Normalmente preparo este tipo de artigo perto do final de cada ano, com mini-críticas que fui guardando de alguns filmes para os quais não tive tempo de escrever uma opinião mais extensa.
Porém, e tal como no passado, também 2023 será um bocado diferente, de forma a que consiga publicar as minhas críticas sobre todos os filmes que assistir durante este ano sem perder nenhum.
Sendo assim, este artigo contém as mesmas opiniões concisas que já leram em outros artigos semelhantes. Pequenas críticas de alguns filmes aos quais não posso oferecer 800 palavras ou mais devido a situações externas que podem ocorrer na minha vida. Na maioria dos casos, estes serão filmes que não terão impacto na minha reflexão de fim de ano dos melhores/piores filmes que vi em 2023.
Esta secção será atualizada sempre que adicionar uma nova mini-crítica, para que essas opiniões compactas possam ser vistas por todos a qualquer momento.
NYAD
NYAD é ancorado por performances poderosas, com Annette Bening e Jodie Foster a entregar representações dignas de prémios num filme que se inspira na natação em águas abertas de 53 horas de Diana Nyad aos 64 anos. Baseada no livro da própria, esta adaptação desenrola-se com diálogos sinceros e autênticos que cativam a audiência na jornada emocional da notável conquista da protagonista. No entanto, o filme cai nas armadilhas típicas de biopics, contornando controvérsias da vida real, como a natureza não certificada da “prova” – uma omissão notável que não ajuda a credibilidade do feito extraordinário. Além disso, a obra sucumbe às restrições formulaicas dos conhecidos “Oscar-bait”, carecendo de criatividade e tornando-se, eventualmente, repetitivo. Apesar das suas falhas, continua a ser uma visualização interessante, impulsionada por prestações fantásticas e uma história inspiradora no seu centro.
Nota: ★★★
The Creator
The Creator é uma experiência de cinema incrivelmente imersiva, repleta de elementos audiovisuais cativantes e contendo ainda uma conclusão poderosamente catártica que não deixará ninguém indiferente. Gareth Edwards entrega uma história sobre AI mais oportuna do que propriamente única ou instigante, pecando por falta de um melhor balanço tonal, profundeza temática e diálogo impactante.
Dito isto, é uma obra épica de ficção-científica que merece ser vista no grande ecrã, nem que seja para testemunhar a melhor prestação infantil do século por parte de Madeleine Yuna Voyles.
Nota: ★★★½
The Nun II
The Nun II supera o seu antecessor com prestações louváveis, efeitos práticos melhorados e alguns visuais de impressionar, tornando-se um blockbuster de horror surpreendentemente decente. Michael Chaves utiliza eficazmente o seu orçamento, mostrando o seu talento na cadeira da realização ao lidar bem com as sequências de suspense. No entanto, tropeça no segundo ato com uma perda de momentum e continua a abusar de jumpscares genéricos que frequentemente não causam impacto. A complexidade desnecessária introduzida na história, com flashbacks estranhos e complexidades de personagem, resulta num terceiro ato narrativamente confuso. Apesar destes problemas, esta sequela representa um passo positivo para a franchise, embora duvide que consiga atingir o auge dos dois primeiros filmes de The Conjuring.
Nota: ★★★
Blue Beetle
Blue Beetle segue as fórmulas do costume no que toca a histórias de origem de super-heróis, sendo extremamente previsível e pouco criativo narrativamente, mas todos estes problemas são bem compensados por um elenco orgulhosamente Latino que oferece prestações excecionalmente genuínas – Xolo Maridueña surpreende – e pela cultura Mexicana magnificamente rica que engloba a obra. Entretenimento assegurado também com um bom misto de ação com elementos CGI e coreografia de luta, assim como uma banda sonora energética.
Claramente, um filme que apenas se encontra rotulado como parte da DCEU, pois James Gunn não quer arriscar iniciar o novo universo cinemático com um personagem menos conhecido. Não hajam dúvidas: Jaime Reyes e companhia serão “transferidos” para a próxima saga…
Nota: ★★★½
The Last Voyage of the Demeter
The Last Voyage of the Demeter insufla uma nova vida na narrativa de Drácula, apresentando uma abordagem surpreendentemente fresca ao conto clássico. Esta adaptação destaca-se pelo excecional trabalho de maquilhagem, recorrendo de forma impressionante a efeitos reais e práticos, em vez de sucumbir à tendência CGI. Uma escolha notável que adiciona realismo às cenas macabras repletas de sangue, mortes violentas e imagens chocantes. A falta de timidez do cineasta André Øvredal em tomar decisões arrojadas merece muitos elogios, assim como a atmosfera claustrofóbica e assustadora, e uma banda sonora potente que foge aos build-ups formulaicas para jumpscares. Filmado de forma deslumbrante, com um excelente controlo da iluminação obscura e efeitos visuais louváveis. Apesar das suas qualidades, a obra prolonga-se em demasia, caindo numa estrutura previsível. Uma frustração bastante incomodativa surge da decisão absurda de revelar o final do filme na sequência de abertura sem justificação substancial, deixando uma insatisfação persistente numa obra, de outra forma, ousada, visualmente impressionante e altamente cativante no género de horror.
