Death Stranding, um dos maiores lançamentos para a PlayStation 4, chega ao mercado já esta semana. Produzido pela Kojima Productions, empresa liderada pelo lendário produtor japonês Hideo Kojima, Death Stranding é um jogo misterioso, difícil de definir, transcendente ao seu género e com mensagens fortes e provocantes.
Na nossa jornada para o lançamento do título, encontrámo-nos, a convite da PlayStation Portugal, com o protagonista do jogo, Sam Porter Bridges, interpretado na versão portuguesa por Pêpê Rapazote, que dá a voz à personagem inspirada no perfil e fisicalidade de Norman Reedus.
Durante a nossa conversa, tentámos perceber o que é, afinal, o Death Stranding, o que poderá significar e falámos também desta passagem do ator (reconhecido de produções como Bem-Vindos a Beirais, Pai à Força ou projetos internacionais como Narcos e Shameless) pelo mundo dos videojogos, que lhe abriu a curiosidade para explorar mais esta indústria do entretenimento.
“Depois de ter dobrado este jogo, com a história que isto traz e com o autor de quem vem (Hideo Kojima), há uma curiosidade muito superior a quaisquer outros jogos,” comenta Pêpê ao explicar o que Death Stranding tem de especial. “Acho os jogos do Kojima fascinantes, mas este foi o primeiro verdadeiramente dele, o primeiro da produtora dele, com a liberdade total para o fazer. A certa altura és Deus, epá ‘faz o que quiseres e apresenta-me porque será naturalmente um produto divino’, não é? E assim foi. Tudo isto conjugado com este tema, com as variantes e história que traz, pelos caminhos que nos leva e, acima de tudo, o princípio base que trouxe esta história, este Death Stranding, este religar-nos, reconectar-nos. É uma coisa que me tem dito muito e todos nós falamos disto hoje em dia.”
Com um projeto a ser desenvolvido envolto de mistérios, Pêpê partilha também como começou a sua aventura em Death Stranding, com um simples convite da PlayStation Portugal durante as gravações de Queen of the South, para a FOX. Pêpê conta que as gravações aconteceram nas suas viagens a Portugal, que ia gravando o jogo por partes e que tentava levar tudo na maior das calmas, apesar da grande história por contar.
Quando questionado se este longo processo faseado o permitia compreender o jogo, Pêpê descreve a experiência de dar voz a Sam com algum entusiasmo: “’O que é que eu estou aqui a fazer? Ah olha! Está ali um fio, olha ali uma ponta solta.’ E fazendo aqui a analogia às pontas soltas e aos fios, fui ligando as pontas todas e foi muito entusiasmante.”
Com todo o secretismo do título, o processo de dobragem foi feito com suporte visual. Graças a isso, Pêpê foi das primeiras pessoas a descobrir o sentido de Death Stranding. “Vi isto primeiro que muita gente e fui descobrindo o que acontece a estas personagens e o que elas significam metaforicamente. Quem está e quem não está. Acho que posso dizer… Death Stranding é a ligação, a reconexão espiritual entre todos nós e entre a existências noutros patamares, entre nós próprios.”
Naquela que considera ser uma experiência “extremamente cinematográfica”, Pêpê deu a voz a uma versão digital de Norman Reedus, da fama de The Walking Dead. Apesar de nunca ter conhecido o Sam original, Pêpê partilha connosco que, para entrar na personagem, teve também que entrar na mente de Norman, vendo entrevistas e vídeos de bastidores para anotar a sua forma de estar e fisicalidade. O ator português considera que foi uma escolha bastante interessante e que o que vemos no jogo é mesmo ele: “Posso dizer que esta forma de representar é mesmo muito o Norman Reedus. Ele tem várias entrevistas em que dizia que, quando era jovem, o chamavam muito porque era um tipo que fazia o ‘Rebel without a cause’ com muita facilidade, o jovem amargurado que chorava muito em determinadas situações.”
Para falar da prestação de Norman, Pêpê revela que Death Stranding é um jogo muito emocional e que, se fosse ele mesmo a atuar, teria feito com um pouco mais de emoção: “Depois de conhecer o trabalho do Norman Reedus, eu teria colocado aqui alguma coisa, porque há momentos do jogo tão próximos, tão fortes, (são) absolutamente avassaladores. É que há aqui outra coisa que ainda não referi que é a solidão avassaladora que este homem deve sentir. A personagem deste jogo, e essa é uma coisa que transporta para o jogador, que é a solidão de toda esta tarefa.”
E por falar em solidão, este é um dos aspetos mais interessantes de Death Stranding, na forma como aborda este sentimento, especialmente quando controlamos uma personagem que viaja entre zonas desoladas para conectar o pouco que existe do mundo. Pêpê olha para estes momentos como momentos de reflexão e introspeção, entre momentos caóticos e revelações bombásticas, e acredita que estes momentos vão ser importantíssimos para os jogadores: “Há momentos em que nós acordamos, em que estamos a dormir, em que estamos a meio de uma jornada como esta e temos momentos em que acabámos de passar por uma fase da história do jogo, com um peso muito grande e depois temos momentos de calma. Tenho a certeza que, nestes momentos de calma, em que temos menos ações para fazer, são os momentos ideais para isso, e tenho a certeza que foi desenhado assim, nesse sentido. Estes gritos que ele diz (a apontar para a TV), com estes ecos que eu acho maravilhoso, são coisas que nos trazem ainda mais solidão, e são esses os momentos de leitura do mundo que nos rodeia.”
Com um elenco original recheado de estrelas, que dão corpo e voz às personagens, perguntámos também a Pêpê se estaria nos seus planos trabalhar de forma mais física numa produção destas e o que é que ele acha deste novo meio interativo. “Com certeza, mas preferia o facto de o poder fazer contracenando com outro humano. Pegando inclusive nesta história. Porque se torna mais fácil. Há situações em filmes onde sabemos que há a manipulação, pós-produção, efeitos especiais, com a adição de criaturas e animais, e, por vezes, estamos a falar com um dragão que acabou de passar e… quer dizer, é de uma dificuldade extrema,“ comenta Pêpê, preparado para os desafios destes trabalhos, ao mesmo tempo que considera serem tão confortáveis como fazer, por exemplo, uma peça de teatro. “Há, apesar de tudo, uma zona de conforto, que é estarmos protegidos numa espécie de palco sem tábuas, mas todo em chroma, com sensores, num ambiente extremamente controlado e de concentração máxima. Isso é uma coisa boa, sem distrações. Isso pode compensar o irrealismo e a abstração de uma série de coisas. Isto é como estar num palco. Porque quando estamos num palco de teatro, as luzes estão sobre nós, não temos perceção da massa da plateia, porque está às escuras, portanto o nosso pequeno universo são as tábuas que estão à nossa volta.“
Ao aproximar-se o fim da nossa conversa, voltámos a falar do jogo, nomeadamente para perguntar qual foi a parte favorita da história de Death Stranding para Pêpê Rapazote. Infelizmente esta parte não pode ainda ser revelada, mas os jogadores vão poder descobrir em breve, quando Death Stranding chegar à PlayStation 4, já no dia 8 de novembro.
Para ficarem a saber mais sobre este jogo, visitem aqui a nossa análise a Death Stranding.