Histórica Livraria Ferin fecha portas em Lisboa

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Porém, e tal como José Pinho sempre afirmou, “sempre que uma livraria fechar, a Ler Devagar abrirá uma outra”.

Tudo começou em 2017. Na altura, o livreiro José Pinho foi contactado pelos herdeiros da centenária livraria Ferin da baixa lisboeta, num pedido de ajuda de mais uma livraria que não conseguia fazer face aos problemas com que se deparam todas as pequenas livrarias independentes – falta de liquidez para garantir um futuro sustentável.

Nessa altura, José Pinho propôs comprar a Ferin, com o seu aluguer de Loja Histórica, o seu espólio e toda a sua estrutura de recursos humanos por apenas 1€. E isto fez com que herdasse uma monumental dívida histórica acumulada.

A equipa de trabalhadores foi reestruturada, oferecendo a toda a gente o que lhes era devido; os contratos possíveis com fornecedores e credores foram renegociados; a programação e a seleção de títulos foram renovadas e mil projetos começaram a nascer para dar vida ao espaço gigante da enorme cave, com porta direta para a Rua do Crucifixo e com um saguão que fazia sonhar com esplanadas e chá quente. E foram feitos diversos contactos com possíveis investidores, que pudessem introduzir o dinheiro necessário a todas as transformações.

Quando finalmente a casa parecia começar a estar arrumada e a levantar-se, surgiu a pandemia de COVID-19 e o confinamento, que condenaram ao fecho e à penúria grande parte dos negócios, mas muito particularmente as livrarias.

Foi nessa altura que nasceu a RELI, Rede de Livrarias Independentes, uma articulação de José Pinho e de um grupo de outros pequenos livreiros em luta pela sobrevivência das suas livrarias. Infelizmente, e devido a uma doença oncológica incurável, José Pinho acabou por falecer em maio deste ano.

Nos últimos seis meses, prosseguiu-se com a procura de uma solução que permitisse tapar o enorme buraco que estes quatro anos de luta vieram acrescentar ao já existente, mas tal não foi possível.

As vendas da livraria Ferin caíram drasticamente e entrou num ciclo do qual já dificilmente recuperaria. O desfecho? O encerramento de portas.

Porém, e tal como José Pinho sempre afirmou, “sempre que uma livraria fechar, a Ler Devagar abrirá uma outra”. Foi isso que aconteceu com a recente abertura da Ler Devagar no Bairro Alto, uma livraria que é também um centro cultural onde se podem ler e comprar livros, ver filmes, beber um copo, ouvir um concerto ou uma sessão de leitura. E assim, na Casa do Comum do Bairro Alto, a Ler Devagar volta de novo à sua vocação original: a de reinventar o conceito de Livraria, ao mesmo tempo que gera espaços de encontro e de acesso a todas as expressões artísticas e da palavra.

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