Bright Future, é Bright Future que brilha mais intensamente, num espectro de 1001 cores vibrantes e emotivas, não só marcando assim o auge da carreira a solo de Lenker, como também superando os seus trabalhos mais célebres e reafirmando-a como um ponto de referência dentro da música Folk contemporânea.

Classificação do álbum: ★★★★★

Músicas a ouvir:
> Real House
> Sadness As A Gift
> Fool
> Vampire Empire
> Ruined

Ariana Grande – Eternal Sunshine

Ariana Grande Eternal Sunshine

Género: Pop

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Uma das artistas que fez parte da minha longa lista de evangelização musical, logo desde o seu início de carreira, com Yours Truly (2013). Posso dizer que nunca tive grandes dúvidas do seu potencial e, na altura, a frase que mais usava era “tem tudo para igualar ou superar a Mariah Carey” – 11 anos e 7 álbuns depois, na minha opinião, se ainda não superou, muito não faltará.

Após ter estado afastada dos holofotes desde 2020, altura em que lançou Positions, Ariana Grande abre uma página dolorosa do seu livro e entrega-nos uma exposição emocionante do que passou durante o seu processo de divórcio com Dalton Gomez. Tudo neste “raiar do sol eterno” é brilhante, principalmente a artista, que com este álbum nos traz algumas das músicas mais honestas e inventivas da sua carreira.

A mestria de Ariana é inegável, quer como cantora, quer como produtora, à qual dá uso para criar um ambiente refinado e delicado, mas sempre recheado de intensidade e profundidade emocial. Creio que muito disto é fruto da maturidade e confiança que descobriu ter, conseguindo assim ser maior que a dor que a puxou para baixa durante tanto tempo, aparecendo renovada num novo patamar, mas sem perder a sua essência.

A meu ver, pelo que representa e pela forma como foi desenvolvido e apresentado, este é o melhor álbum da carreira da jovem artista. Os novos dissabores que a atormentaram recentemente aparentam, assim, ter sido mais uma aprendizagem que Ariana absorveu, e acabaram por elevar o seu carácter como ser humano e potencial enquanto artista.

Classificação do álbum: ★★★★★

Músicas a ouvir:
> bye
> don’t wanna break up again
> supernatural
> yes, and?
> we can’t be friends (wait for your love)

Beyoncé – Cowboy Carter

Beyonce Cowboy Carter

Género: Country Pop

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Ao fim de tantos anos a seguir de perto a carreira de uma dos maiores astros e vanguardistas do Pop, no ano passado decidi ir à noite de abertura da tour mundial do primeiro ato de 3, Renaissance, e valeu cada euro a viagem à Suécia (também por ter dado para conhecer um pouco de Estocolmo).

Este ano, depois do lançamento surpresa de “Texas Hold ‘Em” durante o Super Bowl, vimos ser lançado o segundo ato, intitulado de Cowboy Carter.

Embora este novo álbum tenha uma abordagem muito distinta do antecessor, bem como todos os álbuns lançados pela Queen B até à data (fora o single “Daddy Lessons”), e sabendo que esta atingiu um novo nível de maturidade com este álbum, continuo a achar que não é o melhor álbum da sua carreira.

Em todo o caso, não podemos negar que Cowboy Carter é um projeto ambicioso, que mostra a versatilidade e inventividade de Beyoncé. Outrora, Beyoncé brilhou em géneros como o Pop, R&B, Hip-Hop. Em 2024 vemo-la a brilhar em todos esses géneros, enquanto os mistura numa base de Country, resultando num produto final intrigante, compondo uma paisagem sonora complexa, mas algo reconfortante.

É de louvar uma artista que já tanto ofereceu à música continuar a reinventar-se, sair da sua zona de conforto e ter a ousadia de continuar a brilhar com a mesma intensidade. Vocalmente até diria que este é um dos seus melhores trabalhos da carreira, tendo Beyoncé como a personagem principalmente a aventurar-se na redescoberta do que consegue fazer com a sua voz e a completar todos os desafios com mestria e distinção.

