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A adorada dramédia de Jane Austen sobre a procura da alma gémea para conseguirmos o nosso final feliz é reimaginada nesta nova adaptação ao cinema de Emma.. Bonita, inteligente e rica, Emma Woodhouse (Anya Taylor-Joy) é uma inquieta abelha rainha sem rivais na sua pequena e adormecida cidade. Nesta cintilante sátira das classes sociais e das dores de crescimento, ela tem de se aventurar por equívocos e erros românticos para encontrar o amor.

Emma. é a primeira longa-metragem realizada por Autumn de Wilde, bem como o primeiro argumento (para cinema) de Eleanor Catton. Nunca vi adaptações anteriores e filmes de época não são exatamente “a minha praia”, mas isso não significa que não consiga apreciá-los.

The Favourite e Little Women são os exemplos mais recentes de filmes do mesmo género que adoro. A razão principal pela qual senti necessidade de ver esta adaptação prende-se com o facto desta ser o primeiro papel de Anya Taylor-Joy como a única protagonista.

Acredito profundamente que se tornará numa das atrizes mais famosas da sua geração, ao lado de Florence Pugh, Chloë Grace Moretz, Hailee Steinfeld, Kaitlyn Dever, Saoirse Ronan, entre outras. A sua prestação neste filme é mais um argumento para validar a minha previsão. É fenomenal enquanto Emma!

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Levei algum tempo a acostumar-me à voz dela, visto que Anya aplica um tom muito mais alto do que o habitual. É muito comum vermos atores com sotaques diferentes, mas mudarem a sua voz como Anya faz, mesmo que seja uma simples modificação, mostra o quão comprometida estava com o seu papel.

Por mais clichê que possa soar, Anya carrega toda a história nos seus ombros. É o elo de ligação entre todas as linhas narrativas e as personagens. Sem ela, o filme não funciona, por isso, a sua performance tinha que ser praticamente perfeita. Anya demonstra o seu alcance e habilidade emocional, bem como um controlo perfeito do guião complexo e rico. A maioria dos diálogos possui frases longas com vocabulário sofisticado, algo que só os melhores atores conseguem lidar sem esforço.

Anya brilha, mas a sua personagem também. O arco de Emma é muito interessante. Para além de “bonita, inteligente e rica”, não respeita os pobres, manipula as decisões românticas de quem lhe é próximo e, por vezes, age de forma muito egoísta e arrogante. A sua transformação numa pessoa melhor é o arco mais cativante do argumento, mas também vai de encontro ao meu problema principal com o filme, no seu geral. Dez minutos dentro e já sabia tudo o que ia acontecer.

Tento sempre evitar pensar muito à frente. Mas quando se trata de relações entre personagens, é tudo tão previsível e óbvio que não consigo deixar de imaginar a história inteira. O mesmo “truque” de escrita é usado ao longo do tempo de execução para distorcer certas relações, tornando-se repetitivo e um pouco maçante. Nunca me senti realmente investido no filme até ao fim da primeira metade. O ritmo está bem equilibrado, mas quando nada é surpreendente, inovador ou criativo no que toca à narrativa geral, não há muito que me possa manter cativado.

O primeiro ato é um pouco confuso, com muitas personagens a ser introduzidas muito rápido. Honestamente, apenas descobri enquanto escrevia esta crítica que uma personagem secundária é familiar de uma das principais. História e personagens são os dois pilares de qualquer filme. Sempre escrevi isto. Se estes dois não funcionarem, então tudo irá desmoronar-se. Está longe de entrar em colapso, sendo até muito bem estruturado, mas é como se estes dois pilares fossem como milhares de outros. Não há nenhuma caraterística distinta que os torne únicos.

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Estranhamente, nunca me senti propriamente aborrecido. O elenco faz um bom trabalho ao manter o espetador entretido com tanta prestação notável. Bill Nighy (Mr. Woodhouse) e Miranda Hart (Miss Bates) são muito engraçados. O guarda-roupa é lindo (para além de importante), pois melhora a compreensão da história, identificando claramente quem é rico e pobre.

A produção artística e cenografia são fantásticas, a cinematografia é excelente (Christopher Blauvelt) e a banda sonora é agradável (Isobel Waller-Bridge e David Schweitzer). No entanto, por mais impecável que seja o trabalho técnico, o filme continua carente de um estilo de realização único, algo que é, de alguma forma, esperado, tendo em conta que é a primeira longa-metragem da realizadora Autumn de Wilde.

Resumindo, Emma. não chega ao nível dos últimos filmes de época, como The Favourite ou Little Women, mas é um bom começo para as estreantes Autumn de Wilde e Eleanor Catton.

Anya Taylor-Joy entrega uma prestação excecional ao interpretar uma Emma Woodhouse muito bem escrita, carregando o filme aos seus ombros até ao final, consolidando o seu lugar em Hollywood como uma das atrizes com mais potencial da sua geração. O resto do elenco também é excelente.

O guarda-roupa rouba o “espetáculo técnico”, mas o nível de produção é impressionante. No entanto, a narrativa carece de elementos surpreendentes, tornando a existência desta nova adaptação um pouco questionável. Qual a razão para se fazer outro filme se não há nada de único que o separe dos anteriores? É previsível desde o início, tem um primeiro ato confuso e é muito difícil o espetador sentir-se investido na história antes da primeira hora.

Se gostam de dramédias de época, recomendo. Caso contrário, os outros dois filmes mencionados acima são, provavelmente, uma escolha mais acertada…

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