Burlas com cartões de crédito. Há cada vez mais casos associados ao banco Wizink

Alegadamente, estará em causa a usurpação de dados. O número de lesados não para de aumentar.

Já por diversas vezes alertámos os nossos leitores para várias burlas que detetámos pela Internet fora, dando destaque através de artigos e respetivas partilhas nas redes sociais. Ora, mas e por mais avisos que se façam, as burlas continuam a acontecer. E sem que os lesados saibam.

Desta vez, debruçamo-nos sobre burlas com cartões de crédito, neste caso relacionadas com o banco espanhol Wizink, que tem deixado vários portugueses desesperados. O Investigação CM, segmento da CMTV, desta semana conta com vários testemunhos de lesados que garantem não ter utilizado o respetivo cartão de crédito, mas que, ainda assim, foram alvo de burla sem saberem nem como… nem porquê. Herdaram, até, dívidas em compras que nunca fizeram.

Há ainda casos de lesados que garantem nunca ter sido clientes da Wizink, mas que têm agora o seu nome na lista de devedores do Banco de Portugal.

A uma das lesadas, que reparou em transações efetuadas para compra de criptomoedas e smartphones, assim como pagamentos num site pornográfico, sem o seu conhecimento, um dos funcionários do Wizink disse que o banco não conseguia fazer o cancelamento de transações estivessem elas pendentes ou efetivas na conta, mesmo a mando do titular. No fundo, parece que se estava à espera que a burla fosse efetivamente consumada.

O mais caricato nesta situação em particular? A lesada entrou em contacto com os comerciantes, explicando a situação e anexando a queixa efetuada na Polícia Judiciária, que se disponibilizaram a devolver o dinheiro. Porém, essa devolução nunca chegou a acontecer porque, de acordo com essas entidades, a Wizink recusava sempre esse reembolso. “Tentámos iniciar um reembolso total. Infelizmente, a transação de reembolso foi recusada. Recomendamos que entre em contacto com o banco para verificar se há algum bloqueio no seu cartão e autenticar a transação de reembolso”, disse por escrito um dos comerciantes.

Por sua vez, a Wizink revelou não ter conhecimento de tentivas de devoluções dos montantes em causa, pedindo na mesma a esta pessoa para pagar o montante em dívida. Esta lesada terá sido burlada em praticamente 4.000€.

Ao Investigação CM, Carlos Cabreiro, Diretor da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime, disse que, “nesse caso em concreto, tem de haver uma atuação célere da entidade bancária. Demonstrada a ilegalidade da operação, e da não participação do seu cliente verdadeiro, tem toda a legitimidade e obrigação de evitar que essas transações se façam”.

Outra lesada, burlada a 3 de fevereiro, tem uma dívida de 6.200€ de um cartão que nunca chegou a usar. Aliás, esta cliente nem sequer sabe o código porque diz que o banco Wizink nunca forneceu esse mesmo código. Sem qualquer prova, a entidade espanhola limita-se a dizer que a cliente em questão tem de pagar a dívida por ter validado as transações.

Sabe-se, ainda, que mais de 100 pessoas já terão recorrido ao Presidente da República, tendo enviado um email a Marcelo Rebelo de Sousa para resolver a situação.

Porém, o caso mais flagrante é de outro lesado que, por sua vez, revelou ao programa que nem sequer sabia que era cliente deste banco. Por algum motivo, esta pessoa viu os seus dados pessoais serem utilizados para a abertura de uma conta na Wizink… mas sem o seu conhecimento.

Ao Investigação CM, o lesado diz que, numa chamada, um dos funcionários foi até mal educado quando este percebeu que a morada real do lesado não correspondia à morada utilizada na conta aberta em seu nome. Este “cliente” ficou a saber que tinha uma dívida de 4.600€ (3000€ de uma compra mais 1600€ de juros).

Esta situação põe a nu as fragilidades de um banco que, pelos vistos, entregou um cartão de crédito a alguém que se fez passar por outra pessoa, roubando os seus dados pessoais. A questão que se coloca é: como é que o Wizink validou esses mesmos documentos? E denunciado o erro, porque é que mantém uma dívida, cobrando os juros a alguém que não tem culpa de nada e que, agora, tem o seu nome sujo no Banco de Portugal? Poderá estar aqui em causa a usurpação de dados.

O mais ridículo nesta situação? O banco espanhol disse ao Investigação CM que não foi vítima de qualquer ciberataque e que não houve qualquer fuga de dados dos seus sistemas. O Wizink referiu ainda ter apresentado queixa no Ministério Público contra terceiros por suspeitas de phishing.

Já os funcionários acabam por contradizer estas informações. Sem que se tenham apresentado como jornalistas, os repórteres do Correio da Manhã conseguiram com que os colaboradores do Wizink confirmassem que, de facto, existem falhas de segurança.

Se quiserem ler mais testemunhos, podem sempre passar pela página dedicada no Portal da Queixa, onde existem centenas de queixas recentes.