A produção do álbum também foi bem conseguida, tendo vários momentos de destaque ao longo dele. Cowboy Carter peca apenas pela falta de poder de síntese, alongando-se mais do que deveria, mas considero que não dilui os seus momentos mais sensacionais, situando-se confortavelmente no top.

Em todo o caso, a meu ver, houve uma melhoria considerável do ato 1 para o ato 2, ficando a sensação que, mesmo fora do seu espetro de conforto a nível de género, Beyoncé parece sentir-se mais completa e confiante e a sua mensagem tem muito mais substância. Posto isto, estou pronto para a Tour mundial de Cowboy Carter.

Classificação do álbum: ★★★★★

Músicas a ouvir:
> 16 Carriages
> Texas Hold ‘Em
> Bodyguard
> II Hands II Heaven
> Riiverdance

Faye Webster – Underdressed At The Symphony

Faye Webster Underdressed At The Symphony

Género: Soft Rock/Alt Country

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Underdressed at the Symphony é o mais recente produção de uma artista deveras cativante, cuja sua musicalidade tem o poder de agradar a uma audiência mais ampla do que a reconhece.

A um ritmo característico de Soft Rock com nuances de alt-country e uma voz narrativa forte, vemos Faye Webster a criar uma atmosfera subtil e recheada de clichês melódicos que acrescentam mais do que roubam, em termos de surpresas.

A artista entrega o seu álbum mais descontraído, no qual encontra prazer no desconforto da falta de pertença, que se pode denotar na lenta progressão do álbum. No entanto, esta é mais uma produção de substância, cuja em condições particulares tem o poder de nos prender e transportar-nos de forma quase magnética. Esse magnetismo é também fruto da forma como Webster se encara e como encara as suas emoções, criando um equilíbrio perfeito do seu próprio ser, enquanto explora determinados sons e sentimento, mantendo a sua singularidade artística.

Na primeira rodagem, talvez fruto de esperar algo mais aproximado a I Know I’m Funny Haha (2021) ou Atlantic Millionaires Club (2019), julguei mal o álbum. A partir da segunda, nunca mais descolei. Nota para a inesperada colaboração com Lil Yatchy, em “Lego Ring”, que deixou de ser inesperada quando descobri que são amigos de infância/escola, em Atlanta.

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:
> Thinking About You
> But Now Kiss
> Lego Ring (ft. Lil Yatchy)
> Lifetime

Future & Metro Boomin – We Don’t Trust You

Future Metro Boomin We Dont Trust You

Género: Rap

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We Don’t Trust You é a mais recente colaboração entre Future e Metro Boomin, colaboração essa que já provou ser frutífera no passado.

Neste álbum é difícil concluir com certezas quem é que dá o maior contributo à continuidade deste projeto de longa data, mas se tivesse de apostar, diria que é mesmo Metro Boomin. Muitos sons no ponto a nível de produção, mas liricamente (com algumas exceções) não creio que esteja nivelado.

Após algumas rodagens, fica a sensação de que, ainda que haja algumas faixas icónicas recheadas de alma e melodias ímpares, menos 4 ou 5 qualidade geral do álbum não ficava tão diluída.

A base assenta mais sobre a nostalgia do que sobre a inovação, mas quando a qualidade existe, isto nunca é um problema a ter em conta. Ainda para mais, com “Like That”, em colaboração com Kendrick Lamar, vimos o mundo do rap a levar um abanão como já não se via há muitos anos. Inúmeros rappers saíram da hibernação de diss tracks, que começaram a ser lançadas a torto e a direito. Ainda que fique aquém de expetativas mais elevadas, só por isto já valeu a pena!

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:
> Type Shit (ft. Travis Scott & Playboi Carti)
> Like That (ft. Kendrick Lamar)
> Running Outta Time
> Everyday Hustle (ft. Rick Ross)

Kacey Musgraves – Deeper Well

Kacey Musgraves Deeper Well

Género: Country Folk/Folk Pop

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A partir de Golden Hour (2018), fiquei rendido a Kacey Musgraves. Nem sempre o que lança tem o mesmo nível de excelência, no entanto tenho dificuldades em nomear músicas que não sejam de bom nível com a artista associada.

Deeper Well não está ao nível de Golden Hour, mas é uma álbum necessário de purificação emocional e retorno à essência que caracteriza a artista, num florescer primaveril belíssimo.

