Emio – The Smiling Man: Famicom Detetive Club

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Apesar de brilhar na narrativa, o grande mistério de Emio é a descoberta como avançar no seu caso sem nos frustrarmos com a sua jogabilidade.

Ainda me lembro do zunzum quando as remasterizações de Famicom Detective Club foram finalmente lançadas no ocidente em 2021. Apesar de não ter ido a estas versões, muito por culpa da exclusividade digital, achei fantástico terem ido repescar títulos de 1988 para a nossa Nintendo Switch, a consola perfeita para novelas gráficas. E eu sendo grande fã dos Ace Attorney, senti que perdi uns tesourinhos ao não ter espreitado esses clássicos…

Até que anunciaram este Emio – The Smiling Man numa campanha de marketing que deixou a Internet curiosa com o que vinha aí; se a Nintendo iria finalmente lançar um jogo maduro e de terror por conta própria ou se seria alguma colaboração fora da caixa. No final, não, era uma sequela à agora trilogia da tal séri Famicon Detective Club.

Em Emio, volta a caber à Agência de Detetives Utsugi resolver um crime macabro, cheio de reviravoltas e com um elenco de personagens caricatas e suspeitas. O mistério começa com um assassinato de uma estudante de 14 anos e acaba por partilhar semelhanças com outro de há 18 anos, quando três adolescentes foram brutalmente assassinadas por uma entidade conhecida como “O Homem Sorridente”. Tendo-se tornado uma lenda urbana, este Homem Sorridente é conhecido por deixar um saco de papel com uma cara sorridente na cabeça das vítimas, simples.

Pesquisando sobre as prequelas que não joguei, fiquei a par de algumas queixas, nomeadamente dos controlos e de como interagíamos com o jogo. Se na altura os colegas desculpavam como sendo mecânicas antigas, da Famicom, dei por mim a sentir essas mesmas queixas num jogo contemporâneo e livre de restrições tecnológicas do passado. Então, o que aconteceu? O que aconteceu para me sentir aborrecido a jogar, com uma premissa claramente interessante e macabra?

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Emio – The Smiling Man: Famicom Detetive Club

Se as prequelas eram descritas como loops intermináveis das secções de investigação de Ace Attorney, não sei se vou encontrar uma maneira melhor de descrever este jogo: avançamos entre mapas, examinamos os mesmos e falamos com indivíduos sobre o caso, com as informações anotadas num caderno (que podemos usar para refrescar a memória). Em teoria, a jogabilidade deveria ser simples, acessível quando temos uma ideia da direção do caso. Fazer a pergunta certa a alguém deveria abrir novos tópicos de conversa, com novas informações ou novos locais para visitar. No entanto, isso não acontece. Para avançarmos na história, temos de seguir um padrão invisível e restritivo, que se traduz em clicar aleatoriamente nas mesmas opções de diálogo e/ou funcionalidades até acertamos nesse padrão que o jogo decidiu ser o correto para avançarmos para a próxima cena.

Ainda assim, há detalhes porreiros, como permitir que a equipa se junte ao final do dia para rever o caso e consolidar todas as pistas e teorias reunidas. Mostra que para além do frio dos casos, existe um lado mais afável entre os membros da agência de detetives.

Se tolerarmos estas mecânicas, até conseguimos desfrutar do jogo porque é na narrativa que Emio brilha e não anda em pés de lã sobre os temas que aborda, mesmo no estilo animado da série. Ainda assim, sente-se uma certa estranheza que acho que vem da tradução. Perde-se sempre alguma coisa. Ou talvez faça tudo parte do plano para nos atrapalhar. E falando em tradução e/ou adaptação cultural, e aqueles estereótipos de as personagens femininas, mesmo as investigadoras, estarem sempre a ser resumidas à sua aparência?

No fim de contas, seria positivo que tivessem trabalhado mais nesta nova entrada da série. As bases estão lá, são sólidas, e a série tem pés para andar, mas caramba se não é frustrante querer abraçar o jogo quando se está (mal) habituado a outros jogos no género, mas bem mais acessíveis. Às vezes, quando revisitamos séries antigas para as apresentar a novos públicos, ou para as continuar, é necessário ler a sala e abraçar a inovação.

Recomendado - Echo Boomer

Cópia para análise cedida pela Nintendo Portugal.

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