Estudo confirma que erupções vulcânicas gigantes contribuíram para a extinção em massa dos dinossauros

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E assim se tem a certeza do papel do vulcanismo neste acontecimento.

Um novo estudo internacional, liderado pelo investigador Eric Font, da Universidade de Coimbra (UC), confirma a tese de que erupções vulcânicas gigantes contribuíram para a extinção em massa dos dinossauros.

A causa da extinção em massa de espécies terrestres e marinhas, incluindo os dinossauros, no período Cretácico-Paleogénico (K-Pg), há 66 milhões de anos, tem sido um tema muito debatido entre a comunidade científica internacional. Durante várias décadas prevaleceu a teoria de que foi o impacto de um meteorito (o Chicxulub) na Terra que provocou a extinção em massa dos dinossauros e de outras espécies. No entanto, “na mesma época (Cretácico-Paleogénico), houve erupções vulcânicas de dimensões gigantescas, na Província magmática (vulcânica) do Decão, na atual Índia, que poderiam ter contribuído também, ou até principalmente, para a extinção em massa”, conta Eric Font.

Contudo, a dificuldade “em conseguir datar com precisão as erupções que ocorreram no continente, através do registo paleontológico e da camada de irídio [elemento químico raro na Terra, mas abundante em meteoritos] essencialmente preservada em sedimentos marinhos, gerou algumas questões, nomeadamente: o vulcanismo começou antes (e pode ter contribuído para) ou depois (e não pode ter contribuído para) da extinção em massa? Este vulcanismo teve um impacto global? Qual foi o seu impacto no clima da Terra e na vida terrestre?”, explica o investigador e docente do Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

Em 2016, um estudo, também liderado pela equipa de Eric Font, demonstrou que o vulcanismo do Decão se iniciou antes do impacto do meteorito e permaneceu durante e após este impacto. A descoberta foi baseada em quantidades anómalas de mercúrio (Hg) registadas nos sedimentos marinhos de Bidart, cidade francesa, “onde estão preservados os sedimentos correspondentes ao período do Cretácico-Paleogénico. Este afloramento é conhecido mundialmente por ter preservado a famosa camada de irídio que foi depositada pelo meteorito (que supostamente matou os dinossauros)”.

“Na Terra, o mercúrio é um elemento produzido essencialmente por atividade antropogénica ou pelo vulcanismo. Porém, desde a publicação do nosso trabalho de 2016, houve um debate sobre a origem deste Hg, sendo que os meteoritos podem também conter quantidades significativas de Hg”, refere o investigador da FCTUC. Para esclarecer as dúvidas, a equipa de Eric Font voltou a estudar, ao longo dos últimos três anos, os sedimentos marinhos de Bidart, complementando a investigação de 2016 e usando novas técnicas (isótopos de Hg) que permitem identificar a fonte do mercúrio. Os resultados agora publicados na Geology demonstraram uma origem vulcânica para este Hg, através da sua emissão para a atmosfera e posterior deposição dos sedimentos.

Os resultados obtidos “confirmam que as erupções vulcânicas do Decão tiveram início antes de um meteorito ter colidido com a Terra, antes da morte dos dinossauros, e continuaram depois. Ou seja, o vulcanismo do Decão pode ter sido uma das principais causas para a extinção dos dinossauros”, assevera Eric Font.

O “supervulcão” do Decão “teve claramente um efeito global. Se o impacto de Chicxulub foi a gota de água que fez transbordar o copo ou foi um evento inconsequente que ocorreu durante uma extinção que já tinha sido provocada pelo vulcanismo, ainda está por esclarecer”, afirmam os cientistas no artigo científico.

Este estudo, que envolveu também cientistas da Alemanha, China e Suíça, acaba de ser publicado na prestigiada revista científica Geology e promete reacender o debate junto da comunidade científica.

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