Faixa a faixa, somos acolhidos com um dedilhar de guitarra aconchegador, que se mantém ao longo do álbum, fazendo do seu registo algo mais acústico. É uma espada de dois gumes, porque se por um lado lhe confere coesão sonora, por outro rouba variação e irreverência para o elevar e o tornar surpreendente.

Ainda que Deeper Well não tenha nenhuma singularidade de destaque imediato e se mantenha marginal a fórmulas passadas, é possível constatar que Musgraves não parou no tempo. A cantora cresceu significativamente como artista e escritora, ao longo dos últimos seis anos. Fica só o dissabor de saber que Musgraves é capaz de muito mais.

Em todo o caso, Deeper Well continua a ser um ótimo álbum, quando ouvido no contexto certo.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:
> Cardinal
> Deeper Well
> Too Good to be True
> The Architect
> Lonely Millionaire
> Nothing To Be Scared Of

Mannequin Pussy – I Got Heaven

Mannequin Pussy I Got Heaven

Género: Punk Rock/Pop Punk

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A trajetória ascendente dos Mannequin Pussy passou a ser exponencial com I Got Heaven, cuja mistura de emoções extremas continuam a exaltar realização em quem as absorve, enquanto são entregues com mais garra, acompanhadas de uma sonoridade que tem tanto de cativante como de eletrizante.

As bases sob as quais este novo álbum assenta são semelhantes às de Patience (2019). No entanto, e graças a esta mudança de abordagem, na qual a banda salta de melodias mais Pop cor de rosa e preto, para um travo inicial de Punk Hardcore, diz muito sobre a versatilidade da banda (e tão simples que aparenta ter sido).

A energia em prol da produção musical continua a ser genuína, apaixonada e intensa, no entanto a maturidade já é outra (muito maior), e não tenho dúvidas que os Mannequin Pussy têm o estofo necessário para assumir o posto de cabeça de cartaz.

Não sei se é por ser fã há algum tempo, mas adoro a emoção que a banda emprega na hora de produzir música, e I Got Heaven não é exceção – quanto muito mostra que já é regra.

Classificação do álbum: ★★★★★

Músicas a ouvir:
> I Got Heaven
> Loud Bark
> Sometimes
> Split Me Open

Rosali – Bite Down

Rosali Bite Down

Género: Indie Rock

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Bite Down é um álbum precioso que combina a introspeção de Rosali com uma energia intensa e uma harmonia sublime entre cinco músicos com ideias semelhantes.

A fusão entre o country rock e o psicadélico contemporâneo dá origem a uma experiência musical profundamente bela e ressonante. Em cada música é apresentada uma ideia diferente, mas inteligente, destacando a voz única e intensa de Rosali, que transmite sinceridade, sem exageros.

As faixas têm uma amplitude grande entre elas, mas todas elas são dotadas de uma melodia bela e uma emoção forte, refletindo a incerteza emocional crua da vida. Este álbum atinge o seu pico mais alto quando Rosali descompõe as suas ideias, expondo a complexidade de cada uma. A essa complexidade junta-se um força centrífuga criada pela sua voz calma e profunda, equilibrando a energia de teor nervoso, contida nas letras.

Não é uma álbum com música estruturada de forma convencional, mas as suas melodias orgânicas e a rica instrumentação trazem uma ressonância duradoura, deixando a sua marca.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:
> On Tonight
> Rewind
> Hills On Fire

ScHoolboy Q – Blue Lips

ScHoolboy Q Blue Lips

Género: Rap

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Blue Lips é a mais recente demonstração de mestria sem esforço associado do ilustre ScHoolboy Q num ofício que domina tão bem. Ao longo deste álbum, podemos assistir ao rapper a alternar entre estilos com naturalidade surpreendente, enquanto vai lançando bombas de verdades cruas e introspetivas aqui e ali.

Vimos refletido um notável crescimento, fruto de anos de experiência no género, provando que a paciência é uma virtude que sai recompensada, pois ScHoolboy Q nunca foi tão rico musicalmente. A habilidade de Q em navegar pelos altos e baixos da sua vida com precisão e entretenimento acaba por diferenciá-lo de outros MCs.

