Inner Symphonies de Hania Rani & Dobrawa Czocher no M.Ou.Co

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Uma viagem emocional sem retorno.

No passado dia 15 de dezembro assistimos ao regresso da pianista e compositora polaca Hania Rani à cidade do Porto. Desta vez com a companhia da amiga de longa data, Dobrawa Czocher, cuja colaboração resultou no álbum Inner Symphonies, editado esta ano pela Deutsche Grammophon. Foi precisamente este trabalho que foi apresentado na sala de espetáculos do M.Ou.Co, numa noite seguramente inesquecível para os presentes.

Depois de todas as cadeiras ocupadas, as luzes vão diminuindo de intensidade, assim como o ruído da plateia vai descendo levemente até o culminar do silêncio absoluto. O duo polaco entra em palco e, para quem marcou presença no concerto de Hania Rani a solo no Círculo Católicos de Operários do Porto em 2019, sabia que a magia estava prestes a acontecer novamente.

“Con Moto” foi o tema de entrada, com as primeiras notas a saírem do piano de Hania para rapidamente dar as mãos com a expressividade e delicadeza de Dobrawa e o seu violoncelo. Deixamo-nos levar para uma viagem emocional sem retorno, assim esperamos, e somos envolvidos em ambiências e paisagens diferentes à medida que os temas de Inner Symphonies são apresentados.

Sentimos uma leveza gigante, uma paz imensa mas ao mesmo tempo uma solidão gritante em “Whale´s Song”, onde as notas do piano de cauda de Hania Rani sobrepõem-se às cordas do violoncelo de Dobrawa. Por momentos sentimos a imensidão do oceano. “Scream” traz-nos um certo peso da melancolia, uma intensidade acentuada no violoncelo, mas que dava espaço para o piano e uns lampejos de umas notas digitais para abraçar toda a composição, também esta uma característica do trabalho da dupla polaca ao fazer a ponte entre o classicismo e o experimentalismo.

Foram poucas as pausas habituais para introduzir temas ou para comunicar com a plateia. A comunicação essencial e a expressão das jovens compositoras estava toda nos seus instrumentos. Inner Symphonies fez-nos olhar para dentro, tarefa essa sempre monumental e hercúlea de ser feita e, por isso, só podemos estar gratos pela genialidade e sensibilidade com que a arte de Hania Rani e Dobrawa Czocher nos têm tocado. Este foi um concerto para todo o tipo de emoções.

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