Encontro com Vinhos – Novidades e clássicos para enófilos

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Um evento com casa cheia. E ainda bem.

Pouco tempo depois de outro grande evento que tivemos a oportunidade de visitar, foi a vez de irmos desta vez ao Centro de Congressos de Lisboa, na Junqueira, para o Encontro com Vinhos, certame organizado nos dias 6, 7 e 8 de novembro pela Revista de Vinhos, publicação decana sobra a área em Portugal.

Em dia de sol de outono e com casa cheia na nave restaurada daquela que, para os mais antigos, ainda se lembram foi a casa da FIL durante décadas – agora Centro de Congressos de Lisboa -, foi possível provar diversas novidades, regressar a alguns clássicos e, ainda, molhar o pé no mundo dos destilados. A abrir, e para não sair para longe de Lisboa, O Cerrado da Porta foi uma grande maneira de começar, projeto que faz algo que poucos fazem: comercializar Arinto com alguma idade. E que diferença faz. O Quinta do Cerrado da Porta Branco Seco 2016 (PVP na casa dos 9,40€), só com estágio em inox, é um grande negócio para os amantes da casta. Nem deveria ser possível vender 2020 à data de hoje quando um pouco de espera eleva desta forma o prazer da prova. Os monocastas Peripécia, com uma interessante blanc de noirs 2016 de Pinot Noir, ou o Chardonnay 2019, na mesma ordem de preços, são também opções a ter em consideração.

Na Romana Vini, também de Lisboa, o Página Encruzado 2020 (13€), feito com batonnage e 30% em barrica, é um ótimo exemplar da casta por estas terras. Perfil sério, sílex, mas sem perder completamente a fruta. Numa gama acima, o Quinta Nogueira Reserva 2017 (20€), Sauvignon Blanc, Arinto e Encruzado e nove meses de estágio. Cor dourada e fumo a atravessar a pimenta e manteiga do Sauvigon Blanc, mais destacado no Página dessa casta.

O Grupo Abegoria tem vindo a investir forte e apresenta projetos interessantes em várias latitudes. Desde o Alentejo mais a norte, mais altaneiro, com o Terras do Crato 2020 (5€), produzido na Herdade do Gamito, e que é um bom cartão de visita para aquilo que a zona de Portalegre, em grande desenvolvimento, por apresentar. Descendo para a zona das ânforas, José Piteira é nome incontornável. O José Piteira 2020 (8€), não é talha, mas é feito em curtimenta com base de Roupeiro e a rara Diagalves. É uma delícia delicada, mas cheia de característica e verniz.

Entretanto, e após simpático convite da organização, foi possível frequentar a Masterclass sobre espirituosas da Vinalda, onde era possível provar o Gin Sharish, o Rum William Hilton e a ginja Mariquinhas, marcas comercializadas por aquela casa. No que diz respeito ao Sharish, gin de estilo Destilled/New Western Dry, produzido com o máximo de produtos naturais do Alentejo, foi servido o Gin original, com notas de gengibre, citronela e maçã bravo de Esmolfe, e o Blue Magic, onde se encontra pronunciados os silvestres de morango e framboesa. Por último, e como estrela, a última edição limitada, de 9999 garrafas, com destaque para a pêra rocha, notas de baunilha e calor a realçar. Em todos os casos, uma adição de umas gotas de água foi fundamental para realçar os sabores mais delicados de fruta.

Já quanto ao rum William Hinton, foi especialmente interessante a distinção que foi explicada entre rum de melaço, feito com aquele sub-produto de açúcar e passível de ser produzido todo o ano, e o rum agrícola, apenas possível de ser produzido durantes poucos meses do ano, em abril/maio, durante a altura do corte da cana. Foi possível provar o rum natural, de tripla destilação; o 6 anos, envelhecido em carvalho francês; e a estrela da sessão. Este último é o único destilado português com grande medalha de ouro no concurso de Bruxelas, resultando de uma combinação única de rum de diferentes idades, submetido a um estágio final com duração de nove meses. Uma grande experiência e disponível a uma fracção do preço dos concorrentes internacionais do mesmo patamar de perfil. Fica ainda a nota, a título de curiosidade, de que, em termos de envelhecimento, os rótulos são apenas publicados de três em três anos.

Com o prolongar da hora tivemos de passar a ginja e voltar cá para fora. Rumamos finalmente a Norte, com o Titan do Douro, e em particular o Titan 2019 (10€), branco de lote só com inox (está na moda e ainda bem), é mais um ao nosso gosto. Austero sem largar a frescura, cítricos leves a dar o tom. Noutro perfil, o Titan of Távora-Varosa Daemon 2019 (20€), feito a altitudes de 600/700 metros apresenta uma cor mais carregada, fruta mais tropical sem deixar a finura, um belo tranquilo feito em sítio de espumantes.

Já nos Verdes, Sem Igual é rótulo e também bom descritivo para os vinhos que se fazem por João Camizão Rocha. O Sem Igual 2017 (13€), Arinto e Azal, traz um perfil mais vegetal associado à frescura dos citrinos, e mostra que nos Verdes há muitos vinhos aparentemente simples que também merecem que se espere um par de anos antes da sua abertura. Sem Igual Ramadas Metal 2017 (24€) é uma criação também de Arinto e Azal, mas aqui com uvas retiradas de vinhas com mais de 70 anos. Untusoso, cheio, com tudo no sítio. Grande vinho. Por último, e para variar, o Sem Igual Pét-Nat 2019 (18€). Baga e Touriga Nacional, sem degórgement.

Já na reta final, um nome grande dos vinhos: Luís Seabra, que em nome próprio estava a distribuir classe em copo. A destacar, o Granito Cru Dão 2019 (25€), Dão de Encruzado, Bical e Cerceal. Na altitude perto de Vila Nova de Tazém. Sal e erva fresca em vinho, mineral na verdadeira acepção da palavra. Granito Cru Alvarinho 2019 (20€), feito no berço de Monção e Melgaço, mais carregado no aspecto mas com sabor leve, quase de maçã de sidra.

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