Nota: ★★★½
Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutant Mayhem
Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutant Mayhem não podia ser uma bomba maior de pura diversão! Entrega tudo aquilo que fãs de TMNT desejam: o humor caraterístico das tartarugas, ação ninja altamente entusiasmante – a melhor sequência da obra pertence ao Splinter de Jackie Chan – e uma banda sonora “muita fixe”, roubando o termo aos protagonistas.
O estilo de animação inspirado por rascunhos propositadamente exagerados da adolescência do realizador Jeff Rowe – assim como The Mitchells vs. The Machines e Spider-Man: Into the Spider-Verse – encaixa na perfeição no ambiente leve do material original e traz as famosas tartarugas para o grande ecrã naquela que é, provavelmente, a melhor adaptação cinematográfica da franchise.
Venha a sequela!
Nota: ★★★½
Indiana Jones and the Dial of Destiny
Indiana Jones and the Dial of Destiny pode não alcançar o nível da trilogia original de Steven Spielberg – nem se esperava isso – mas James Mangold entrega uma obra mais do que satisfatória e carregada de nostalgia. Dezenas de sequências aventurosas, imenso humor, excelentes prestações e uma despedida emocionante, respeitosa e digna do icónico personagem de Harrison Ford.
Tem os seus problemas com efeitos visuais – a tecnologia de-aging tarda em atingir a impossível perfeição – e com a duração demasiado extensa para um enredo tão simples e previsível, mas tanto fãs da saga como aficionados do género de aventura e saudosistas dos filmes da maravilhosa década de 80, estejam descansados que dificilmente sairão desapontados.
Nota: ★★★½
No Hard Feelings
No Hard Feelings é um bom regresso das comédias de verão. Não escapa às fórmulas do género e podia ter aproveitado melhor o seu rating etário, mas também é surpreendentemente mais instigante do que se esperava.
Jennifer Lawrence e Andrew Barth Feldman partilham química palpável numa comédia “raunchy” eficiente sobre deixar o passado para trás, assim como aprender a sair da concha pessoal, situações que nos prendem de viver o presente e futuro. Chega também a tocar no tópico dos “pais helicóptero” de forma mais realista do que muitos pensam.
Passa a correr!
Nota: ★★★½
The Boogeyman
The Boogeyman torna-se rapidamente num dos meus filmes de horror favoritos deste ano! Não vai surpreender nenhum espetador habituado a estas histórias formulaicas, mas o realizador Rob Savage eleva tremendamente uma obra que facilmente cairia no esquecimento mal os créditos começassem a rolar.
Build-ups creativos e inteligentes para sequências repletas de verdadeiro suspense, assim como jumpscares bastante eficientes como já não experienciava há muito tempo. Mas o elenco é essencial para o sucesso deste filme. Não tenho palavras para descrever o quão impressionantes são as prestações de Sophie Thatcher, Chris Messina e Vivien Lyra Blair (11 anos!). Absolutamente incríveis!
Para fãs do género e para ver no cinema.
Nota: ★★★½
Fast X
Fast X surpreende e consegue trazer-me de volta para uma saga da qual já tinha praticamente desistido. Jason Momoa é, de longe, o MVP ao transformar um vilão facilmente esquecível numa explosão de charme e *camp* verdadeiramente hilariante. O elenco mantém uma química invejável, sendo que Daniela Melchior e Portugal mereciam mais tempo de ecrã.
Tendo em conta os filmes anteriores, a ação energética até acaba por ser bastante tolerável no que toca à insanidade ilógica esperada da franchise – o que agradará aos espetadores com menos paciência para o absurdo. Apesar de um abuso de panos de fundo falsos e uma montagem demasiado irrequieta, os níveis de entretenimento encontram-se bem dentro do espetro aceitável.
De forma clara, é o primeiro filme de uma trilogia final. Interpretem esta última frase como bem entendam.
Nota: ★★★
Hypnotic
Hypnotic carrega o potencial narrativo para se tornar numa obra alucinante cheia de twists chocantes e uma história incrivelmente cativante. Infelizmente, apesar de alguns momentos interessantes e de um elenco excelente, Robert Rodriguez e Max Borenstein entregam uma autêntica confusão atrapalhadamente montada de uma mescla de ideias não tão inteligentes como os cineastas tentam fazer parecer.
Não me recordo da última obra com tanta, tanta exposição preguiçosa para explicar todos os pontos de enredo ou desenvolvimentos de personagem. Desilusão.
