Mumford & Sons: Bons filhos a casa tornam

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Desde que se deram a conhecer em 2009, com o lançamento do álbum Sigh No More, que os Mumford & Sons foram conquistando o difícil panorama musical, em especial nos Estados Unidos, onde, por norma, as bandas britânicas têm dificuldade em assumir-se.

Em Portugal as coisas funcionam de forma diferente. São vários os projetos britânicos que passam por cá, sempre com muito sucesso à mistura, e o caso dos Mumford & Sons não é diferente. Depois de concertos ótimos no país – lembramo-nos especialmente do fenomenal concerto no Coliseu dos Recreios, em 2013 -, a banda de Marcus Mumford, Ben Lovett, Ted Dwane e Winston Marshall regressou para um concerto na maior sala de espetáculos de Portugal, a Altice Arena. E a verdade é que não desiludiram.

Talvez a banda tenha pedido demasiado ao atuar na Altice Arena, uma vez que a sala não esgotou. Havia espaço na plateia em pé, o Balcão 1 estava praticamente cheio, mas o Balcão 2 só contava com quatro bancadas preenchidas. Mas bom, também se pode justificar a menor afluência devido à data – 25 de abril -, em que muitos certamente se encontravam fora de Lisboa.

Com mais ou menos público, a verdade é que a festa não deixou a desejar. E começou logo com “Guiding Light”, a segunda faixa do disco Delta, que a banda vinha apresentar. Não seria preciso muito mais para perceber que a noite já estava ganha – eram muitos a acompanhar o refrão da canção. Aliás, é apanágio dos Mumford & Sons criarem músicas que apelam ao coro e que nos tocam no coração.

“Boa noite”, disse logo de seguida o vocalista Marcus Mumford, num português perfeito. E aí teve o público na mão, até porque quem fala em português normalmente ganha (ainda mais) a atenção dos fãs.

Apesar deste ser um concerto de apresentação do disco Delta, a banda sabe que o álbum ainda não está muito no ouvido, e é com mestria que, nos temas seguintes, serve aqueles que lhes deram reconhecimento mundial: ouvimos “Little Lion Man”, “Holland Road” e “The Cave”, retiradas de Sigh No More e Babel. Verdadeiros hinos cantados a plenos pulmões pelos fãs que tinham acorrido ao concerto na Altice Arena.

Num concerto que variou entre entre o último álbum e os anteriores da carreira, o espetáculo demonstrava uma máquina bem oleada e afinada, muito por culpa da bem-sucedida digressão que acabaram de realizar nos Estados Unidos. Afinal, este era o primeiro concerto da tour europeia dos Mumford & Sons.

Mas a banda não se encontrava ao fundo da Altice Arena, como é normal acontecer. Apesar de não ser propriamente uma novidade na indústria, os Mumford & Sons apresentaram-se num palco circular montado a meio da sala, que, dizem eles, “é para se sentirem mais próximos do público”. A coisa até resulta, mas, como o palco não vai girando, contrariamente ao que vimos noutros concertos, acabamos por levar com Marcus Mumford de costas. Não é lá muito agradável. Mas adiante.

Apesar do disco Delta mostrar uma banda que se dá outros sons, mais expansivos e experimentais, acabam por acusar o menor fulgor dessas canções, casos de “Picture You” ou “Slip Away”, que, além de apelarem ao hino fácil de estádio, fazem-nos lembrar trabalhos reciclados dos Coldplay.

Esquecendo esses momentos menos fulgorosos, os Mumford & Sons jogam cartadas como “Believe” e “Tompkins Square Park” (enorme ao vivo, com a bela da guitarra elétrica Winston Marshall, o tal rapaz do banjo), ambas do álbum Wilder Mind.

Chegava “The Wolf”, também do mesmo álbum, a encerrar a primeira parte do espetáculo. No fim destes 13 temas, uma coisa era certa: a banda estava super coesa e a voz de Marcus Mumford, profunda como sempre, estava afinadíssima. Notava-se também pura felicidade nos rostos dos elementos da banda, sempre muito sorridentes durante todo o espetáculo. Apesar de não terem falado assim tanto com o público, a verdade é que também não era assim tão necessário – as canções falaram por eles.

Regressados a palco, os elementos da banda juntaram-se a meio do palco, em círculo, para, em conjunto, e quase a capella, não fosse a guitarra acústica de Marcus Mumford dar o balanço, interpretarem para só um microfone os temas “Timshel” e “Forever”, mostrando que ainda conseguem ter aquele momento de maior intimidade quando assim o desejam.

Logo depois, uma surpresa: os australianos Gang of Youth, que abriram o concerto, juntaram-se em palco aos Mumford & Sons para uma cover de “Blood”, tema dos também australianos Middle East. E apesar de não termos escutado “Hurt”, dos Nine Inch Nails, ou “You Shook Me All Night Long”, dos AC/DC, como os Mumford & Sons fizeram na recente digressão pelos Estados Unidos, a verdade é que este tema, apesar de pouco celebrado (talvez pouco conhecido?), assentou que nem uma luva na áurea do concerto, com a voz volumosa e consistente do vocalista David Le’aupepe a mostrar o que vale.

Quase a fechar ainda passámos pela muito aguardada “I Will Wait”, que, apesar de muito celebrada, perde força em relação à versão de estúdio, já que não se conseguia ouvir todos os instrumentos. E não era a primeira vez que isto acontecia ao escutarmos a canção.

“Temos mais uma canção para vocês”, anunciava Marcus Mumford, a antecipar a inevitável despedida. Deu-se com a viajante “Delta”, com chuva de confettis à mistura. Foi um concerto de cerca de 1h40 de duração, mostrando uma banda feliz pelo seu progresso e que ostentava uma energia que parecia inesgotável.

É provável que os Mumford & Sons regressem em breve ao nosso país. Afinal, foi esse o desejo demonstrado pelos fãs ao que disse Marcus Mumford, adiantado que voltariam caso os quisessem receber novamente. Mas alguém duvida disso?

Fotos de: Tiago Cortez / Everything is New

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