Horizon Forbidden West: Burning Shores é mais uma extensão do que uma expansão, dando a Aloy mais oportunidades para brilhar enquanto uma importante protagonista, mesmo que a história principal desta aventura pareça pequena.
Após terminar Horizon Forbidden West: Burning Shores, que chegou esta semana à PlayStation 5, a minha primeira reação foi ver o que outros jogadores pela Internet fora tinham achado desta extensão de Horizon Forbidden West, lançado originalmente há sensivelmente um ano. É que, apesar de ser um muito bem-vindo pedaço de jogo, sinto que não me satisfez totalmente.
Para minha grande surpresa, a receção parece ter sido bastante positiva, e efetivamente encontro-me na mesma frequência dessas mesmas essas opiniões, mas não consigo afastar a sensação de que Burning Shores passou depressa demais e deu-me menos do que queriam, enquanto esperamos pelo inevitável Horizon 3.
Horizon Forbidden West: Burning Shores não se faz sentir como uma “mini-sequela”, apesar dos seus eventos ocorrerem imediatamente após os eventos da história principal do jogo. Aloy recebe uma chamada de Sylens (protagonizado pelo recém-falecido Lance Reddick) que a informa que há mais um Zenith no mundo – o magnata Walter Londra – a querer levar a cabo um plano pessoal de fuga para o espaço, através da exploração e manipulação das populações deste mundo. É um novo vilão que deve ser derrotado e que pode ter mais informações sobre a grande ameaça que assombra o mundo e Aloy – a chegada de Nemesis.
Aloy parte então para Burning Shores, onde reencontra os Quen e conhece Seyka, uma nova personagem secundária, com uma missão pessoal de resgate da sua irmã, que tal como Aloy é uma pária. Rapidamente criam um forte laço e, ao longo das 6-7 horas da campanha principal, Seyka e Aloy lutam lado a lado, enquanto partilham as suas histórias, se vão conhecendo e vão forjando a sua amizade.
Apesar de uma ótima premissa que dá um muito maior foco às personagens – em vez de eventos do mundo que poderiam criar implicações para o futuro da saga -, senti no fim desta aventura que Burning Shores foi um nadinha superficial em quase tudo o que queria verdadeiramente fazer, avançando demasiado rápido com alguns desenvolvimentos das personagens, quase sem espaço suficiente para criar uma ressonância emocional mais forte com o jogador. Deu a sensação de que, quando alguns dos momentos importantes do jogo acontecem, não são tão merecidos como deviam.
Esta sensação de uma expansão “pequena“ – que de pequena nada tem, mas já lá vamos – é também potenciada por decisões de design do jogo, nomeadamente com o acesso ao nosso Sunwing e ao novo Waterwing. No jogo base de Horizon Forbidden West, o controlo dos Sunwing acontecia tarde na jornada tanto por questões narrativas, como de design. Tal como uma habilidade super poderosa, o Sunwing permitia uma navegação pelo mapa muito mais eficaz, mas que, se tivesse surgido mais cedo no jogo, iria estragar por completo o sentimento e os objetivos de exploração.
Apesar de Horizon Forbidden West nos retirar o acesso às criaturas aliadas nos primeiros momentos, rapidamente voltamos a controlá-las, levantando-se a questão: para quê navegar de barco entre as ilhas deste novo arquipélago, ou dar a volta a alguns quarteirões, se podemos seguir para o objetivo seguinte, mais rapidamente, a voar? Confrontado com esta opção e com a urgência em continuar a história, a exploração tornou-se relativamente redundante, e conhecer o principal desta aventura acabou por ser muito mais rápido. E é de facto uma pena, porque há muito para explorar.
O mapa de Burning Shores é gigante. É um conjunto de ilhas visualmente familiares e semelhantes à costa de São Francisco do jogo base, com muito mais água, rios de lava e uma verticalidade aumentada entre brechas no subsolo e prédios tombados. Tem sensivelmente o tamanho de um quarto do mapa principal do jogo e é a representação fictícia de Los Angeles, mil anos no futuro, onde o icónico símbolo de Hollywood se mantém de pé, mesmo com um gigante e oponente Horus à sua beira.
Burning Shores é um exclusivo PlayStation 5, segundo a Guerrilla Games, por explorar mais as capacidades da nova consola da Sony. Por um lado, esta expansão mostra Horizon Forbidden West na melhor forma. Os novos cenários são lindos e os gráficos são efetivamente incríveis, especialmente com o novo sistema de nuvens que podem ser visitadas (mas que onde raramente o jogo tira proveito com objetivos) e particularmente na épica sequência final, que finalmente coloca Aloy frente a frente com um devastador Horus, transformando um pouco a paisagem deste novo mapa. Por outro não senti que esta expansão fizesse algo particularmente espetacular, em relação ao jogo principal à parte da longa batalha final contra a besta mecânica gigante.
Burning Shores introduz ainda novas criaturas, com novas formas de fauna bizarras, como uns drones que nascem de ovos mecânicos, sapos gigantes ou o Waterwing, que nos permite navegar pelas profundezas do mar. E temos também uma árvore de habilidades maior para Aloy, com novos truques e animações de finalização, tão divertidos como satisfatórios. Para além da história principal, há várias atividades, missões secundárias e muitos segredos para explorar e alimentar o desejo de colecionismo dos jogadores que adora checklists.
É verdade que não fiquei tão encantado com a nova expansão como a maioria dos jogadores que já a terminaram, mas tudo se deveu mais à forma como abordei Burning Shores, do que propriamente pelo seu conteúdo. É um ótimo complemento ao jogo principal, com foco no desenvolvimento pessoal das personagens – particularmente Aloy e Seyka –, mas a extensão deste DLC e o grau de satisfação irá depender de jogador para jogador. Por isso, termino não apenas com uma recomendação para Horizon Forbidden West: Burning Shores, mas com uma dica: saboreiem o que tem para dar. Até porque mais Horizon, talvez só daqui a um ou dois pares de anos.
Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela PlayStation Portugal.