Nota: ★★½
The Mother
The Mother é daquelas obras instantaneamente esquecíveis sobre uma mãe espiã que tem de proteger a sua filha há muito afastada devido a “maus da fita do passado”. Jennifer Lopez entrega uma boa prestação, Lucy Paez é ainda melhor, mas nem uma nem outra salvam o filme da sua história aborrecidamente genérica.
Esperava mais de Niki Caro, que nem nas sequências de ação consegue impressionar…
Nota: ★½
Chevalier
Chevalier conta com um argumento de Stefani Robinson que não escapa à previsibilidade da estrutura habitual de biopics deste tipo, mas Stephen Williams oferece uma visão cuidada e surpreendentemente cativante da história de vida do compositor Joseph Bologne. Uma narrativa tematicamente sensível, mas tremendamente inspiradora, e com música incrivelmente catártica que permite um clímax poderoso.
O elenco é maravilhoso, sendo que Kelvin Harrison Jr. entrega uma das melhores prestações de 2023 até à data. Guarda-roupa e maquilhagem receberão, com certeza, nomeações na próxima temporada de prémios.
Nota: ★★★½
Air
Air eleva-se com um elenco repleto de química, oferecendo performances animadas em todos os setores, com Matt Damon a destacar-se. O excelente argumento de Alex Convery apresenta um das escritas mais afiadas na história recente de biopics desportivos, fundindo humor e drama de forma coesa, apesar de não inovar dentro do subgénero, aderindo a cliches e estrutura familiares. O diálogo dinâmico mantém todas as cenas incrivelmente cativantes, fazendo com que as quase duas horas de duração passem a voar. Ben Affleck continua a comprovar o seu talento como realizador e ator. Surpreendentemente envolvente mesmo para espetadores não-entusiastas de basquetebol. Uma história original altamente agradável e bem executada sobre como uma sapatilha mudou o mundo.
Nota: ★★★½
Paint
Paint é… hum… nem sei. Existe sempre algum valor de entretenimento em ver Owen Wilson representar e o ator demonstra que não perdeu o seu charme icónico. Definitivamente um filme bem-humorado, mas que peca por falta de qualquer tipo de impacto. Longo, sem rumo e simplesmente pouco envolvente. Ninguém se encontra surpreendido por esta obra ter passado completamente ao lado da vasta maioria dos espetadores.
Mesmo assim, nota para uma imagem MUITO bonita de uma montanha pintada num celeiro!
Nota: ★★
The Pope’s Exorcist
The Pope’s Exorcist atira-se de cabeça com sequências de horror belissimamente filmadas por Julius Avery e sem medo de utilizar a sua classificação etária para oferecer uma quantidade de gore substancial. Infelizmente, não consegue fugir às fórmulas narrativas de “humanos possuídos por demónios” repetidas ao longo de várias décadas neste “subgénero” de exorcismos.
Russell Crowe eleva bastante a obra com uma prestação completa, misturando os momentos dramáticos com a personalidade cómica do seu personagem sem problemas. Já as constantes mudanças tonais criam uma incerteza sobre o tipo de filme que é suposto estarmos a assistir.
Pessoalmente, fica muito ao meio…
Nota: ★★½
Rye Lane
Rye Lane oferece mais autenticidade e emoção genuína nos seus 82 minutos incrivelmente envolventes, espirituosos e divertidos do que muitas comédias românticas com o dobro do tempo de execução. Um exemplo perfeito de como uma história deve durar o tempo que for necessário, nada mais, nada menos.
Vivian Oparah e David Jonsson possuem uma química palpável que transforma uma rom-com formulaica numa história cativante de se seguir pelas ruas de Londres. Para fãs do género, não há razões para perderem esta obra.
Nota: ★★★½
Champions
Champions é um filme de desporto para deixar os espetadores a sentirem-se bem com eles próprios e com o mundo que os rodeia. Um exemplo bonito e comovente de como histórias formulaicas podem ser elevadas pelos cineastas e atores envolvidos. Bobby Farrelly foca-se no elenco inclusivo e permite a todos momentos para brilharem, aproveitando-se do carisma infindável de Woody Harrelson e Kaitlin Olson para ajudar com os diálogos mais complexos.
Uma obra essencial, educativa e informativa sobre pessoas com deficiências intelectuais que todos deviam gastar um bocadinho do seu tempo para assistir.
Nota: ★★★
Plane
Plane supera as baixas expetativas pessoais. Originalidade, criatividade e desenvolvimento profundo de temas ou arcos de personagem não fazem propriamente parte do argumento, mas Jean-François Richet executa todas as suas ideias de tal maneira eficiente que justifica inteiramente o lançamento em cinemas em vez de ir direto para VOD.
Gerard Butler oferece o seu carisma para liderar uma missão-padrão de sobrevivência que, surpreendentemente, possui sequências de ação belissimamente filmadas e níveis de entretenimento bastante elevados. Um filme que entrega aquilo que promete… e um bocadinho mais.
Nota: ★★★½