Crítica – Wolfwalkers

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Wolfwalkers é, sem dúvida, um dos melhores filmes do ano e perfeito para se ver em família, numa noite natalícia aconchegante e quentinha.

Sinopse: “Uma jovem aprendiz de caçadora viaja para a Irlanda com o seu pai para ajudar a acabar com a última alcateia. Mas tudo muda quando cria uma amizade com uma rapariga independente de uma tribo misteriosa, cujos rumores dizem que se tornam em lobos à noite.”

Sempre fui um grande fã de animação. Se existe um comentário que desprezo profundamente é o “filmes de animação são para crianças”. Este preconceito é extremamente antiquado e, honestamente, bastante infantil. Acho que já nem funciona dentro de uma brincadeira adolescente, visto que os animes continuam a crescer exponencialmente um pouco por todo o mundo e os filmes de animação estão a atingir mais e mais pessoas com o passar do tempo. A tal boca de bully “vês desenhos animados, és um bebé” para fazer amigos rirem-se e gozarem com alguém já tem décadas.

No entanto, ainda sinto um pouco de pena de pessoas que acreditam que a animação não consegue ter o mesmo impacto emocional que o live-action, especialmente quando estúdios gigantes, como é o caso da Pixar, são conhecidos por fazerem o mais adulto dos adultos chorar que nem uma criança.

Além disso, alguns espetadores pensam que a Pixar (propriedade da Disney) é a única empresa que faz filmes de animação decentes quando até têm vindo a perder terreno para outras pessoas incrivelmente talentosas. Um dos meus filmes de animação favoritos é Kubo and the Two Strings, um trabalho de animação stop-motion da Laika, o estúdio que também criou Missing Link e Coraline. Já a Cartoon Saloon está a emergir como um estúdio candidato a prémios, lançando filmes como Song of the Sea, The Breadwinner e, agora, Wolfwalkers. A principal diferença entre esta última empresa e as outras é o estilo de animação: a animação 2D “antiga” com a qual crianças dos anos 90 cresceram, tal como eu.

Wolfwalkers

É precisamente aqui que começo este artigo. A animação 2D de Wolfwalkers prova, mais uma vez, que este estilo nunca será “ultrapassado” ou “inferior” ao design 3D atual. Não se deixem enganar, adoro os dois estilos! Não faço parte, de todo, do discurso 2D vs 3D, simplesmente porque acredito firmemente que ambos têm os seus próprios benefícios e limitações.

A animação 2D traz uma sensação única e artística para qualquer história devido ao desenho distinto de muitos artistas talentosos, mas é mais limitado do que o 3D quando se trata de criar uma atmosfera imersiva e o seu mundo respetivo. Contudo, este último está a ficar estagnado na sua estrutura de desenho, visto que quase todos os filmes de animação 3D parecem visualmente idênticos.

Logo, não há bom ou mau, certo ou errado, melhor ou pior quando se trata de animação. Consigo enumerar dezenas de exemplos de filmes excecionais, deslumbrantes e soberbos de ambos os estilos, bem como outros horríveis e corporativos que tento ao máximo esquecer (sim, estou a falar do The Emoji Movie).

Felizmente, Wolfwalkers pertence ao primeiro grupo. Tomm Moore e Ross Stewart realizam um conto emocionalmente poderoso com uma execução perfeita de todos os aspetos. O argumento de Will Collins não é particularmente novo ou inovador. Segue uma história algo genérica e previsível com pontos-chave do enredo que qualquer espetador com experiência mínima de visualização conseguirá antecipar 20 minutos dentro.

No entanto, é uma fórmula que, se executada corretamente, entrega uma narrativa rica, apaixonada e cativante, que irá sempre agradar tanto a crianças como adultos. Apenas pela premissa, é bastante claro que a mensagem do filme é inspirada em clichês como “não julguem pessoas pela sua capa” ou “os nossos desejos podem roubar as necessidades de outros” e até aborda a discriminação racial, já que o filme lida com duas populações diferentes.

Wolfwalkers

Obviamente, tendo em mente que uma destas “sociedades” é um grupo de lobos, existem também mensagens destinadas ao combate da deflorestação e caça excessiva de animais, levando milhares de espécies à sua eventual extinção. Todos estes temas são tratados brilhantemente, sem nunca parecerem forçados ou sequer explícitos na narrativa.

Não importa o quão pouco surpreendente a história acaba por ser quando me sinto tão absorvido pelas personagens e pela animação como me senti. Honor Kneafsey e Eva Whittaker, como Robyn Goodfellowe e Mebh Óg MacTíre, respetivamente, exibem um trabalho de voz fenomenal, que é elevado pela animação deslumbrante, expressiva e, definitivamente, digna de prémios. Sean Bean também é fantástico como Bill Goodfellowe, pai de Robyn, que basicamente possui o arco de personagem que passa pela mudança significativa de reconhecimento, compreensão e aceitação de uma cultura totalmente diferente e o seu povo (neste caso, animais).

Todas as personagens são muito bem escritas, assim como os diálogos, tudo envolvido e inspirado por uma atmosfera, mitos e, obviamente, música celta. Bruno Coulais e o grupo folk Kíla desenvolveram a banda sonora original do filme e é, sem dúvida, uma das minhas favoritas de 2020, incluíndo uma das minhas músicas originais favoritas (“Running with the Wolves”) numa das minhas sequências musicais favoritas do ano. “Favorito” é, definitivamente, a descrição certa numa palavra de como me sinto em relação a Wolfwalkers.

É um daqueles filmes aos quais não consigo apontar uma única falha. Elogios tremendos aos artistas que desenharam um mundo 2D fantástico. O seu trabalho é muitas vezes desvalorizado e subestimado (para além de ser mal pago), por isso, quero oferecer ao Cartoon Saloon o meu maior obrigado e que continuem a fazer excelente cinema.

Não tenho dúvidas: Wolfwalkers é, de longe, e até agora, a melhor longa-metragem de animação do ano. Sei que a grande arma da Pixar encontra-se ao virar da esquina (Soul), mas terá que ser um filme absolutamente perfeito para superar este conto Celta lindo e comovente de Tomm Moore e Ross Stewart.

Wolfwalkers

A Cartoon Saloon continua a provar que a animação 2D ainda é capaz de entregar histórias emocionalmente convincentes através de desenhos artísticos belos, únicos e artísticos. Apesar da narrativa genérica de Will Collins e das mensagens clichês, todos os detalhes são executados na perfeição, sem uma única falha a apontar. Excelente trabalho de voz de Honor Kneafsey e Eva Whittaker enquanto protagonistas, muito bem desenvolvidas e tremendamente cativantes. No entanto, é a banda sonora original de Bruno Coulais e do grupo Kíla que derrete o coração e provoca arrepios sempre que a volto a ouvir.

Um dos meus filmes favoritos do ano, ficaria extremamente surpreendido se não acabasse no meu Top 10. Vejam com a família. Vale bem a pena.

Wolfwalkers estreia a 11 de dezembro no Apple TV+.

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