Mount & Blade II: Bannerlord

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Uma experiência única que chega finalmente às consolas na sua versão final.

Até experimentar Warband, desconhecia por completo a série Mount & Blade. A sua combinação entre uma aventura RPG e a gestão de um exército num mundo medieval mergulhado em conflitos políticas e disputas militares não demorou a conquistar-me, até na sua versão para consolas. Apesar dos seus problemas técnicos e de uma falta de cuidado visual, que sofre devido à extensão do seu mundo – que se reflete na repetição de cenários, assets e modelos de personagens -, o ritmo de Warband e a sua liberdade de abordagens mantiveram-se no imaginário de vários jogadores, com a promessa de uma evolução significativa com a aguardada sequela – Mount & Blade II: Bannerlord.

Depois de um período de teste, Mount & Blade II: Bannerlord está finalmente terminado, agora disponível no PC, mas também nas consolas. Para manter a tradição viva, vejo-me uma vez mais a visitar o mundo de Mount & Blade nas consolas, mas arrisco-me a dizer que muito mudou desde 2016. A adaptabilidade aos comandos continua a ser um problema, mas a Taleworlds procurou limar os controlos desta sequela e disponibiliza menus mais limpos, intuitivos e acessíveis que são alimentados por um mapeamento mais confortáveis – nomeadamente na presença de melhores atalhos para todas as ações em jogo. Claro que estas alterações e melhorias não substituem a utilização de um teclado e rato, mas procuram ser um meio-termo mais confortável, ainda que longe de perfeito.

Como sequela, Bannerlord procurou enaltecer a experiência do título anterior e torná-la mais profunda sem perder o que a tornava tão especial. Acredito que alguns jogadores irão preferir Warband ou Bannerlord, apesar das semelhanças entre os dois, e penso que isso se reflete na forma como ambas as campanhas se desenrolam. Para muitos, a liberdade de Warband e a sua total dependência na agência dos jogadores, com a campanha a exigir muito pouco no que toca à narrativa, poderá ter sido demasiado intimidante para quem não estava familiarizado com o catálogo da Taleworlds. Depois de criarmos a nossa personagem e definirmos as suas origens, somos atirados para o mundo de Calradia, onde temos de construir a nossa história sem grandes restrições. Como um mero nobre caído em desgraçada ou como filho de um agricultor, temos a possibilidade de aliar-nos a um dos reinos de Calradia e construir o nosso próprio legado, com castelos, aldeias, exércitos gigantescos e lacaios por todos os cantos do mundo.

Em Bannerlord, a Taleworlds mantém o foco na liberdade do jogador e na criação da sua própria aventura, mas desta vez senti que existe um cuidado maior em introduzir o mundo de Calradia aos jogadores com missões mais focadas na narrativa, que adicionam um objetivo mais definido a uma campanha ainda assente na abertura do seu mundo e nas escolhas dos seus intervenientes. Com este foco, cria-se um problema e resolve-se outro. Se Bannerlord tem, de facto, um objetivo mais claro e fácil de acompanhar para quem quiser uma experiência mais narrativa e tradicional, podemos argumentar que esta aposta reduz a escala e opções dos jogadores ao limitar a forma como absorvem o mundo à sua volta. Mount & Blade é uma série que exige muito dos seus jogadores, mas é também uma série que permite um número extenso de abordagens aos seus desafios e estes primeiros objetivos acabam por amordaçar a exploração e a curiosidade quando sabemos o que temos de fazer durante as primeiras horas da campanha.

No entanto, a experiência basilar, que tornou Warband num nome de peso no género, continua intacta, apenas mais diluída em partes. A nossa aventura começa novamente com a criação da nossa personagem, mas em Bannerlord temos a possibilidade de definir melhor a sua personalidade, origens e atributos do que no título anterior. Também existem mais elementos RPG nesta sequela e podemos atribuir pontos de experiência a uma panóplia de opções – desde combate a diplomacia. Com a personagem criada, podemos deslocar-nos à zona de treino, a primeira paragem do tutorial, onde aprendemos as várias facetas do combate de Bannerlord, que, infelizmente, mantém o mesmo sistema de direção de Warband, onde temos de determinar a direção dos golpes com o analógico direito. Este sistema nunca foi confortável para mim e os confrontos corpo a corpo continuam a ser um dos elementos mais fracos da franquia Mount & Blade, mas dependerá da arma que utilizem, sendo que as bestas e arcos continuam a ser muito desequilibrados se as souberem utilizar.

Os novos sistemas RPG adicionam novas camadas à jogabilidade e uma maior personalização do protagonista em todas as suas vertentes, seja em combate ou na gestão. Em Bannerlord, é tão importante saber combater como conseguir gerir os nossos recursos e exércitos, e é aqui que eu continuo fascinado com a sequela da Taleworlds. Existem mais missões secundárias, mais personagens – agora com voice acting mais presente – e mais reinos, aldeias e regiões para explorarmos, mas o que importa é a forma como se comportam em jogo. Bannerlord não é apenas complexo na sua jogabilidade, e é através dos seus sistemas de gestão e influência que se constrói o cerne da sua experiência: encontrar um lugar neste mundo em guerra. Para tal, é necessário criarmos o nosso exército, mas também garantirmos os nossos recursos num mundo onde cada batalha poderá ser a última. À medida que expandimos a nossa força militar, a influência cresce connosco e temos a possibilidade de conviver com alguns dos nobres da região, com quem podemos traçar alianças que nos ajudam a crescer. No entanto, Bannerlord move-se sobre um sistema muito complexo de popularidade e se nos unirmos a uma fação já sabemos que teremos rivais atrás de nós, com o alvo nas nossas costas a aumentar exponencialmente.

É isto que adoro em Mount & Blade, este risco e recompensa constantes onde temos de delinear estratégias dentro e fora dos campos de batalha. É importante saber quando atacar e quem queremos como aliados, mas também como inimigos. Observar o nosso exército a crescer, de 10 para 100 ou mais soldados, mas também a nossa popularidade, onde teremos a possibilidade de conquistar o nosso próprio reino e castelo, criam um ritmo de jogo que se torna viciante e impossível de largar. Bannerlord procurou criar uma progressão mais palpável na campanha e é interessante pensar como a fasquia aumenta a cada passo que damos. Se, numa hora, estamos a lutar contra meros bandidos nas montanhas, na seguinte estamos numa enorme invasão enquanto tentamos conquistar um dos castelos inimigos. Não é a série mais acessível a nível mecânico, mas quando começamos a dominar as suas funcionalidades, abrem-se diversas opções que mudam por completo a nossa experiência.

Mount & Blade: Bannerlord é perfeito para PC, mas a conversão para as consolas é sólida o suficiente para a conseguir recomendar, com um mapeamentos de controlos e atalhos à altura das suas mecânicas, mas também um desempenho sólido e sem bugs problemáticos. No fundo, Bannerlord é uma sequela que não procura reinventar a série, mas sim questionar o que a torna especial. Para a Taleworlds, em equipa vencedora não se mexe, mas pode sempre melhorar-se a estratégia e é assim que funciona este regresso a Mount & Blade.

Uma boa combinação entre RPG, exploração e combates em larga escala, mas também jogos de poder e diplomacia, que agora são ainda mais importantes – ao ponto de podermos adquirir e investir em negócios locais para um maior lucro a longo prazo. Não é fácil de começar, mas é uma série muito fácil de adorar.

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Cópia para análise (versão PlayStation) cedida pela Talewords.

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