Blue Lips traz-nos o artista na sua forma mais honesta, recusando a comprometer-se com o simples e ordinário, e materializando este álbum como uma forte declaração daquilo que pretende ser daqui para a frente. É o início de uma nova era para o rapper, demonstrando sua resiliência e capacidade sobrevivência face às adversidades da constante mutação do género.

Por vezes fica uma sensação de fixação com o “excesso”, mas o álbum mantém-se cativante por ele todo, atraindo os ouvintes para o mundo do rapper nos seus próprios termos.

No fim de contas, Blue Lips é um ousado regresso à forma como ScHoolboy Q se tem apresentado ao longo de mais de uma década, misturando a sua grandeza passada com riscos inovadores, esticando assim os seus próprios limites de uma forma cativante.

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:
> Thank god 4 me
> Blueslides
> Yeern 101
> Lost Times (ft. Jozzy)
> Smile

Sum 41 – Heaven :x: Hell

Sum 41 Heaven x Hell

Género: Punk Rock/Pop Punk

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Confesso que, mesmo sabendo que Heaven :x: Hell ia ser o álbum de despedida, não constava no meu Bingo de 2024 que este álbum com 20(!) músicas ia ser tão brutal.

Dividido em duas partes, ambas foram produzidas de forma espetacular, fazendo jus à evolução dos elementos da banda como pessoas e como banda, cuja experiência fala mais alto e faz-se notar na sua música (à semelhança do que vimos acontecer com os Fall Out Boy em 2023 e Avril Lavigne em 2022).

Em “Heaven” (primeira metade), uma obra-prima da banda, somos bombardeados com uma tempestade de malhas com pés e cabeça. Não vamos fechar os olhos às provas dadas e admitir que esta metade nos traz os bons e velhos Sum 41, repletos de ganchos eletrizantes, variações de ritmo sem qualquer nota de aviso e uma sequência de músicas fabulosas. Tivessem sido lançadas há 20 anos e os Sum 41 iam ser uma banda ainda mais célebre do que são hoje.

Em “Hell” (segunda metade), ainda que menos ímpar, temos acesso a sonoridades mais pesadas, características da banda nos últimos anos. Dentro dessas sonoridades, surge “Rise Up”, “It’s All Me” ou “You Want War” a destacarem-se das demais, demonstrando a amplitude de uma banda que está a anunciar o seu fim, quando ainda tem tanto para dar.

Pois bem, se é um adeus definitivo, é preciso tirar o chapéu e admitir que os Sum 41 vão sair pela porta grande, pois Heaven :x: Hell é o seu melhor álbum. E para garantir que a guarda de honra é bem feita, a 9 de Julho, estarei no Ippodromo Snai San Siro (juntamente com a Avril Lavigne e os Simple Plan) para me despedir deles, em pessoa.

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:
> Landmines
> Time Won’t Wait
> Dopamine
> Not Quite Myself
> Radio Silence
> Rise Up
> I Don’t Need Anyone
> It’s All Me

Tierra Whack – WORLD WIDE WHACK

Tierra Whack WORLD WIDE WHACK

Género: Experimental Hip-Hop/Rap

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Após algum tempo a seguir de perto o trabalho de Tierra Whack, é sensacional constatar onde a artista chegou. No primeiro álbum fomos surpreendidos com uma opção artística algo caricata, no qual 15 músicas presentes não passavam de um minuto de duração, ainda que a criatividade associada nos fizesse desejar mais. Neste álbum, Tierra Whack seguiu a duração convencional e o resultado continua a ser ótimo, o que demonstra que a duração nada tinha a ver com a falta de engenho.

Em World Wide Whack vemos a artista de Filadélfia a navegar numa ampla gama de temas e panoramas sonoros com certezas. Isto não só demonstra uma grande capacidade de adaptabilidade, como também uma criatividade mergulhada em emoções contrastantes sem limites.

Ao longo do álbum, Whack integra de forma inteligente referências aos seus problemas de saúde mental, encontrando um equilíbrio satisfatório entre o pesar e o seu característico humor. Embora algumas faixas não encaixem tão bem como outras, o efeito geral é uma coleção de hits conscientes e cativantes, que exploram os aspetos mais sombrios da fama.

