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Saturday Night captura com êxito a energia frenética e a magia improvisada dos bastidores de Saturday Night Live, transportando-nos para o meio do caos organizado de uma transmissão ao vivo.

Apesar de ter nascido e vivido grande parte da minha vida do outro lado do Atlântico, sempre fui fã do programa Saturday Night Live. Ser transmitido em direto e permitir não só improvisação constante, mas também imensos momentos memoráveis de atores a quebrarem as suas personagens, são elementos televisivos extremamente atrativos, tal como o próprio formato – coleção de sketches distintos com atuações musicais. Logo, uma obra baseada no episódio piloto – mais concretamente nos 90 minutos antes da transmissão – naturalmente conquistou a minha atenção.

Saturday Night é o título do filme e também do programa original devido a conflitos com outra espetáculo noturno, Saturday Night Live with Howard Cosell. Após o cancelamento deste último, o programa agarrou o título pelo qual é conhecido até hoje, tornando-se um fenómeno cultural que, apesar do seu maior impacto no país de origem, ultrapassou barreiras e chegou a todo o lado. Naturalmente, a história sobre as origens de um programa sem guião, ou plano exato de como cada secção seria executada contendo humor, caos e magia de uma revolução televisiva que quase não aconteceu…

Felizmente, o cineasta Jason Reitman (Ghostbusters: Afterlife) juntou-se com o seu argumentista habitual, Gil Kenan, conseguindo transportar para o grande ecrã a essência de Saturday Night Live, mostrando os bastidores confusos e nervosos, mas também repletos de energia positiva, humor genuíno e uma química palpável entre todos os atores, mesmo quando uns andam à lambada. Saturday Night é, acima de tudo, um retrato dos sacrifícios inacreditáveis, coragem tremenda e esforço coletivo necessários para combater a dúvida geral, o pânico constante e os imprevistos de última hora que tão perto estiveram de cancelar um dos programas mais culturalmente impactantes da história da televisão ao vivo.

Pessoalmente, considero que Saturday Night se destaca mais tecnicamente e creio que, até certo ponto, um dos objetivos principais da narrativa passa precisamente por valorizar o trabalho de todos os elementos e departamentos que se envolvem num projeto televisivo deste género. A cinematografia de Eric Steelberg, a montagem de Nathan Orloff e Shane Reid – estes três são colaboradores frequentes de Reitman e Kenan – e a banda sonora de Jon Batiste (Soul) são pilares vitais que transformam o caos dos bastidores num filme altamente cativante, energético, tenso e imprevisível, principalmente para espetadores sem conhecimento sobre a história real.

O trabalho de câmara chega a ser fascinante devido a sequencias longas e ininterruptos através de inúmeros corredores, salas técnicas e camarins, tudo em sincronia com movimentos de sets, atores e afins, transmitindo a sensação clara de que todas as pessoas presentes no estúdio estão encarregues de fazer algum trabalho relevante. A montagem rápida e eficiente cria um ritmo frenético que dura até ao fim da obra, com pouco espaço para respirar e acompanhada de uma música de fundo infundida com êxtase puro. A tensão crescente de Saturday Night é tão poderosa que foi difícil parar a perna de tanto abanar.

O elenco é, expectavelmente, vasto e diverso, mas mesmo assim, existem destaques merecedores de menção. Na categoria de comédia, Dylan O’Brien (The Maze Runner), Matt Wood (Sunset Park), Tommy Dewey (Your Monster), Cory Might Smith (May December) e Andrew Barth Feldman (No Hard Feelings) partilham dezenas de momentos verdadeiramente hilariantes em demonstrações fantásticas de timing cómico, fisicalidade e expressividade irrepreensíveis – nota também para uma cena de Kim Matula (The Bold and the Beautiful) que me deixou de lágrima no canto do olho de tanto rir.

Na componente mais dramática, os supostos protagonistas são igualmente eficazes em mover a história para a frente, literalmente movendo-se de cena em cena quase em tempo real. Gabriel LaBelle (The Fabelmans) e Rachel Sennott (Shiva Baby) não recebem grandes oportunidades para desenvolver as suas personagens mais do que o superficial, problema menor geral de Saturday Night que, sem dúvidas, escolhe focar-se exclusivamente em contar a história insana de como a primeira noite do programa respetivo decorreu e os sketches que marcaram a mesma. Dito isto, todos os atores têm direito ao seu momento debaixo dos holofotes, incluindo J. K. Simmons (Whiplash) como Milton Berle numa dança de abertura do seu programa que ninguém se irá esquecer tão cedo.

VEREDITO

Saturday Night captura com êxito a energia frenética e a magia improvisada dos bastidores de Saturday Night Live, transportando-nos para o centro do caos organizado de uma transmissão ao vivo. Através de um trabalho de câmara envolvente e uma montagem de ritmo alucinante, Jason Reitman e a sua equipa recriam o nervosismo palpável e o sentido de humor único que moldaram um programa icónico. Uma celebração dos talentos que se uniram para criar um dos fenómenos mais duradouros e influentes da história da televisão. É um tributo irresistível a todos aqueles que ousaram sonhar grande, mesmo quando o sucesso parecia improvável.

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