Crítica – Gretel & Hansel

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A história que todos conhecemos esconde um segredo sinistro. Há muito tempo, numa distante terra de contos de fadas, Gretel (Sophia Lillis) conduz o irmão para um bosque escuro em busca de comida e trabalho, encontrando em vez disso o caminho para um mal aterrorizador.

Por mais surpreendente (e vergonhoso) que possa ser, não conhecia a história original em que o filme se baseia. Talvez apenas não me recordasse, pois assim que a história se desenrola, parece-me bastante familiar. De qualquer forma, não saber nada sobre um filme é a minha maneira favorita de me preparar para o mesmo. Estava moderadamente interessado nesta versão de Gretel & Hansel e genuinamente animado para ver Sophia Lillis como a atriz principal. Porém, sinto-me muito dividido.

É um filme muito cativante em termos de produção, mas falta uma narrativa emocionalmente convincente, especialmente no terceiro ato.

Em primeiro lugar, Sophia Lillis é excelente como Gretel. Gostei muito das prestações dela em It e It: Chapter Two, por isso sabia que tinha algo especial. Era uma questão de tempo até conseguir o papel certo no filme certo e Oz Perkins pode-lhe agradecer por carregar a maior parte da história aos seus ombros. Com uma performance bem equilibrada, Lillis incorpora lindamente a personalidade de Gretel, oferecendo uma boa gama de emoções, provando que tem um bom futuro em projetos de horror.

Gretel & Hansel

O amor de Gretel pelo seu irmão é demonstrado tanto por afeto como por interações frias, fazendo com que o seu relacionamento se sinta menos “conto de fadas” e mais realista. Sam Leakey é uma agradável surpresa como Hansel, ainda mais considerando que esta é a sua estreia como ator num filme de longa-metragem. Embora seja percetível que ainda está “verde”, não me incomodou de todo e chegou mesmo a entregar uma ou duas grandes linhas de diálogo. Alice Krige tem uma prestação clichê, mas estranhamente cativante ao interpretar a bruxa malvada.

No entanto, é através dos seus visuais belos e banda sonora original viciante (a lembrar os anos 80) que Gretel & Hansel me deixou investido até ao fim. A sua produção e cenografia criam um ambiente tão imersivo e a sua música (Robin Coudert) eleva basicamente todas as cenas.

A cinematografia de Galo Olivares apresenta um estilo incomum, mas que facilmente gera tensão e suspense. Tecnicamente trata-se mesmo de uma surpresa fantástica, não estava à espera de um filme de “alto nível” nestes aspetos.

Mas, no fim, tudo se resume aos dois componentes principais de todos os filmes: história e personagens. Apesar de Gretel ser bem desenvolvida, as outras personagens podiam ter recebido um pouco mais de cuidado. Todavia, o argumento é que acaba por ser o problema principal.

Começa com narração e exposição pesada, algo que retira bastante do tempo de execução e parece parcialmente desnecessário, já que algumas das informações são um pouco repetidas mais tarde. Também dá spoilers (vá, sugere fortemente) sobre os pontos de conexão ao mistério da segunda metade, transformando essa metade em algo muito previsível e, para ser completamente honesto, aborrecido.

Gretel & Hansel

O final também é underwhelming. Ao não conseguir fechar adequadamente a narrativa, o sentimento de desilusão é complicado de se evitar. É um daqueles filmes que dividirá críticos e audiências por todo o mundo. O primeiro grupo ainda se conseguirá cativar pelos aspetos técnicos até ao final. No entanto, o público quer simplesmente ser entretido e o ritmo propositadamente lento não vai ajudar, logo entendo se o público tiver uma reação adversa a esta adaptação.

Concluindo, Gretel & Hansel é um filme de horror bastante incomum. Possui caraterísticas técnicas dignas dos melhores filmes do mesmo género, mas o seu argumento carece de criatividade e qualidade geral. Uma narrativa previsível com ritmo lento é (quase?) nunca um bom atributo. No entanto, Sophia Lillis é uma excelente protagonista, oferecendo uma boa prestação.

A cinematografia de Galo Olivares é algo única, a produção e a cenografia tornam todo o ambiente muito imersivo, mas é a banda sonora viciante de Robin Coudert que rouba os holofotes. Oz Perkins mostra que tem habilidades enquanto realizador, mas uma segunda metade menos interessante com um terceiro ato dececionante não deixa este filme atingir o seu verdadeiro potencial.

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