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:
> Chanel Pit
> Imaginary Friends
> Moovies
> Shower Song
> 27 Club

Tyla – TYLA

Tyla TYLA

Género: R&B/Amapiano

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O álbum de estreia de Tyla, TYLA, é uma surpresa que adiciona mais brilho ao single de estreia, com foco em elevar as pistas de dança por esse mundo fora, com batidas contagiantes e uma mistura vibrante de Pop, R&B e influências Amapiano.

Ao longo de todo álbum, ainda que hajam variações a nível de ritmo, é possível identificar o som característico da artista, graças a escolhas arrojadas que brilham de forma subtil, estabelecendo-a como uma autêntica estrela pop em ascensão.

Grande parte das escolhas arrojadas que refiro acima assentam na versatilidade entre os géneros empregues, que funcionam muito bem juntos, mantendo assim um estilo coeso e facilmente identificável. Tudo isto junto acrescenta um grande valor de repetição ao álbum.

O álbum de estreia de Tyla solidifica imediatamente a sua posição como a mais brilhante nova estrela da África do Sul, tendo assim um papel de embaixadora para o movimento Amapiano. No geral, TYLA está bem elaborado, dando a sensação que, por detrás dele, está uma artista que consegue ser suave e poderosa em simultâneo e, apenas com 22 anos, já com potencial imenso.

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:
> Safer
> Water
> Truth Or Dare
> On and On
> ART

Waxahatchee – Tiger’s Blood

Waxahatchee Tigers Blood

Género: Indie Folk/Country

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Waxahatche é, provavelmente, uma das minha artistas mais ouvidas de sempre, e se haviam dúvidas do “porquê”, Tigers Blood vai dissipá-las. Faltam-me palavras para explicar o quão magnífica é a sensação de conseguir captar o que é que Katie Crutchfield tem para contar e a forma sublime com que se desdobra em histórias e pensamentos.

Mais uma vez, após Saint Cloud (2020), saca um álbum encantador, pautado por uma magia tingida de country, sem nunca cair na nostalgia ou clichés do género. Ao longo de 12 belíssimas composições, somos confrontados com uma perspetiva adulta e fundamentada, focada em relacionamentos que oferecem conforto e bem estar.

A narrativa, baseada em honestidade inabalável e companheirismo duradouro, faz deste álbum o condutor de uma verdade universal através de sonoridades pausadas, mas brilhantes. Já a interação simbiótica entre a voz de Crutchfield e as composições harmoniosas que as acompanham elevam as músicas, tornado-as ainda mais memoráveis. Os arranjos das mesmas são subtis, mas são os detalhes idiossincráticos que conferem ao álbum uma sensação de familiaridade e originalidade em simultâneo.

Tigers Blood é mais um álbum de luxo da artista, mostrando a sua evolução sonora refinada, sem nunca deixar de ser ela própria.

Classificação do álbum: ★★★★★

Músicas a ouvir:
> 3 Sisters
> Right Back To It (ft. MJ Lenderman)
> Bored
> 365

Outros álbuns a ouvir:
> Bolis PupulLetter To Yu
> Empress Of For Your Consideration
> Everything EverythingFountainhead
> Gary Clark, Jr.JPEG RAW
> Julia Holter Something in the Room She Moves
> Norah JonesVisions
> Ride Interplay
> Sheer MagPlaying Favourites

Extended Play do mês: ILLIT – SUPER REAL ME

ILLIT SUPER REAL ME

Género: K-Pop
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Uma das estreias mais antecipadas da HYBE superou todas as expectativas. As ILLIT chegaram com um conceito atribuído muito particular e cativante, mas a verdade é que o têm conseguido executar na perfeição e, como prova disso, temos todos os recordes dentro do género que têm superado, semana atrás de semana. Já para não referir que têm em “Magnetic” um diamante extremamente bem esculpido (no top 100 mundial desde o dia de estreia).
Classificação do álbum: ★★★★½
Músicas a ouvir: Magnetic // Midnight Fiction // Lucky Girl Syndrome

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