Há 40 anos a recolher vidro, há muito por fazer ainda em Portugal, diz a AIVE

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As metas de reciclagem propostas para 2025 e 2030 estão muito longe de serem alcançadas.

O sistema de recolha de embalagens de vidro em Portugal completou 40 anos em 2023. A indústria do vidro, através da AIVE (Associação dos Industriais de Vidro de Embalagem), iniciou um programa pioneiro de recolha em 1983, antes mesmo da legislação europeia. No entanto, as ambiciosas metas de reciclagem propostas para 2025 (70%) e 2030 (75%) parecem distantes, com a taxa de 2021 (55%) aquém do desejado.

Feito o balanço da recolha seletiva das embalagens em Portugal em 2023, os números continuam muito aquém do expectável. A recolha seletiva no ano passado apresentou resultados decepcionantes, principalmente no que diz respeito ao vidro. A quebra de 3% na taxa de recolha em 2023, menos 6.264 toneladas de vidro recicladas em comparação com 2022, é preocupante e evidencia a necessidade de medidas urgentes.

Sandra Santos, presidente da AIVE, sublinha a importância da recolha seletiva de embalagens de vidro para a sua reutilização na produção de novas embalagens. Afirma que “todas as embalagens de vidro colocadas no mercado podem ser recicladas, se forem recuperadas“. Mas para isso, diz Sandra Santos, “temos muito para melhorar, nomeadamente reforçar a recolha por parte dos prestadores de serviço municipais, com uma melhor adaptação à sazonalidade nas épocas de produção de resíduos mais elevadas; desenvolver soluções de recolha adaptadas ao canal Horeca e a locais de difícil acesso mas com alta concentração de vidro; incluir mais estabelecimentos HORECA na recolha porta-a-porta e naturalmente, criar um de serviço de apoio ao cliente, ainda inexistente“.

A presidente da AIVE, aponta Espanha como um caso de sucesso na reciclagem de vidro. Apesar de diferentes enquadramentos legislativos e da existência de uma única entidade gestora dedicada ao vidro em Espanha, Portugal pode aprender com a experiência espanhola. Sandra Santos reforça ainda que “é essencial um trabalho sistemático e planeado de acompanhamento no terreno, assim como uma articulação com os sistemas de Gestão de Resíduos e os Municípios“, destacando a importância de desenvolver medidas adicionais, entre as quais: concentração de recursos (financeiros, técnicos, humanos) num plano coordenado, de preferência plurianual; alinhamento dos parceiros do SIGRE num esforço comum, com a participação ativa da indústria vidreira e embaladores; criação de uma estrutura permanente e estável. Conclui reforçando a urgência de aplicar estas medidas, para que se possam alcançar resultados significativos em 2025.

A associação defende um esforço transversal e integrado, que envolva todos os atores da cadeia de valor do vidro, desde os consumidores até às entidades governamentais. Algumas das medidas propostas pela AIVE incluem a criação de mecanismos de monitorização e acompanhamento do desempenho do sistema, o reforço da abordagem de proximidade e o aumento da fiscalização e aplicação de penalizações por comportamentos de não separação. A AIVE destaca também a importância de iniciativas inovadoras como a Plataforma Vidro+, que visa criar um compromisso entre os diferentes agentes da cadeia de valor do vidro de embalagem. A plataforma irá desenvolver e implementar medidas para aumentar a taxa de reciclagem de vidro em Portugal, de acordo com as metas europeias.

A AIVE está ativamente a desenvolver e implementar projetos piloto para testar novas soluções para a reciclagem de vidro. Alguns exemplos incluem o Baldeamento Assistido, que facilita o depósito de grandes quantidades de embalagens em áreas de concentração de estabelecimentos HORECA, e o Bandeiras Verdes, que visa aumentar a recolha de vidro em zonas costeiras durante o período de verão.

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