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Um thriller de ação inovador com Will Smith no papel de Henry Brogan, um assassino de elite, que se torna no alvo de perseguição de um jovem e misterioso agente secreto que parece ser capaz de prever todos os seus movimentos. Esta crítica a Projeto Gemini é baseada na sessão 3D+ HFR@60FPS.

Normalmente deixo os aspetos técnicos para o fim das minhas críticas, visto que a história, as personagens, e o elemento fundamental de cada género (ação em filmes de ação, comédia em comédias, etc) são muito mais importantes.

No entanto, tendo em conta toda a campanha de marketing sobre as “inovações impressionantes” de Projeto Gemini, prefiro abordá-las agora. Mesmo depois de uma boa noite de sono, continuo a sentir que a minha experiência em high frame rate (HFR) foi um bocado … estranha.

No caso de precisarem de alguma explicação, HFR acrescenta muito mais detalhe à imagem, uma vez que captura mais frames por segundo, tornando, assim, a imagem mais suave (smooth), algo que pode ser extremamente distrativo. Desativo sempre a opção de motion smoothing na minha TV, pois odeio a sensação de saber que “algo não está certo”.

Projeto Gemini Crítica Echo Boomer

Não tem a haver com a velocidade, o que é algo que as pessoas irão erradamentar afirmar sobre este filme. A ação não é mais rápida, não cometam o erro de dizer isto. Uma vez que há 2.5 vezes mais detalhe (24 FPS é o standard), os movimentos tornam-se mais fáceis de seguir, logo há a ilusão de assistir a algo mais rápido do que o normal.

A verdade é que apenas parece. Quando as personagens estão apenas a conversar e não há nenhuma ação envolvida, funciona porque a imagem simplesmente parece ter melhor qualidade. No entanto, as sequências de ação tanto parecem incríveis como bastante más. Algumas partes parecem fantásticas, mas é evidente que esta tecnologia precisa de mais alguns anos de experiência para alcançar o seu tão desejado potencial.

Cenas com perseguições de carro/mota, fugas a pé, ou tiroteios são incrivelmente filmadas, mas qualquer combate frente-a-frente é frustrantemente esquisito. Além disso, Ang Lee aplica um uso excessivo de CGI em muitos desses momentos, o que faz algumas lutas parecerem verdadeiramente absurdas. HFR não é o único atributo técnico que as pessoas vão discutir. A tal versão jovem de Will Smith… Honestamente, não funcionou para min.

As mesmas pessoas que reclamaram sobre Rei Leão (2019) não ser capaz de mostrar emoções através dos animais vão certamente odiar esta tentativa de replicar um Will Smith mais novo (caso contrário, então Joker estava certo, a sociedade é realmente extremamente hipócrita).

Tal como as sequências de ação com HFR: umas vezes funciona, outras nem por isso. Há algumas cenas genuinamente impressionantes com planos médios do jovem Will Smith e ele parece 99.9% real. Nestas imagens específicas, é impossível perceber a diferença entre o clone e uma versão real. No entanto, ainda não é possível entregar esse realismo durante todo o tempo de execução.

Projeto Gemini Crítica Echo Boomer

Em primeiro lugar, o jovem Henry raramente mostra qualquer tipo de emoção (exceto um momento brilhante em que este chora), algo que é feito de propósito para facilitar o trabalho da equipa de efeitos visuais. Mas mesmo com o seu rosto completamente parado e vazio de emoções, os olhos continuam a assemelhar-se aos de um boneco. As sobrancelhas movem-se de forma estranha e a testa também está muito esquisita.

No final, tudo se resume ao fazer o espetador esquecer que é uma personagem digital, o que quase nunca acontece. Sempre senti como se estivesse a ver uma mistura de CGI, motion-capture e qualquer outra tecnologia que tenham usado para tentar entregar algo único.

Daqui a uns anos, se Projeto Gemini receber um remake ou outro filme tentar fazer algo semelhante, acredito que será quase perfeito. Neste momento, é mais uma perturbação do que uma novidade. Coloquem isto em conjunto com o HFR mediano e recebemos um filme visualmente incrível mas que, no fundo, é uma distração.

E se pensaram que a história salva tudo… É muito má. Genérica, previsível e carregada de exposição que quase chega a ser ofensiva. Teria que rever as minhas críticas, mas este é, definitivamente, um dos argumentos com mais exposição do ano.

Perdi a conta ao número de vezes que uma personagem começa a falar sem parar com o propósito de explicar algo evidente a outra personagem. O pior que um argumento pode fazer é tratar os espetadores como se fossem crianças de 5 anos. Todo o enredo baseia-se em pessoas a perguntar a alguém o que aconteceu, o que está a acontecer e o que vem a seguir. Já sabemos pelo trailer e pela sinopse que Will Smith está a ser “caçado” por uma versão mais nova de si mesmo, um clone.

Projeto Gemini Crítica Echo Boomer

Tentem imaginar quantas maneiras diferentes podem dizer a alguém que há um indivíduo exatamente como essa pessoa. Agora, insiram preguiçosamente todas essas frases no guião de uma personagem e deixem a mesma dizê-las todas numa única cena. Perdoem-me, mas é ridiculamente mau. Não há surpresas!

Termina abruptamente, ignorando totalmente o único ponto de enredo interessante (ainda que fosse muito previsível), ao não desenvolvê-lo mais do que uma sequência. Se não fosse o elenco genuinamente fantástico (Will Smith é sempre impecável, Mary Elizabeth Winstead e Benedict Wong entregam performances excelentes), Projeto Gemini seria facilmente um dos piores filmes do ano.

Deixo um último comentário à banda sonora de Lorne Balfe, que é, de longe, o único aspecto técnico digno de apenas elogios.

Concluindo, a tentativa de Ang Lee em entregar um filme inovador não atingiu o seu objetivo. Honestamente, ainda está longe disso. O formato em HFR@60FPS e a versão jovem de Will Smith são ocasionalmente de fazer cair o queixo de tão impressionantes que são, mas ambos os aspetos técnicos precisam de anos de melhoria para serem capazes de funcionar na perfeição.

Para já, apenas servem como uma distração frustrante. No entanto, o maior problema de Projeto Gemini é o seu argumento guiado por exposição que, além de tratar o público como pessoas pouco inteligentes, não traz qualquer tipo de surpresa ou novidade. Tão genérico e previsível como podia ser.

O elenco inacreditavelmente talentoso, a banda sonora espetacular de Lorne Balfe e algumas sequências de ação notáveis salvam esta demonstração tecnológica de um falhanço total.

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